(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTE URBANA

Mag Magrela come�a a pintar hoje painel de 72 metros no Centro de BH

Empena do edif�cio Savoy, na Bias Fortes, ganhar� a partir desta quinta-feira (17/2) imagem que representa "a energia do feminino", segundo a artista


17/02/2022 04:00 - atualizado 17/02/2022 02:03

de camiseta vermelha, colar multicolorido e máscara preta, Mag Magrela apoia o braço numa escada e olha para a câmera
Mag Magrela chegou ontem a BH e durante a tarde participou de um curso para adapta��o ao trabalho em altura (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press )

"Eu sinto que todos os lugares para onde eu vou me acessam de alguma maneira, tanto as coisas boas quanto as ruins. N�s que somos de fora olhamos a cidade com um outro olhar, de um jeito diferente, e isso acaba me inspirando inevitavelmente. Todas as quest�es, as boas e as ruins, me afetam e reverberam no trabalho que eu vou realizar"

Mag Magrela, artista


Desde 2017, o CURA – Circuito Urbano de Arte trabalha para transformar Belo Horizonte em uma galeria a c�u aberto, com pinturas gigantes que colorem os pr�dios do Centro da cidade. As obras, que s�o uma esp�cie de ode � democratiza��o da arte, j� que podem ser vistas por qualquer pessoa, alteram o cart�o-postal da capital mineira e reafirmam a ocupa��o do espa�o urbano.

Em sua sexta edi��o, o evento tem como palco a regi�o da Pra�a Raul Soares, lugar que, desde o segundo semestre de 2021, vem recebendo interven��es art�sticas. O grupo de teatro de bonecos Giramundo inaugurou no local sua instala��o “Gira de novo”, na �ltima segunda-feira (14/2). As esculturas gigantes que convocam a retomar o esp�rito da alegria ficar�o em exposi��o at� o pr�ximo dia 25.

A partir desta quinta-feira (17/2), uma nova interven��o do CURA come�a a nascer, pelas m�os da multiartista paulistana Mag Magrela, que far� uma pintura in�dita na empena do Edif�cio Savoy, localizado na Avenida Bias Fortes. Ao lado de uma equipe formada pelas artistas Wanatta e Fenix, sob a coordena��o de Nath Sol e produ��o de PDR e Simone Abreu, a artista prev� que o painel de quase 650 metros quadrados (m²) estar� pronto em uma semana.

“Tudo depende muito do tempo. Se tudo der certo, acredito que a pintura estar� pronta em sete dias, mas isso depende de fatores que est�o fora do nosso alcance. A parte mais dif�cil � fazer a proje��o do desenho, riscar a parede para saber onde cada elemento do desenho vai. Depois disso, � s� colocar a tinta", conta Magrela, que chegou a BH na manh� de quarta-feira (16/2).

escultura gigante de face sorrindo instalada na praça raul soares, em material branco
Inaugurada na �ltima segunda, a instala��o "Gira de novo", feita pelo Giramundo na Pra�a Raul Soares, pode ser vista at� o pr�ximo dia 25 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

EQUIPE 

Assim que colocou os p�s na capital mineira, a artista foi para o hotel onde ficar� instalada nos pr�ximos dias para descansar. � tarde, ela esteve no local onde ser� feita a pintura para o curso de altura, etapa importante para quem ficar� suspensa no edif�cio pelos pr�ximos dias. Depois disso, ela voltou para o descanso. Afinal, realizar uma empena � um trabalho que exige muito do corpo da artista.

"� muito f�sico", ela explica. "O que eu posso fazer antes de come�ar, al�m de conhecer o local da pintura, � descansar. Tamb�m tenho bastante cuidado com o meu condicionamento e a minha sa�de antes desses trabalhos grandiosos. No caso desta pintura, uma equipe vai estar junto comigo, no pr�dio, e isso ajuda muito."

Artista autodidata, com trabalhos nas ruas de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Portugal, Londres e Nova York, Mag Magrela foi selecionada para participar do CURA por meio da convocat�ria Beck's. Essa foi a segunda vez que ela se inscreveu no edital.

