
Embora misture h� tempos elementos do samba e do blues em sua forma de tocar viol�o, o cantor e compositor Jo�o Suplicy aprofunda esse di�logo no EP “Samblues”, produ��o independente com seis faixas. A sambista Leci Brand�o � a convidada dele em “L�grimas de um blues”.
Embora os dois g�neros tenham origem na di�spora africana e sejam matrizes da m�sica popular do Brasil e dos EUA, Jo�o observa que se trata de estilos distintos. Isso fica expl�cito em “L�grimas de um blues”, reflex�o proposta por ele sobre a aus�ncia de batucada no repert�rio blueseiro.
O viol�o de Jo�o Suplicy mescla influ�ncias do afrossamba e da bossa nova com o blues e o rock, como � o caso da faixa instrumental “Sambluseando”, na qual ele dialoga com o parceiro Vitor da Candel�ria, que traz para o EP a sonoridade das escolas de samba.
TOQUE BOSSA-NOVISTA
Esse di�logo est� presente tamb�m em “Mulher”. Composta originalmente como blues, ganhou levada bossa-novista de viol�o e arranjo do pianista Pepe Cisneiros.
“Fa�o isso h� v�rios anos, por ter mergulhado muito nos universos do blues, do samba e de violonistas como Jo�o Bosco e Baden Powell. Sou fascinado pelo viol�o tradicional brasileiro, que � muito ligado ao samba”, observa Jo�o, revelando tamb�m sua admira��o por guitarristas de blues.
O m�sico paulista enfatiza que tanto o blues como o samba s�o a base de v�rios g�neros musicais. No caso dos Estados Unidos, blueseiros influenciaram o rock e o jazz. “Mesmo o pop tem muita coisa deles”, afirma. Por sua vez, o samba foi fundamental para a MPB.
Seu projeto n�o se limita a interpretar can��es. Jo�o pesquisou a hist�ria dos dois g�neros com DNA africano que se tornaram fundamentais para as culturas dos EUA e do Brasil.
Na primeira metade do s�culo 18, negros que se revoltaram na Carolina do Sul sofreram retalia��es dos senhores, como a proibi��o de fazer batuques, comenta o compositor. “Eles viam isso como uma forma de s escravos se organizarem para causar tumulto. A proibi��o durou mais de um s�culo, perdurando at� a Guerra Civil. Os negros ficaram privados do batuque, mas desenvolveram outras formas de express�o, muitas vezes s� com a voz, cantando nas planta��es de algod�o e nas igrejas, com os spirituals”, relembra.
No Brasil, a batucada foi perseguida, mas n�o deixou de ser praticada, observa Suplicy. “Para mim, a� est� a explica��o para o blues ter surgido nos Estados Unidos e o samba aqui. O samba veio das batucadas e tem liga��o com as religi�es afro”, comenta.
Uma esp�cie de s�ntese de tudo isso est� na vers�o blueseira dele para “As rosas n�o falam”, do sambista Cartola. “J� a faixa ‘Quando a Bahia se mudou pra l�’ fala das mil possibilidades do samba e de sua origem, se teria nascido na Bahia ou no Rio de Janeiro”, comenta Jo�o, citando as fam�lias baianas que se mudaram para o Rio de Janeiro, a partir do s�culo 19, levando para l� “a semente do samba”.
O m�sico paulista anuncia tr�s EPs do projeto, que posteriormente compor�o um �lbum. “Estou lan�ando agora esse com seis m�sicas. O segundo EP j� est� praticamente pronto, mas vou lan�ar dois singles antes”, adianta.

“SAMBLUES”
.EP de Jo�o Suplicy
.Seis faixas
.Independente
.Dispon�vel nas plataformas digitais