A piada de Chris Rock com Jada Pinkett-Smith – “ela deveria fazer G.I. Jane 2; mal posso esperar para ver” – que remete � personagem de cabelos raspados de Demi Moore no filme de 1997, recebeu, como resposta, um tapa de Will Smith no comediante. Jada sofre de alopecia, e j� havia falado de sua condi��o publicamente.
O imbr�glio virou a grande quest�o da 94ª. cerim�nia da Academia de Artes e Ci�ncias
Cinematogr�ficas, repercutindo mundo afora.
Com a palavra, humoristas e atores mineiros d�o sua opini�o sobre o ocorrido no Oscar.

Bruno Motta
“Entendo que seja uma piada, mas ainda assim � uma piada entre artistas. O Will Smith, que tem feito campanhas antiviol�ncia, perdeu a raz�o quando deu o tapa. Poderia ter se retirado do recinto. A piada (do Chris Rock) n�o foi sem limite, foi boba. Acho que n�s, enquanto sociedade, aprendemos a olhar para coisas que nunca tiveram gra�a. Estou falando de machismo, homofobia. As piadas na �poca do Didi (dos Trapalh�es) talvez nunca tiveram gra�a. Hoje podemos ser melhores do que isto. Para mim, o humor n�o tem limites. Como comediante, quero escolher alvos melhores: um governante, que est� no poder, � rico, ser� escolhido (como alvo de uma piada) do que uma minoria. Vamos usar a falta de limites do humor a nosso favor.”

Carlos Nunes
“Foi um desrespeito de um lado e de outro. Sem desmerecer o talento genial do Will Smith, n�o � pela piada que vou bater em algu�m. Imagina se a moda pega e come�amos a bater em todo o mundo que fala mal da gente? Agora, perder o cabelo � uma coisa delicada mesmo. Eu tenho tr�s fios, usei rem�dio a vida inteira para nascer cabelo mesmo sabendo que n�o adianta. Ent�o, podem falar tudo de mim, menos do meu cabelo. Eu posso falar, mas n�o quero que ningu�m fale.”

Maur�cio Cangu�u
“J� assisti o v�deo umas 20 vezes e acho que � montado. N�o acreditei no tapa at� agora. Agora, a piada foi desagrad�vel e desnecess�ria. A gente faz rir com bom senso e bom gosto, n�o precisamos perd�-los para sermos engra�ado. O limite tem o limite do bom senso. Mas n�o esse limite chato do politicamente correto que estamos vivendo hoje.”

Kayete
“Foi uma piada desnecess�ria. Na minha carreira sempre achei que se eu for rir de algu�m, que seja de mim mesma, das minhas situa��es e dores. Nunca fui a favor da com�dia que pegue o outro como exemplo para mexer na ferida. � ultrapassado e n�o funciona mais. Agora, claro que a partir do momento em que uma pessoa se levanta e d� um tapa em outra numa premia��o ao vivo, ela perde a raz�o. A viol�ncia n�o � justificada. Por outro lado, n�o sabemos o que a Jada est� passando, qual a luta di�ria dos dois. Acho que voc� n�o precisa ter limite para o humor, mas precisa ter respeito.”

Guilherme Oliveira
“Acho que n�o vale tudo no humor. Claro que como seres humanos e pessoas falhas, rimos de determinadas situa��es para refletir sobre elas depois. Aquele n�o era um momento de fazer gra�a. N�o condeno a atitude do Will Smith. Acho que a piada tocou num ponto do c�rculo familiar dele, de uma doen�a e pela exposi��o da mulher dele. N�o achei que foi mach�o, mas usou um mecanismo de defesa por ver a mulher numa situa��o triste. O humor mudou muito nos �ltimos anos e temos que ter cautela, pois ele sempre teve um caminho um pouco ego�sta. A piada �s vezes � colocada sem a preocupa��o de onde est� indo. E o mundo hoje est� ganhando voz. Com as pessoas t�o vulner�veis e com tantos problemas, temos que ter um cuidado grande.”

Thiago Com�dia
“Sou um humorista mais light, acho que no humor n�o vale tudo. N�o brinco com futebol, religi�o e pol�tica, por exemplo. A gente est� vivendo num mundo muito dif�cil e triste, ent�o sou contra o humor usado para ferir as pessoas. Acho que o Will Smith poderia ter falado depois (com o Chris Rock) do que dar um tapa na cara ao vivo num Oscar. Pelo tamanho deles, qualquer coisa que fazem gera m�dia e um tapa � forte demais.”