"Na �ltima edi��o eu tamb�m me inscrevi e n�o passei. Nesta [edi��o] de agora, eu voltei a me inscrever e fui chamada para participar. O CURA tem uma curadoria muito legal, e eu fico muito feliz de poder participar de uma iniciativa t�o bacana. Acompanho esse projeto desde o in�cio e � um grande orgulho para mim poder fazer parte dele", afirma.

A obra que ela ir� pintar na parede do Edif�cio Savoy est� dentro da tem�tica de seus outros trabalhos, marcados pela presen�a de figuras femininas que passam uma sensa��o de ang�stia, melancolia e morbidez.

PERSONAGENS 

"Vou fazer duas personagens mulheres lado a lado. Uma representa o passado e a outra o presente, com olhar no futuro. Uma delas carrega um peixe na m�o, que simboliza o alimento espiritual. As duas representam a energia do feminino que todos n�s temos. A energia do cuidado e da cria��o, que s�o for�as surreais", diz.

Ela acrescenta que o significado do desenho se relaciona com quest�es pessoais enfrentadas nos �ltimos anos. "Ele fala sobre esse momento que estou passando na minha vida pessoal, em que preciso tomar decis�es importantes que v�o definir o territ�rio onde eu vou me enraizar. Olhando para o ano de 2020 e para a pandemia em que ainda estamos, uma s�rie de quest�es delicadas vieram � tona. Estou no momento de entender tudo isso para tomar o caminho que ser� o melhor para mim."

Essa n�o � a primeira vez que Mag Magrela realiza um trabalho em Belo Horizonte. Em 2015, ela foi uma das convidadas do projeto Telas Urbanas, iniciativa da Funda��o Municipal de Cultura para promover a arte mural na regi�o da Pampulha. Na ocasi�o, ela pintou um painel de 72m2 no Viaduto Gil Nogueira, na Avenida Portugal. A obra fazia refer�ncia ao rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em Mariana.

Desde ent�o, ela n�o tinha colocado os p�s em BH, mais e se surpreendeu ao chegar aqui e se deparar com a Serra do Curral. "A cidade fica na frente de umas montanhas que s�o mais altas que a cidade em si. Isso me chamou muito a aten��o", afirma.

REVERBERA��O 

"Eu sinto que todos os lugares para onde eu vou me acessam de alguma maneira, tanto as coisas boas quanto as ruins. N�s que somos de fora olhamos a cidade com um outro olhar, de um jeito diferente, e isso acaba me inspirando inevitavelmente. Todas as quest�es, as boas e as ruins, me afetam e reverberam no trabalho que eu vou realizar", comenta.

Na ativa desde 2007, quando come�ou a pintar nas ruas de S�o Paulo sob o nome art�stico que pegou emprestado da maneira como era chamada de forma pejorativa na escola, a artista assistiu a uma verdadeira revolu��o na arte de rua, que passou de marginalizada a cultuada, inclusive por �rg�os oficiais. Para ela, essa mudan�a ocorreu devido a iniciativas como a do CURA, mas tamb�m em virtude da rela��o que as pessoas desenvolveram com o espa�o urbano nos �ltimos anos.

"As pessoas se apropriaram da cidade de alguma maneira. E digo isso n�o s� em rela��o ao tipo de trabalho que eu fa�o, mas tamb�m em rela��o a outras manifesta��es art�sticas, como o teatro e a m�sica, por exemplo. Quando a rua � ocupada, as pessoas se sentem � vontade para estar nela. Onde tem cuidado e ocupa��o, as pessoas se sentem parte de um todo. Quando a arte est� nesses lugares de passagem, ela afeta as pessoas de uma forma diferente e tem um poder maior de transforma��o", avalia.

Ciente de que as imagens do CURA s�o bastante fotografadas e reproduzidas nas redes sociais, Mag Magrela diz achar positivo que as pessoas se relacionem com as obras de arte dessa maneira. "� inerente. A gente faz um trabalho e utiliza essa ferramenta para divulgar para muitos outros lugares. Quando comecei, a gente usava muito o Flickr. Foi por meio dele que eu conheci artistas de v�rios lugares do mundo. Hoje, esse tipo de rela��o que as pessoas t�m � por causa da identifica��o. E o importante � que o trabalho seja visto."


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)