Ate�smo ou cren�a em Deus? O dilema antigo da humanidade � discutido na pe�a “A �ltima sess�o de Freud”, que chega nesta sexta-feira (1º/4) ao Grande Teatro do Sesc Palladium, em Belo Horizonte, depois de estrear em S�o Paulo. O debate apaixonado se d� entre o psicanalista Sigmund Freud (papel de Odilon Wagner), cr�tico implac�vel da cren�a religiosa, e o cr�tico liter�rio C. S. Lewis (Claudio Fontana), renomado professor de Oxford e ex-ateu, defensor da f� baseada na raz�o.
A conversa � ambientada no consult�rio de Freud, na Inglaterra, onde ele se exilou ap�s fugir da persegui��o nazista na �ustria, durante a Segunda Guerra Mundial.
VERDADE E MENTIRA
Freud quer entender por que um brilhante intelectual como C. S. Lewis pode, segundo suas palavras, “abandonar a verdade por uma mentira insidiosa”, tornando-se crist�o convicto.
O di�logo abre outras discuss�es, al�m da exist�ncia de Deus. Os dois conversam sobre o sentido da vida, natureza humana, sexo, morte e rela��es interpessoais. Com humor e sagacidade, a pe�a aborda tamb�m a import�ncia da escuta atenta como ingrediente fundamental para uma boa conversa.
“O retorno do p�blico em S�o Paulo foi excelente. � um tema t�o forte, dois personagens t�o intensos, que as pessoas ficam emocionadas”, afirma Odilon Wagner.
O roteiro toma como base o livro “Deus em quest�o”, de Armand M. Nicholi Jr., professor de psiquiatria da Harvard Medical School. O cen�rio de F�bio Namatame reproduz em pormenores o gabinete do psicanalista, onde se desenrola o embate verbal.
''N�o se trata de estar certo ou errado. O que o espectador leva para casa � que cada um tra�a seu caminho. N�o precisa matar, cancelar ou odiar ningu�m por pensar diferente"
Elias Andreato, diretor
Traduzido por Clarisse Abujamra, o texto do premiado autor americano Mark St. Germain revela, por meio do encontro fict�cio dos dois pensadores, influ�ncias centrais do pensamento cient�fico-filos�fico do s�culo 20.
Dirigida por Elias Andreato, a pe�a � a concretiza��o do esfor�o de cerca de 10 anos de Odilon Wagner e do produtor de teatro Ronaldo Diaferia. O ator revela que construir o personagem Freud � uma das experi�ncias mais marcantes de sua carreira.
“Freud � uma entidade, todos conhecem. Esse � um dos textos mais bem escritos que j� li, com caracter�sticas de espet�culo cl�ssico. Um bom texto para ser interpretado pelos atores de forma realista”, afirma, referindo-se � reprodu��o fiel do gabinete do psicanalista. Objetos, ilumina��o e figurinos contribuem para esse realismo.
Freud acredita que a religi�o � ilus�o, ao contr�rio de C. S. Lewis. “� uma discuss�o sobre o que move a humanidade. Por que estamos aqui, para onde vamos, qual o sentido da vida? Existe um criador respons�vel por toda a beleza do universo? H� continuidade depois da morte?”, observa Wagner. “N�o h� vencedores. S�o pensamentos que se complementam. O que fica � a import�ncia do di�logo, de saber ouvir o outro que tem ideias diferentes.”
EMBATE
O diretor Elias Andreato destaca que a palavra tem lugar central na pe�a. O texto � o protagonista. Para ele, � importante p�r em cena quest�es essenciais para o momento atual, marcado pela intoler�ncia. O embate entre duas pessoas de correntes de pensamento opostas pode ocorrer respeitosamente.
“� estabelecido o di�logo que respeita a posi��o de cada um. N�o se trata de estar certo ou errado. O que o espectador leva para casa � que cada um tra�a seu caminho. N�o precisa matar, cancelar ou odiar ningu�m por pensar diferente”, afirma Elias Andreato.
Em cartaz hoje e s�bado (2/4), a montagem marca a volta da programa��o presencial do projeto Palco Instituto Unimed-BH.
“A �LTIMA SESS�O DE FREUD”
Dire��o: Elias Andreato. Com Odilon Wagner e Claudio Fontana. Nesta sexta-feira (1º/4) e s�bado (2/4), �s 21h. Grande Teatro do Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. R$ 75 (inteira) e R$ 37,50 (meia-entrada). Vendas on-line no site Sympla