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Estado de Minas FOR�A, AMIGOS!

Comediante dos EUA se solidariza com o que o Brasil est� 'prestes a passar'

John Oliver estreia a nona temporada de seu talk show "Last week tonight", que ser� exibido �s ter�as pela HBO Max, a partir de 22/2


18/02/2022 04:00 - atualizado 18/02/2022 01:36

de terno cinza, gravata preta e óculos, John Oliver gesticula sentado à mesa que serve de cenário para o seu talk show
Brit�nico que se tornou cidad�o americano em 2020, John Oliver afirma ter sido um al�vio poder voltar a gravar o programa em est�dio (foto: HBO/DIVULGA��O)

"Adoramos ter a habilidade para trabalhar hist�rias negativas, desafiando as pessoas a olharem para o outro lado. � como apresentar uma boa sobremesa depois de um jantar em que o prato principal era s� de vegetais"

John Oliver, comediante


Tradi��o da TV americana, a s�tira pol�tica tem hoje como nome mais relevante nos Estados Unidos um brit�nico. Ok, um cidad�o norte-americano desde 2020, mas ainda assim um brit�nico. O comediante John Oliver, de 44 anos, d� in�cio � sua nona temporada � frente do “Last week tonight”, na HBO Max, neste domingo (20/2), nos Estados Unidos. A exibi��o no Brasil ser� sempre �s ter�as, a partir do pr�ximo dia 22.

At� outubro, ele ir�, durante meia hora, apresentar hist�rias sobre o Afeganist�o, imigra��o, desemprego, ind�stria das armas e... coelhos gigantes. Sim, porque desde 2021 de volta ao est�dio e novamente com plateia (ainda que reduzida), o programa de humor � capaz de falar de assuntos realmente relevantes em meio a idiotices como ursos de pel�cia jogados para o alto. 

A receita � a mesma ao longo de nove anos – a d�cima temporada j� est� confirmada para 2023: basicamente, a cada semana Oliver escolhe um tema de refer�ncia que transforma em um segmento de quarto de hora e em torno do qual faz girar os demais componentes do programa.

O que n�o quer dizer que seja f�cil. Com piadas mordazes, Oliver busca apresentar hist�rias que o p�blico n�o viu. Ou se j� viu, � apresentada por �ngulos diferentes. Com uma plateia cada vez mais global gra�as � internet (o canal do programa no YouTube, alimentado constantemente, est� beirando os 9 milh�es de inscritos) e ao streaming, ele n�o se furta a grandes hist�rias que saiam das fronteiras americanas.  

Em entrevista a um grupo de jornalistas estrangeiros da qual o Estado de Minas participou, Oliver falou sobre seu processo de produ��o, a dificuldade de trabalhar em meio � pandemia e as “figuras pol�ticas extravagantes” que n�o faltam hoje, mesmo na aus�ncia de Donald Trump. 

“A menos que voc� seja muito cuidadoso, poder� passar todo o seu tempo dando aten��o demasiada a coisas pat�ticas que est�o falando em vez de dar aten��o ao que est�o fazendo”, afirmou. E, sim, assim como fez em 2018, ele dever� dedicar um programa � elei��o presidencial no Brasil. “Sinto muito pelo que voc�s est�o prestes a passar.” 

“LAST WEEK TONIGHT” 

A nona temporada da s�rie de John Oliver tem estreia prevista para esta ter�a (22/2), na HBO Max

ENTREVISTA


Em 7 de outubro de 2018, primeiro turno das elei��es brasileiras, voc� dedicou seu programa ao pleito, criticando tanto o ent�o candidato Jair Bolsonaro quanto a campanha do PT. Teremos neste ano novas elei��es no Brasil. Podemos esperar a campanha novamente na pauta do programa?
Me parece muito improv�vel que n�o mencionemos as elei��es brasileiras de alguma forma. Basicamente, tudo a respeito disso � extremamente interessante para mim. Ent�o, sim. N�o prometo, mas n�o consigo imaginar um mundo em que n�o cubramos as elei��es brasileiras. E sinto muito pelo que voc�s est�o prestes a passar.

Assim como no Brasil, a Fran�a tamb�m ter� uma elei��o presidencial em 2022. Estar� no programa?
Toda vez que algu�m pede para falar sobre as elei��es de algum pa�s � porque as coisas n�o est�o indo bem. Ningu�m fala comigo: ‘Fale sobre as nossas elei��es porque temos um bom elenco de candidatos’. Ent�o, sim, vamos tentar encontrar espa�o para mostrar a dor dos franceses tamb�m. 

