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Estado de Minas LEGI�O URBANA NA TELA

Filme-can��o 'Eduardo e M�nica' aposta no amor, apesar deste tempo perdido

Estrelado por Gabriel Leone e Alice Braga, longa do diretor Ren� Sampaio, inspirado no hit de Renato Russo, quer reconectar o p�blico com o cinema brasileiro


20/01/2022 04:00 - atualizado 20/01/2022 03:24

Atores Alice Braga e Gabriel Leone se abraçam em cena do filme 'Eduardo e Mônica'
Alice Braga e Gabriel Leone interpretam Eduardo e M�nica, jovens dos anos 1980 que "fizeram a cabe�a" de v�rias gera��es (foto: Mariana Vianna/divulga��o)
 
Tenha voc� 20, 30, 40, 50 ou 60 anos, em algum momento de sua vida se perguntou o que tinha de Eduardo ou de M�nica. Ser jovem � se identificar com o igual – e, muitas vezes, almejar o diferente. A narrativa com melodia solar envelheceu bem – Renato Russo comp�s “Eduardo e M�nica” em 1980, antes de formar a Legi�o Urbana, dois anos mais tarde. A can��o integrou o �lbum “Dois” (1986) da banda, e teve grava��o anterior, caseira, quando o vocalista e letrista era o Trovador Solit�rio.

Quase uma d�cada depois de levar para a tela outra cr�nica em formato de can��o de Russo – a epopeia de contornos tr�gicos “Faroeste caboclo” (2013) –, o realizador brasiliense Ren� Sampaio embarca em nova aventura baseada em um sucesso da Legi�o. Com lan�amento nesta quinta (20/1) nos cinemas de todo o Brasil – ser�o cerca de 500 salas, n�mero ambicioso para uma produ��o nacional no cen�rio da pandemia –, a com�dia rom�ntica “Eduardo e M�nica” traz Gabriel Leone e Alice Braga nos pap�is-t�tulo.

BRAS�LIA OITENTISTA 

A can��o integra o imagin�rio do brasileiro. Mas tendo Sampaio, de 46 anos, nascido em Bras�lia e vivido na capital federal sua adolesc�ncia quando a Legi�o estourou, isso faz a diferen�a. “Eduardo e M�nica” � ambientado no mesmo 1986 em que a m�sica foi lan�ada.

“N�o podia mudar a ess�ncia. Para mim, � a hist�ria de um garoto que vira homem, a mesma experi�ncia que tive nos anos 1980, o que torna o projeto mais pessoal. Tamb�m queria fugir das novidades, Facebook, Whatsapp, Instagram... Nada disso tem a ver com a hist�ria. Ela � muito mais humana quando o Eduardo leva o jornal para a M�nica, mostrando que tinha passado no vestibular, do que se ele tivesse mandado uma foto pelo Whatsapp”, comenta Sampaio.

Come�o, meio e fim da letra s�o apresentados quase ipsis litteris na tela. Eduardo e M�nica realmente se encontram no Parque da Cidade – ela chega de moto, ele de “camelo”, como eram chamadas as bicicletas na Bras�lia da �poca (o modelo � Caloi Cross, unanimidade oitentista). Eduardo assistia a novelas e jogava futebol de bot�o com o av� (Ot�vio Augusto faz um militar da reserva, contraponto com a M�nica cheia de ideias progressistas).
 
 
 
Como fazer um filme cujo final todo o mundo conhece? “A melhor coisa do mundo, pois a hist�ria tem uma base de f�s. Acho que todos v�o querer v�-la na tela”, acrescenta Sampaio.

A festa estranha com gente esquisita � o momento de virada da narrativa. � ali, quando a reticente M�nica (que no filme n�o estuda, mas � jovem m�dica e artista pl�stica diletante) resolve dar uma chance ao garoto de 16 anos com aparelho nos dentes. T�mido e deslocado, Eduardo se enche de coragem e sobe ao palco para interpretar “Total eclipse of the heart”, a balada amorosa de apelo kitsch que fez a gl�ria da cantora Bonnie Tyler.

