
Leia: Cantora Elza Soares morre aos 91 anos
Quando entramos na ampla sala do apartamento, Elza estava confortavelmente sentada com os p�s apoiados num banquinho. “Olha, gente, n�o vou me levantar, n�o, pois estou na minha casa!”, disse como se f�ssemos velhos conhecidos. Naquele momento, ela assistia, na televis�o gigante, a uma partida de basquete entre equipes norte-americanas, num canal a cabo. Confesso que preferi contemplar o mar da janela do quarto andar.

Como sempre fa�o em visitas ao meu pessoal l� do Rio, levei uma goiabada feita por Cristina, que mora no C�rrego Frio, em Santa Luzia, na Grande BH. Elza adorou o presente (e nem tinha jeito de n�o gostar) e mandou que servissem o doce. “Pegue aqueles pratinhos como os garfinhos dourados”, pediu com o sotaque carioca que ficou gravado na minha mem�ria.
No bate-papo, contei para ela que a tinha visto, d�cadas passadas, com Man� Garrinha, na porta do teatro de Santa Luzia. Mas n�o me lembrava quando, apenas recordava de um vestido branco. Disse ainda que o m�dico e prefeito Oswaldo Ferreira, natural de S�o Gon�alo (RJ), era o anfitri�o do casal no show daquela noite. “E ele est� bem?”. Falei que j� tinha falecido. Elza desconversou, e vi que n�o gostava do assunto “morte”, pois, antes, eu contara que tinha ido ao Rio participar da despedida a minha tia.
Ficamos ali algum tempo, e hoje s� me arrependo de um detalhe. Como se tratava de uma visita, ningu�m fez foto com o celular, embora aquele momento t�o especial merecesse ser registrado. Mas est� gravado na lembran�a, com os votos de que Elza Soares, que tem “ares” no sobrenome, (en)cante e fique encantada bem l� no c�u. Vai com Deus! E com as b�n��os de S�o Sebasti�o, padroeiro do Rio de Janeiro, celebrado ontem e poderoso contra a fome, a peste e a guerra.