O que motiva voc� a apresentar hist�rias de outros pa�ses?
� sobre encontrar o �ngulo certo e a hora certa de falar a respeito para o p�blico americano. Geralmente, s�o elei��es. Por isso, falei sobre as elei��es brasileiras, mostrei quem era o Bolsonaro. Achava que ele tinha chance de ganhar e as pessoas tinham que saber quem era este cara, o que a elei��o poderia trazer de consequ�ncia. Tento apresentar outro olhar, dar uma perspectiva para o meu p�blico sobre quest�es internacionais. Por isso, fizemos no ano passado uma grande hist�ria sobre Taiwan (mostrando como a ilha foi, historicamente, governada por outros pa�ses e falando de sua rela��o atual com a China). Tentamos mostrar o que os taiwaneses queriam para eles. Normalmente, uma elei��o � a maneira mais comum de falar da situa��o de um pa�s. Isso � mais pr�tico do que falar muito de hist�ria de um lugar, coisa que n�o d� para ser feita em apenas um programa, mesmo com algu�m de fala r�pida como eu.

Quais foram os desafios em retornar para o est�dio na temporada passada e o que voc� espera desta?
Em termos de produ��o, o grande desafio foi n�o estar l�. Ent�o, foi um al�vio enorme retornar ao est�dio no ano passado, basicamente porque tivemos, em 2020, que fazer o programa de nossas casas em Nova York, o que n�o � o ideal. Foi muito dif�cil fazer o programa sem material algum, al�m da sua cabe�a, em um quarto com uma parede branca. Na �poca em que estava tudo reduzido, at� conseguir colocar o programa no ar era um desafio. � excitante voltar ao est�dio, fazer coisas em grande escala, estar apto a gravar fora de novo. Estamos bem animados em retornar agora porque h� coisas espetaculares e idiotas, como jogar um urso de pel�cia no teto, o que se pode fazer em um est�dio e n�o em um apartamento, com pessoas vivendo acima e abaixo de voc�. 

O seu programa teria a mesma estrutura se estiv�ssemos em 1999, por exemplo, onde n�o havia essa prolifera��o de fake news?
Acho que sim. Trabalhamos muito, sobretudo nas hist�rias principais de cada programa, pois queremos ter certeza de que tudo foi apurado. Geralmente, trabalhamos em seis grandes hist�rias ao mesmo tempo. Checamos, com rigor, todas elas para que n�o possam ser questionadas. N�o consigo me imaginar trabalhando de outra maneira, independentemente da �poca. Poderia trabalhar de outro jeito, mas seria ruim, haveria erros e eu seria cobrado por eles. Fazemos assim por duas raz�es: porque queremos fazer da maneira correta e porque, se errarmos, poderemos ser processados. N�o � que nunca tenhamos sido processados, j� fomos, mas nunca perdemos. A inten��o n�o � n�o ser processado: se formos, queremos ganhar a a��o.

Trey Parker, criador de “South Park”, disse certa vez que Donald Trump dificultou a s�tira. Trump se foi do poder, mas o mundo continua absurdo. Isso de alguma forma dificultou para os comediantes?
Acho que no geral, sim. Na maioria das vezes, na s�tira voc� pega coisas importantes e encontra uma maneira de faz�-las rid�culas. Com Donald Trump, as coisas que ele fazia eram t�o rid�culas que voc� tinha que arrumar uma maneira de mostrar ao p�blico que aquilo era importante. Ent�o era uma maneira diferente de processar o que estava acontecendo. H� t�o pouco o que aproveitar de figuras pol�ticas rid�culas que, a menos que voc� seja muito cuidadoso, poder� passar todo o seu tempo dando aten��o demasiada a coisas pat�ticas que est�o falando, em vez de dar aten��o ao que est�o fazendo. Esse � o desafio quando voc� se depara com figuras extravagantes como (o premi� brit�nico) Boris Johnson, (o ex-presidente dos EUA) Donald Trump, (o premi� h�ngaro) Viktor Orb�n. Tem que ter certeza de que n�o est� trabalhando a favor deles, focando sua aten��o nas coisas que menos importam. Esse foi o desafio durante a gest�o Trump. Acabou, por ora, mas talvez possa voltar.

Not�cias ruins, em geral, s�o melhores para o programa do que as boas?
Nossas hist�rias principais n�o s�o not�cias per se. Trabalhamos mais com hist�rias que t�m diferentes lados. Mas provavelmente somos atra�dos por coisas complicadas. Em geral, tentamos mostrar �s pessoas coisas que elas ainda n�o viram. Por isso tentamos fugir das not�cias que elas acompanharam a semana toda. No entanto, adoramos ter a habilidade para trabalhar hist�rias negativas, desafiando as pessoas a olha- rem para o outro lado. � como apresentar uma boa sobremesa depois de um jantar em que o prato principal era s� de vegetais.


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