(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES C�NICAS

Conhe�a Benjamim de Oliveira, o mineiro que revolucionou o circo no Brasil

Primeiro palha�o negro do pa�s, o filho de escrava nascido em Par� de Minas era empreendedor, levou o teatro ao picadeiro e apostou em produ��es grandiosas


05/12/2021 04:00 - atualizado 05/12/2021 07:55

Com o rosto pintado, Benjamim Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, sorri e veste fantasia cheia de babados
Benjamim de Oliveira, um dos principais artistas do pa�s, � tema da primeira ocupa��o do Ita� Cultural dedicada ao circo (foto: Acervo de fam�lia)


Palha�o, ginasta, acrobata, m�sico, cantor, dan�arino, compositor, autor de pe�as teatrais e diretor. Benjamim de Oliveira (1870-1954) � um personagem dif�cil de captar em apenas uma defini��o. Nascido em Par� de Minas, filho de mulher escravizada, ele tinha 12 anos quando fugiu com um circo itinerante que visitava o interior mineiro.

Nessa trupe, Benjamim foi de tudo um pouco at� se tornar palha�o. Inquieto, n�o se limitou a fazer gra�a. Apaixonado pela arte circense, o mineiro se tornou um dos homens mais importantes para o desenvolvimento e a moderniza��o do circo no Brasil.

APAGAMENTO 

Ainda assim, a hist�ria e o legado do artista s�o pouco conhecidos. A “Ocupa��o Benjamim de Oliveira” se prop�e a reverter esse apagamento. Rec�m-inaugurada no pr�dio do Ita� Cultural, em S�o Paulo, a mostra se dedica exclusivamente � vida, obra e carreira do mineiro, revelando o “empreendedor circense” que nunca deixou de acreditar em seu of�cio

A exposi��o, instalada no t�rreo do pr�dio, re�ne cerca de 120 pe�as, entre fotografias, v�deos, objetos circenses originais, livros, documentos e fonogramas que ajudam a remontar a trajet�ria do artista.

“O projeto 'Ocupa��o' tem o compromisso de fazer homenagem a artistas brasileiros que deixaram um legado muito importante para a cultura do pa�s”, explica Carlos Gomes, coordenador do N�cleo de Artes C�nicas do Ita� Cultural.

“Temos v�rios artistas que precisam dessa homenagem, porque s�o far�is que nos iluminam e nos inspiram. Finalmente chegou o momento para a gente tra�ar esta homenagem ao Benjamim de Oliveira”, afirma Gomes.
 
Retrato mostra Benjamim de Oliveira, com os cabelos brancos, usando terno e gravata,
Gestor cultural, o pioneiro Benjamim de Oliveira � v�tima do apagamento imposto aos negros ao longo da hist�ria do Brasil (foto: Acervo de fam�lia)
 

� a primeira vez que o Ita� Cultural realiza uma exposi��o que aborda o universo circense. Como a pr�pria atua��o de Benjamim era bastante abrangente, a mostra se estende por v�rias �reas do universo das artes, destacando a parceria de Benjamim com artistas c�lebres como o cantor e violinista M�rio Pinheiro (1883-1923), o palha�o, poeta e cantor Eduardo das Neves (1874-1919) e a compositora, instrumentista e maestrina Chiquinha Gonzaga (1847-1935).

“O trabalho dele vai muito al�m das artes circenses. Ator, compositor e gestor, Benjamim est� numa rede de realiza��o muito importante para o in�cio do s�culo passado. Nada mais justo do que olhar para essa hist�ria com o cuidado que ela merece”, analisa Gomes.

A “Ocupa��o Benjamim de Oliveira” tem car�ter participativo. “Convidamos o p�blico a estabelecer uma rela��o um pouco diferente de outras exposi��es que j� fizemos”, diz o coordenador do N�cleo de Artes C�nicas do Ita� Cultural.

Uma dessas particularidades � o picadeiro onde est�o expostas as principais passagens da vida de Benjamim de Oliveira. Nele, as pessoas podem se sentar para imergir na hist�ria do artista.

“A gente tamb�m pensou na mostra com foco em acessibilidade. Temos foto e maquete t�til, por exemplo. V�deos trazem legendas e tamb�m disponibilizamos videoguias para quem quiser acompanhar a exposi��o dessa maneira. O espa�o todo � pensado para que o visitante tenha, de fato, outra rela��o com tudo o que est� exposto ali”, explica Carlos Gomes.
 
