
O escritor Fabr�cio Carpinejar lan�a, com uma manh� de aut�grafos, nesta quarta-feira (8/12), �s 11h, na Livraria Quixote, “Depois � nunca”, um livro que, conforme diz, foi motivado pela pandemia. J� tendo focado, ao longo de sua trajet�ria, as rela��es entre amigos; entre pais e filhos; entre marido e mulher, ele agora se det�m sobre a morte e o luto, em textos que s�o um misto de cr�nica e reflex�es acerca desta que � a �nica certeza que o ser humano pode ter na vida.
Carpinejar diz que, provavelmente, nunca teria escolhido escrever sobre a morte se n�o fosse pela chegada da pandemia, que fez com que o luto passasse a rondar a rotina das pessoas. “� um livro que eu dedico �s mais de 600 mil v�timas da COVID-19. Eu falo dos enlutados, de quem fica, e tento mostrar que o luto, diferentemente de uma doen�a, � algo incur�vel, que vai fazer voc� passar o resto da vida zelando por uma aus�ncia”, afirma.
“Depois � nunca” – t�tulo que alude � import�ncia de n�o se adiar afetos – se prop�e a examinar a morte e o luto por diferentes �ngulos, segundo seu autor. “Parto do princ�pio de que nossos olhos mudam com a morte, n�s passamos a enxergar mem�rias que nem julg�vamos ter, tudo � lembran�a, tudo � evoca��o. Voc� n�o olha uma cadeira vazia, voc� olha um lugar guardado. Se voc� era casado e torna-se vi�vo, vai continuar durante um bom tempo cozinhando para dois, vivendo para dois, ocupando metade da cama”, observa.
Para tratar de um assunto t�o denso sem soar muito �spero, Carpinejar ressalta que optou por ser sincero, sem subterf�gios, dispensando um tratamento direto e altivo para o tema. “Trata-se de falar olhando para os olhos da dor, encarando o sofrimento sem piedade, sabendo o quanto ele � s�rio”, diz.
Ele aponta que n�o foi preciso perder algu�m diretamente para a COVID-19 para que as emo��es sobre o assunto viessem � tona. Para ele, diante do n�mero de mortos no Brasil, n�o houve quem n�o se sentisse tocado pelo sofrimento de tantas fam�lias.
CONFINAMENTO
Carpinejar diz que os per�odos de confinamento impostos pelos momentos mais severos da pandemia representaram um ciclo de transforma��o em sua vida. “Tem a ver com ficar sozinho para se fortalecer, para poder se dar, para ter o que oferecer, o que repartir. Dentro de um isolamento for�ado, optar pela solid�o, uma solid�o volunt�ria, porque voc� precisa se conectar a essa teia de confiss�es, de lam�rias, de l�grimas sem nunca achar que aquilo que o outro est� sofrendo � uma bobagem”, ressalta.
Ele concorda que empatia � uma palavra que define bem o sentimento que perpassa o livro, mas pondera que � menos uma quest�o de se colocar no lugar do outro do que estar perto do outro, dispon�vel, sem querer reprimir a tristeza.
“� dar a liberdade para a pessoa se emocionar. Se quer gritar por uma perda, que grite, quer pular, que pule. N�s somos muito polidos com os cortejos, n�s n�o nos damos conta de que precisamos formar uma rede de prote��o e de afeto para quem foi ferido com uma morte repentina. N�o tem como uma �nica pessoa carregar um caix�o”, observa.
Em sua opini�o, a pandemia instaurou uma esp�cie de inf�ncia da humanidade, na medida em que, assim como as crian�as, os adultos tiveram que se ater ao presente, na impossibilidade de fazer planejamentos a m�dio e longo prazos. Carpinejar aponta que o t�tulo da obra tem essa dimens�o, da necessidade de viver o agora, j� que deixar para depois significa, muitas vezes, deixar para que nunca seja feito.
INTEIRO
“O que voc� adia, voc� n�o quer fazer. Numa situa��o de pandemia, de incertezas, n�o existe mais o futuro, n�o tem como fazer muitos planejamentos, n�o tem como salvar o casamento com as f�rias que vir�o, n�o tem como aliviar absten��es com promessas. Ou voc� � inteiro, no sentido de estar presente, ou voc� n�o est� vivendo”, diz.
Ele considera que o per�odo de isolamento social e as reflex�es que ele proporcionou o tornaram mais pragm�tico e menos idealista. “Prefiro visitar meus pais durante 15 minutos a n�o visit�-los e ficar programando passar um dia inteiro com eles, o que n�o vai acontecer. Eu combato o esquecimento com pequenas presen�as. Melhor um cafezinho quente do que um vinho sempre protelado”, opina.
“DEPOIS � NUNCA”

Fabr�cio Carpinejar
Ed. Bertrand Brasil (128 p�gs.)
R$ 39,90
• Lan�amento do livro nesta quarta-feira (8/12), �s 11h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi, 31.3227 3077), com a presen�a do autor