
A no��o de tempo foi totalmente modificada durante o per�odo de isolamento imposto pela pandemia. E a luz � elemento essencial para determinar a passagem do tempo. Tais quest�es foram determinantes para a produ��o recente da ga�cha radicada em S�o Paulo Rochelle Costi. Tr�s s�ries – “Equil�brio”, “Florada” e “Solares” – comp�em a exposi��o individual da artista, em cartaz na Celma Albuquerque.
� a primeira exposi��o de Rochelle em 2022 e a segunda desde que a crise sanit�ria foi instaurada. “O ambiente dom�stico � um tema recorrente no meu trabalho, ent�o para mim n�o foi um estranhamento ficar em casa. O que senti muita falta foi do contato com a cidade, pois na minha obra gosto de fazer a rela��o do �ntimo com o p�blico”, afirma.
As fotografias que comp�em “Florada” foram feitas neste per�odo, ainda que ela tenha iniciado a s�rie h� seis anos. “Comecei a fotografar vasos de flores sempre no mesmo local. Moro numa casa da d�cada de 1930 e tenho um canto com uma plataforma de m�rmore. Ali, sempre de manh�, posiciono os vasos com as flores que existem em cada esta��o. A diferen�a parece sutil, mas � bem forte”, comenta.
As imagens de “Equil�brio” t�m a mesma toada, ainda que os elementos sejam outros. Colecionadora, h� muitos anos, de objetos “interessantes, n�o necessariamente valiosos, mas que t�m hist�ria para contar”, Rochelle os tirou das gavetas e os levou para o centro da cena.
“Tenho quase 200 objetos, alguns deles ativos em outros trabalhos. Aqui, escolhi 50 deles e durante mais de um m�s os coloquei no mesmo lugar.” A artista criou um fundo infinito pr�ximo a uma janela sob a luz solar e os fotografou. “A distribui��o foi bem informal, mas entre eles � poss�vel fazer associa��es.” Algumas obras re�nem as fotos de tr�s objetos; outras, duas.
“Tem uma caminha, suvenir do Museu Van Gogh, que � igual � cama da pintura do quarto dele. Fotografei ao lado de um barquinho cor de laranja, feito de miriti, que � tido como o isopor da Amaz�nia. (Juntas) as fotos remetem ao sono, sonho, navegar, coisas deste tipo.” Para a artista, a s�rie “Equil�brio” faz mexer com a mem�ria. “Por vezes, um objeto sem valor, pode resgatar lembran�as importantes para as pessoas.”

ILHA DO MARAJ�
A �ltima s�rie, “Solares”, � tamb�m a mais recente. No in�cio deste ano, Rochelle aceitou o convite de uma amiga e foi at� a pequena Afu�, na Ilha do Maraj�, no Par�. No munic�pio n�o existe nenhum ve�culo motorizado – s� se chega de barco.“Tive a oportunidade de observar a forma como as pessoas disp�em de materiais para bloquear o sol. S�o combina��es de cores muito livres, laranjas, azuis, que comp�em uma est�tica espec�fica e especial”, conta Rochelle. Ela fotografou tais imagens e as colocou em tecidos, criando cortinas bem coloridas e fluidas. Cada s�rie de imagens pode ter at� 20 reprodu��es.

EQUIL�BRIO, FLORADA, SOLARES
Exposi��o de Rochelle Costi. Em cartaz na Celma Albuquerque Galeria de Arte, Rua Ant�nio de Albuquerque, 885, Savassi, (31) 3227-6494. Visita��o de segunda a sexta, das 10h �s 19h; s�bados, das 10h �s 13h. At� 30 de abril