Escultor Kaws exp�e obras em galeria londrina e dentro do game Fortnite
Artista diz que projeto virtual leva seu trabalho para milhares de pessoas em todo o mundo, sobretudo jovens e o p�blico que n�o frequenta espa�os como museus
"Kaws: New fiction" ganhou vers�o f�sica, na galeria londrina Serpentine, e virtual, no Fortnite. Aplicativo d� acesso a obra que n�o se v� a olho nu (foto: Tolga Akmen/AFP)
O nova-iorquino Kaws exp�e pinturas pop e esculturas coloridas na Serpentine Gallery de Londres, mas tamb�m dentro da vers�o virtual do museu ambientada no Fortnite, o videogame com centenas de milh�es de seguidores.
Em meio ao gramado gelado de Hyde Park, no centro de Londres, espectadores apontam celulares para o teto da Serpentine Gallery. N�o para tirar fotos do pr�dio de tijolos vermelhos e colunas brancas, mas porque, por meio dos dispositivos, � poss�vel ver em realidade aumentada a grande escultura de um homem azul sentado no telhado, invis�vel a olho nu.
NOVA FIC��O
A obra faz parte da mostra “Kaws: New fiction”, que mistura os mundos virtual e o real. A exposi��o � composta de tr�s camadas, explica o diretor art�stico Hans Ulrich Obrist. “A exposi��o f�sica na Serpentine Gallery, com pinturas e esculturas, depois os elementos de realidade aumentada e tamb�m a Serpentine Gallery no Fortnite”, afirma, referindo-se ao popular videogame.
Cerca de 400 milh�es de seguidores do jogo da Epic Games t�m acesso � r�plica exata do museu dentro do videogame, a qual podem visitar com seus avatares para ver as obras.
"Trata-se de chegar a p�blicos muito diferentes e criar um di�logo transgeracional"
Hans Ulrich Obrist, diretor art�stico da Serpentine Gallery
A Epic Games colaborou de forma similar com cantores de renome internacional para que ofere�am shows dentro do jogo. “Por�m, � a primeira vez que o Fortnite colabora com as artes visuais, com uma galeria p�blica”, diz Obrist.
Embora considere “muito diferente” ver uma exposi��o em um videogame e apreci�-la fisicamente, ele acredita que as experi�ncias s�o complementares, sobretudo porque muitos visitantes n�o familiarizados com o mundo dos games podem se interessar por eles e vice-versa.
“Para n�s, trata-se de chegar a p�blicos muito diferentes e criar um di�logo transgeracional”, acrescenta.”
“A idade m�dia dos jogadores do Fortnite � muito menor do que a do visitante m�dio do museu”, destaca Hans Ulrich Obrist, dizendo esperar que a nova gera��o se aproxime da galeria.
"Me interessa saber que minha obra pode ser vista por uma crian�a na �ndia e tamb�m em Londres. � fascinante"
Kaws, artista visual
O projeto deve atingir um p�blico que provavelmente seja 10 vezes maior do que o da Bienal de Veneza, afirma o comiss�rio da exposi��o, Daniel Birnbaum.
Para o artista Brian Donnelly, o Kaws, esse interesse far� com que seu trabalho se torne mais acess�vel. “Me interessa saber que minha obra pode ser vista por uma crian�a na �ndia e tamb�m em Londres. � fascinante”, afirma o pintor e escultor, de 47 anos.
“Uma comunidade t�o grande vai poder ir ao museu, ver essas pinturas e esculturas”, comemora o ex-grafiteiro, convertido em artista visual. “No caso de algumas crian�as, ser� a primeira vez que se sentir�o confort�veis dentro de uma exposi��o.”
Os personagens estilizados com cabe�a de caveira de Kaws j� percorreram o mundo em instala��es gigantes e produtos promocionais. Agora poder�o atrair o p�blico mais jovem do Fortnite com seu aspecto pop, acess�vel e colorido.
Brian Donnelly, o Kaws, posa ao lado de uma de suas esculturas na Serpentine Gallery, em Londres (foto: Tolga Akmen/AFP)
SEM LUTA E TIROS
Kaws, que colabora pela segunda vez com o Fortnite, explica que suas obras ser�o expostas no “creative hub”, modo espec�fico do game, distanciado das partidas, em que jogadores lutam para ser o �ltimo sobrevivente.
“N�o haver� tiroteios na exposi��o”, brinca, assegurando que a comunidade de jogadores � “diferente do que pensamos”. Mas admite: “� dif�cil dizer” se a garotada vai realmente parar para apreciar suas obras dentro do game.
“Se voc� leva uma crian�a de 11 anos a um museu tradicional, n�o sabe se ela vai olhar as obras. � a mesma coisa”, assegura Kaws.