
Quando pipocaram not�cias de que “Encanto” se passaria no Brasil, Lin-Manuel Miranda gelou. “Sei como os brasileiros s�o apaixonados, mas t�nhamos acabado de voltar da nossa viagem � Col�mbia para fazer pesquisa”, conta. Miranda avisou � Disney que era melhor esclarecer logo as coisas. “Falei: os f�s brasileiros s�o os que mais vibram. Ouvi 'um monte' sobre a demora das legendas de 'Hamilton' em portugu�s no Disney+.” E garante: “N�o sei como come�ou o boato e lamento muito”.
Realmente, “Encanto” se passa na Col�mbia. Em cartaz em BH, a anima��o da Disney surgiu da vontade de Lin-Manuel Miranda, nova-iorquino filho de porto-riquenhos e superaclamado com o musical “Hamilton”, de fazer um projeto latino-americano.
PARCERIAS
Os diretores Byron Howard e Jared Bush, que colaboraram com a codiretora Charise Castro Smith, queriam trabalhar juntos, e Bush foi parceiro de Miranda na trilha de “Moana”. “Mas n�o sab�amos onde (o filme) seria na Am�rica Latina, que � t�o grande e diversa”, diz Byron Howard. Um amigo sugeriu a Col�mbia devido ao cruzamento de culturas, de tradi��es, de dan�a e m�sica e de diferentes etnias e cores de pele.Sendo uma hist�ria da Disney e da Am�rica Latina, o centro n�o poderia ser outro que n�o a fam�lia – no caso, uma grande fam�lia. Os Madrigal moram em uma casa encantada, a Casita, escondida nas montanhas. A Casita concede poderes m�gicos �s crian�as a partir de certa idade.
A Casita abriga a Abuela Alma, m�e dos trig�meos Pepa, que controla o clima, Julieta, que cura pela comida, e Bruno, que v� o futuro e vive afastado. Julieta tem com Agust�n tr�s garotas: Isabela, que faz as plantas desabrocharem, a superforte Luisa e Maribel, que se sente mal por n�o ter dons.
Pepa e F�lix s�o pais de Dolores, dona de audi��o extraordin�ria, de Camilo, capaz de mudar sua apar�ncia, e do pequeno Antonio, que se comunica com os animais.
Miranda sabe bem o que � ter a casa cheia. “Minha fam�lia � pequena: meu pai, minha m�e, minha irm� e eu, mas nunca �ramos s� nos quatro morando l� em casa”, diz ele, que comp�s oito can��es para a anima��o, pesquisando ritmos e instrumentos tradicionais da Col�mbia.
“Meu pai foi o primeiro a se mudar de Porto Rico para Nova York, ent�o sempre foi uma casa de passagem para porto-riquenhos. Sempre tinha um primo, uma tia, minha av� que n�o � realmente minha av�, mas a bab� do meu pai em Porto Rico que veio cuidar da gente”, E brinca: se um dia fizessem um filme sobre sua fam�lia, o nome seria “Mi casa, su casa”.
CONSULTORIA
Era importante que o filme fosse universal, mas preservasse a autenticidade da cultura colombiana. Para isso, a equipe recorreu a um grupo de consultoria colombiano e viajou para o pa�s.“Foi o foco desde o princ�pio”, conta o brasileiro Renato dos Anjos, chefe de anima��o. “Levamos um bom tempo nos educando sobre gestos, express�es, comunica��o corporal.”
Havia tamb�m a preocupa��o de registrar com fidelidade os movimentos da dan�a. “Um grupo de bailarinos fez a coreografia para a gente usar como refer�ncia para animar os personagens”, revela Anjos.