Hoje em dia, n�o h� problema algum em se assumir f� da can��o. Mas 40 anos atr�s, para f�s de Bauhaus e Siouxsie and the Banshees, entoar a m�sica de apelo �pico para a plateia de darks foi um ato de extrema determina��o do menino. � neste momento que a performance de Gabriel Leone, com (aparente) fragilidade e sinceridade tocantes, acaba se tornando o eixo central do filme. Voc� torce por ele a cada cena, mesmo sabendo o que vai acontecer.

Alice Braga se diz impressionada com Leone. O filme, vale dizer, foi rodado em 2018, quando o ator tinha 25 anos. “Ele estava vindo da s�rie ‘Onde nascem os fortes’ (interpretou o empres�rio e paleont�logo Hermano Gouveia), ent�o estava um homem, musculoso, de cabelo raspado. Fez um trabalho corporal grande, emagreceu para entrar no corpo de um garoto de 16. Lembro o dia que o vi, com aparelho, nova postura. Era outro ser humano”.

'PERFEI��O' E O BRASIL

Nascida em 1983, Alice, na adolesc�ncia, foi apresentadaa “Eduardo e M�nica” pelo roteirista e diretor Jorge Furtado, amigo de sua m�e, a atriz Ana Braga. “A gente passava f�rias juntos e me lembro de ele me dizer: ‘Preste aten��o que (a m�sica) � uma hist�ria’. Todo o mundo, goste ou n�o de Legi�o, conhece, sabe ao menos cantarolar. Me deu um frio na barriga (quando foi convidada para o papel). Vi que precisava me aprofundar na jornada dela, que seria a espinha dorsal do filme, e criar um contraponto com o Eduardo. Ouvi muito Renato Russo, principalmente ‘Perfei��o’, pois dizia muito sobre o Brasil da �poca e diz muito sobre o de hoje”, continua Alice.

Para os brasilienses vai ser f�cil encontrar as refer�ncias. “A gente filmou muito da Bras�lia de quem vive na cidade, mas tentando fugir dos cart�es-postais. Tentamos fazer como o brasiliense fazia na �poca”, conta Sampaio. Eduardo e M�nica terminam uma noite escalando o mosaico de pedras do Teatro Nacional. Em outra sequ�ncia, brincam de fazer sombras no Congresso. Hoje, isso � proibido, mas na �poca era bastante comum entre os jovens.

O filme traz uma trilha sonora deliciosa para os nost�lgicos. “Take on me”, do A-ha (1983), “Private Idaho”, do B-52’s (1980), “Tainted love”, do Soft Cell (1981), “Should I stay or should I go”, do Clash (1982), surgem em grava��es originais, assim como “Bichos escrotos”, dos Tit�s (1986), e “London, London”, de Caetano Veloso (1971). E, claro, a m�sica-tema.

Sampaio admite que boa parte do or�amento foi para os direitos autorais das can��es. “Noventa por cento do que est� ali foi o que eu queria. Teve uma m�sica car�ssima, que n�o conseguimos pagar, e outra dos Ramones, que mandamos uns 300 e-mails e nunca foram respondidos.”

MOMENTO CERTO

Originalmente o longa estrearia em junho de 2020. Diretor e atriz se disseram muito chateados com o adiamento, mas o lan�amento postergado � visto agora como positivo. “Olhando em perspectiva, talvez seja o momento certo. Na �poca, talvez fosse s� mais um filme brasileiro legal. Agora, � um filme que traz felicidade, bons sentimentos, que pode significar a reconex�o do brasileiro com o cinema nacional na sala de cinema”, diz Sampaio.

Alice Braga concorda: “O pa�s est� todo muito machucado pela pandemia. Estamos com um governo que preza a morte, a n�o aceita��o da diferen�a. Lan�ar um filme que fala de amor, de encontro, para que as pessoas d�em risada � para celebrar o nosso cinema.”

