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Estado de Minas CINEMA

'A cr�nica francesa' � mais do mesmo de Wes Anderson. Ainda bem!

Mais divers�o, mais eleg�ncia, mais inven��o maravilhosa e exc�ntrica, mais originalidade � o que se v� no novo t�tulo do diretor, em cartaz em BH


02/12/2021 04:00 - atualizado 02/12/2021 07:37

Ator e atriz de A crônica francesa de costas um para o outro, apoiados em objeto na rua, em Paris
'A cr�nica francesa', novo t�tulo do diretor norte-americano, discute o papel da arte sob tr�s �ngulos diferentes. Filme competiu pela Palma de Ouro e est� em cartaz no Cine UNA Belas Artes (foto: Searchlight Pictures/Divulga��o)
No "aplaus�metro" do Festival de Cannes deste ano, medido pela revista “Empire”, “A cr�nica francesa” ficou em segundo, ap�s o anime “Belle”. Na recente Mostra de S�o Paulo, o longa foi um dos que tiveram sess�es presenciais lotadas. Est� agora em cartaz no circuito comercial brasileiro (em BH � exibido no Cine UNA Belas Artes), mas agora a cr�tica tem sido dura. O diretor Wes Anderson teria esgotado sua chama criativa, � for�a de repeti��o. O novo filme seria uma repeti��o fria dele mesmo. Teria, seria – � mesmo?

Muitos cr�ticos j� destacaram que os personagens exc�ntricos do autor poderiam estar em filmes do mestre franc�s Jacques Tati, um g�nio da pantomima. Talvez por ter ambientado a hist�ria na Fran�a, Anderson permitiu-se emular o criador de M. Hulot. 

Numa cena bel�ssima, ele mostra o despertar na cidadezinha chamada Ennui-sur-Blas�, que se traduz como T�dio sobre Apatia. Um espa�o comunit�rio, uma pra�a. Abre-se uma janela, algu�m sai por uma porta. De repente, � um vaiv�m cont�nuo, gente para l� e para c�. A cidade vive. A ess�ncia de Tati - M. Hulot sempre foi o indiv�duo confrontado com a multid�o. 

ASTROS

“A cr�nica francesa” tem talvez o maior elenco de astros e estrelas do ano. Um destaque obrigat�rio vai para L�a Seydoux. O ano est� sendo glorioso para ela, presente no novo filme de Bruno Dumont (“France”) e no �ltimo James Bond estrelado por Daniel Craig (“007 – Sem tempo para morrer”). 

O nu frontal de L�a, posando para o artista, j� entrou para a hist�ria. O detalhe � importante,  porque o nu est� longe de ser gratuito. O tema da arte � central no novo Wes Anderson. Arte e pol�tica, a arte de ser – e estar – no mundo. 

O filme � sobre o suplemento – editado na Fran�a – de um jornal dos EUA. O editor-chefe est� morrendo – na Am�rica. Essa � a hist�ria.

O jornal pode morrer com Bill Murray. Antes de partir, ele est� preocupado com custos. A imprensa - o suplemento – t�m futuro? Interessante forma de refletir sobre um tema atual – a imprensa na era das redes sociais. Exposta a situa��o, o filme gira em torno de tr�s hist�rias que discutem o papel da arte no mundo.

Essa reflex�o � particularmente interessante no Brasil, onde o atual governo mant�m uma cruzada contra a cultura. A arte como neg�cio, como express�o pol�tica e como autodestrui��o. S�o tr�s hist�rias. 

Voc� j� leu, e nesse texto, que alguns acham que Anderson est� a repetir-se. Mais do mesmo. Mais divers�o, mais eleg�ncia, mais inven��o maravilhosa e exc�ntrica, mais originalidade. Porque, no limite, a f�bula � original. Mais do que o tributo de Anderson � imprensa, � o tributo dele � revista “The New Yorker”, com seu jornalismo liter�rio.

PERSONAGENS 

Muitos personagens s�o reais – devidamente ficcionalizados por Anderson em seu peculiar estilo. O jornalista Herbsaint Sazerac/Owen Wilson � inspirado em Joseph Mitchell, o comerciante de arte Julien Cadazio/Adrien Brody no lend�rio Lord Duveen. Tilda Swinton conta a hist�ria do artista preso, Frances McDormand evoca o Maio de 68. 

As hist�rias fluem na tela criando aquele tecido que faz do cinema de Anderson algo t�o especial. Talvez n�o seja “O Grande Hotel Budapeste”, nem “O fant�stico Sr. Raposo”, mas o encantamento segue intacto. A magia do cinema do autor est� na sua metalinguagem. O prazer de contar  e contar segundo t�cnicas e estilos diversos, de tal forma que, mais do que repetir-se, ele permanece fiel a si mesmo.

Os nove minutos de aplauso em Cannes n�o representam pouco. S� como curiosidade, “Empire” lembra o campe�o de aplausos em toda a hist�ria do festival – “O labirinto do fauno”, de Guillermo Del Toro, 22 minutos. Tamb�m vale lembrar que Antonioni foi vaiado por “A aventura”, em 1960, e Maurice Pialat recebeu sua Palma debaixo de apupos por “Sob o sol de sat�”, em 1987, mas essa, como diria Billy Wilder, � outra hist�ria.


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