Inquieta��o est�tica vai marcar a Mostra Olhos Livres, em Tiradentes

Programada para 21 a 29 de janeiro, a Mostra de Cinema de Tiradentes anunciou os seis longas-metragens da Mostra Olhos Livres, que presta homenagem ao cineasta ga�cho Carlos Reichenbach (1945-2012).

Selecionados pelos curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, os t�tulos representam o panorama de proposi��es instigantes do cinema contempor�neo brasileiro, de acordo com a organiza��o do evento.

Os filmes selecionados s�o “O dia da posse” (RJ), de Allan Ribeiro; “Voc� nos queima” (SP), de Caetano Gotardo; “Os primeiros soldados” (ES), de Rodrigo de Oliveira; “Germino p�talas no asfalto” (SP), de Coraci Ruiz e Julio Matos; “Manguebit” (PE-SP-RJ), de Jura Capela; e “Av� – At� que os ventos aterrem” (SP), dirigido por Camila Mota.

Olhos Livres � mostra competitiva cujo recorte n�o � segmentado”, explica o curador Francis Vogner dos Reis. “Os longas selecionados n�o s�o necessariamente in�ditos ou de cineastas iniciantes. O que h� de comum entre eles � a inquieta��o est�tica que tem a ver com a Mostra de Tiradentes. Ela traz para dentro do evento um conceito aberto”, acrescenta.

Paralela � Aurora, a principal mostra competitiva do evento, Olhos Livres traz para o contexto de Tiradentes filmes que geram discuss�es. “Ao longo dos anos, ela se tornou t�o interessante quanto a Aurora. � uma mostra especial”, afirma o curador.

Olhos Livres conta com trabalhos de nomes premiados em edi��es anteriores, como � o caso de Allan Ribeiro, vencedor da Aurora em 2015 com seu segundo longa, “Mais do que possa me reconhecer”.

“O dia da posse”, novo longa de Ribeiro, narra a hist�ria de Brendo, estudante de direito que sonha em ser presidente do Brasil, faz v�deos para as redes sociais e se imagina num reality show durante a pandemia.

Outro veterano � Caetano Gotardo, que em 2019 competiu com “Seus ossos e seus olhos”. Em “Voc� nos queima”, o narrador revela intensa experi�ncia amorosa, interrompida logo em seu in�cio, mergulhando na subjetividade do personagem. O filme conta com fragmentos de obras da poetisa grega Safo e do poeta e fil�sofo romano Lucr�cio.

Quem tamb�m volta a Tiradentes � Rodrigo de Oliveira, que em 2015 competiu com “Teobaldo morto, Romeu exilado”. Seu novo longa, “Os primeiros soldados”, acompanha o r�veillon de um grupo de jovens LGBTQIA+ pouco antes de a primeira epidemia de Aids se alastrar pelo Brasil, no in�cio da d�cada de 1980.

“N�o escolhemos filmes pensando que os diretores j� passaram por Tiradentes em outros momentos. Cada um dos seis selecionados representa um conjunto muito interessante, que faz sentido quando colocado no contexto da mostra como um todo. S�o filmes alinhados a um certo tipo de variedade que a gente queria encontrar, trazendo trabalho est�tico que nos interessa exibir”, afirma Vogner.

Entre os estreantes est� a dupla Coraci Ruiz e Julio Matos, com “Germino p�talas no asfalto”. O filme acompanha Jack, jovem que inicia seu processo de transi��o de g�nero no momento de ascens�o da extrema-direita no Brasil.

Francis Vogner descreve o longa paulista como “muito forte”, cujo debate atravessa quest�es de g�nero e embates pol�ticos. “O filme de Ruiz e Matos tem um di�logo sutil com o g�nero documental, � diferente de qualquer outro filme presente na mostra.”

Pela primeira vez em Tiradentes, Jura Capela apresenta “Manguebit”, filme sobre o movimento musical e est�tico pernambucano que projetou Chico Science, Na��o Zumbi e Mundo Livre S.A, entre outros artistas.

“Trata-se de document�rio feito por um cineasta de longa data, que ainda n�o � veterano, mas j� est� na estrada h� um tempo consider�vel. Jura Capela come�ou no final dos anos 1990 e fez outros filmes que consideramos muito interessantes”, comenta o curador, referindo-se ao longa “Paran�-puc�, onde o mar se arrebenta” (2010) e aos curtas- metragens “Copo de leite” (2005) e “Schenberguianas” (2005).

Outra estreante � Camila Mota, atriz e diretora da companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Em “Av� – At� que os ventos aterrem”, descrito como filme h�brido, “pe�a de teatro foi filmada com liberdade e imagina��o para tratar da urg�ncia dos espa�os e da expressividade em tempos sombrios”, de acordo com a sinopse.

“� o filme de uma atriz que joga um olhar muito sens�vel para uma produ��o cinematogr�fica. Trata-se de um trabalho indefinido, que fica entre o document�rio e o ensaio”, diz o curador.

A mostra ganhou o nome Olhos Livres devido ao blog mantido por Carlos Reichenbach. O diretor ga�cho entendia que o cinema deveria ser visto com “olhos livres”. Por conta disso, ele d� nome ao trof�u destinado ao melhor filme escolhido pelo J�ri Jovem, formado pelos estudantes Adler Correa (Universidade Federal de Pelotas), Maria Sucar (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Nayla Guerra (Universidade de S�o Paulo), Nina Camur�a (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Renan Eduardo (PUC Minas).

“Esses jovens passaram por uma oficina cr�tica em BH e foram selecionados para participar do j�ri. S�o estudantes que t�m interesse na reflex�o cr�tica da produ��o cinematogr�fica contempor�nea. Muitos deles costumam participar de outros j�ris jovens e depois seguem a carreira acad�mica como cr�ticos, ou curadores. � muito importante ter o olhar deles em Tiradentes”, afirma Francis.

Nesta edi��o, a mostra mineira ter� formato h�brido (on-line e presencial), reunindo cerca de  100 filmes brasileiros em pr�-estreias nacionais e se��es tem�ticas. A programa��o gratuita conta com semin�rio, debates, oficinas, exibi��o de filmes infantis e atra��es art�sticas.

“O dia da posse” (RJ)

.De Allan Ribeiro

“Voc� nos queima” (SP)

.De Caetano Gotardo

“Os primeiros soldados” (ES)

.De Rodrigo de Oliveira

“Germino p�talas no asfalto” (SP)

.De Coraci Ruiz e Julio Matos

“Manguebit” (PE-SP-RJ)

.De Jura Capela

“Av� – At� que os ventos aterrem” (SP)

.De Camila Mota

De 21 a 29 de janeiro, com programa��o gratuita presencial e on-line. Informa��es: www.mostratiradentes.com.br