Sampaio n�o vai parar com “Eduardo e M�nica”. Pretende lan�ar o terceiro longa baseado em uma can��o da Legi�o, fechando a trilogia que sempre imaginou fazer. Ainda em negocia��o pelo t�tulo, n�o entrega qual � de jeito nenhum – nem a pr�pria Alice sabe qual foi a escolhida.

Fernando Coimbra, Dado Villa-Lobos e Leo Coimbra sorriem para a câmera. Fernando e Leo são o Eduardo e a Mônica da canção de Renato Russo
O casal da can��o, Fernando e Leo Coimbra, com Dado Villa-Lobos (ao centro), m�sico da Legi�o Urbana (foto: Facebook/reprodu��o)

Leo e Fernando, como tinha de ser

“O Eduardo e a M�nica existem, mas n�o querem ser conhecidos”, afirmou Renato Russo para uma r�dio nos anos 1980, arquivo f�cil de encontrar no YouTube. Os nomes que inspiraram o casal mais c�lebre de uma can��o dos anos 1980 h� muito foram revelados: a artista pl�stica Leo (Leonice) Coimbra e Fernando Coimbra. Ela era amiga de Renato e, na �poca, estava come�ando a namorar o rapaz mais jovem. Est�o juntos at� hoje.

Mas o casal � s� uma parte da inspira��o para os personagens da can��o, conforme Renato disse na mesma entrevista. “Todas as mulheres, meninas espertas de Bras�lia que t�m o cora��o, a cabe�a aberta, entrou um pouquinho de cada na M�nica. E com o Eduardo a mesma coisa. O Andr� M�ller da Plebe Rude (baixista da banda, chamado Andr� X), o Philippe Seabra, o irm�o do Bonf� (Alexandre Bonf�), o Dado (Villa-Lobos, da Legi�o)... s�o o Eduardo. Todas as pessoas que de repente acreditam que mesmo com todas as dificuldades o importante � a amizade, o amor, numa boa, sem ci�me, sem mentirinha”, acrescentou Renato.

Leo e Fernando n�o vivem mais em Bras�lia. Mudaram-se para o M�xico, onde ele, diplomata de carreira, � embaixador do Brasil naquele pa�s desde 2021.

De acordo com Ren� Sampaio o trabalho que a M�nica de Alice Braga apresenta no filme (h� uma exposi��o de artes da personagem) tem muito a ver com o que Leo faz. A filha do casal, Nina, surge em participa��o no filme, como figurante.

“EDUARDO E M�NICA”

(Brasil, 2020, 114min, de Ren� Sampaio, com Alice Braga e Gabriel Leone) – Estreia no BH 5, �s 13h20, 16h20, 19h10 e 22h. Big 1, �s 16h15, 18h30 e 20h45. Boulevard 4, �s 14h10, 16h30, 18h50 e 21h10. Cidade 8, �s 14h10, 16h30, 18h50 e 21h10 e 11h05, 13h20, 15h40, 18h e 20h15 (s�b e dom). Contagem 2, �s 14h10, 16h30, 18h50 e 21h10. Del Rey 1, �s 14h10, 16h30, 18h50 e 21h15. Diamond 3, �s 13h40, 16h20, 19h e 21h50. Esta��o 6, �s 19h e 21h30. Itaupower 3, �s 14h, 16h20, 18h40 e 21h. Minas 2, �s 14h, 16h20, 18h40 e 21h. Monte Carmo 1, �s 14h, 16h20, 18h40 e 21h. Norte 2, �s 16h15, 18h30 e 20h45. P�tio 8, �s 13h20, 16h30, 19h20 e 22h. Ponteio 4, �s 16h50, 19h10 e 21h25. UNA Cine Belas Artes 1, �s 13h50, 16h10 e 20h20. Via 1, �s 14h, 16h20, 18h40 e 21h.

 


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