Várias fotografias sobre a trajetória de Benjamim de Oliveira expostas no primeiro andar do Itaú Cultural, em São Paulo
Ocupa��o Benjamim Oliveira re�ne fotografias que contam a hist�ria do artista empreendedor e ousado (foto: Andr� Seiti/divulga��o )

Ele destaca os instrumentos musicais e a �rvore geneal�gica montada para ajudar a compreender o hist�rico familiar do homenageado. Um espa�o imita a plateia, e l� est�o sentadas as personalidades com quem Benjamim conviveu.

A curadoria � assinada pelos n�cleos de Artes C�nicas e do Observat�rio do Ita� Cultural em parceria com a professora Erm�nia Silva, autora do livro “Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil”, lan�ado originalmente pela editora Atlanta, em 2007.

Devido � mostra, nova vers�o da obra ser� relan�ada, em fevereiro de 2022, pelo Ita� Cultural e editora Martins Fontes.
 
 

A mostra destaca a import�ncia do artista Benjamim de Oliveira para o Brasil. Al�m de palha�o, ele fortaleceu a introdu��o da linguagem teatral nos picadeiros ao escrever o espet�culo “O diabo e o Chico”, que estreou em 1904. A partir da�, a programa��o de circo passou a contemplar montagens teatrais, que se transformaram em sucesso de p�blico.

Cenário da Ocupação Benjamim de Oliveira exibe rostos pintados de homens e mulheres sobre bancos azuis, como se eles fossem a plateia de um circo
Instala��o traz plateia de circo, onde est�o nomes de destaque das artes com quem Oliveira conviveu (foto: Andr� Seiti/divulga��o)

AGITADOR CULTURAL

Carlos Gomes chama a aten��o para o legado de Benjamim como agitador cultural. “Grande empreendedor de arte e cultura, ele conseguiu realizar algo que. hoje, n�s, gestores, produtores e artistas, almejamos: promover a arte a partir da produ��o pesada, no sentido de levar essa arte para a frui��o do p�blico”, afirma.

“Benjamim de Oliveira n�o era s� um artista completo. Ele era gestor completo, um modelo de pessoa que, mesmo com todas as dificuldades de ser negro em um pa�s racista com passado escravocrata, conseguiu ser o ponto fora da curva. A gente sabe e tem consci�ncia de que os artistas negros encontram mais dificuldades em qualquer caminho que decidem trilhar. � uma pena que a trajet�ria de Benjamim seja t�o pouco conhecida”, destaca o coordenador do N�cleo de Artes C�nicas do Ita� Cultural.
 
Violão de Benjamim de Oliveira é exposto dentro de uma caixa forrada de vermelho, na mostra em homenagem ao artista no Itaú Cultural, em SP
O viol�o de Benjamim de Oliveira, que dividiu sua m�sica com Chiquinha Gonzaga, entre outras celebridades (foto: Andr� Seiti/divulga��o )

“O Brasil tem grande dificuldade em reconhecer seus artistas negros, sobretudo aqueles que s�o descendentes diretos de escravizados”, adverte. “O embranquecimento da nossa hist�ria � algo que, infelizmente, faz com que a popula��o n�o reconhe�a personalidades que muito contribu�ram para a nossa cultura.”

Outro motivo do apagamento da import�ncia de Benjamim de Oliveira � o fato de ele ter sido artista de circo. “A arte circense � marginalizada no Brasil, sobretudo os circos itinerantes. Ela ocupa um espa�o superimportante no imagin�rio das pessoas, espa�o esse que deveria ser mais valorizado”, alerta Gomes.

A “Ocupa��o Benjamim de Oliveira” segue em cartaz at� 27 de fevereiro de 2022, com entrada franca. O p�blico tamb�m pode entrar em contato com a hist�ria do c�lebre palha�o mineiro por meio do site itaucultural.org.br/ocupacao/benjamim-oliveira/.

“OCUPA��O BENJAMIM DE OLIVEIRA”

Exposi��o em cartaz at� 27 de fevereiro de 2022, no pr�dio do Ita� Cultural (Avenida Paulista, 149, Bela Vista, S�o Paulo). Entrada franca. Informa��es: itaucultural.org.br.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)