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Estado de Minas CINEMA

Adolescente enfrenta o desafio de ser livre no filme 'Charuto de mel'

Estreia em BH longa dirigido por Kamir A�nouz sobre garota �s voltas com a descoberta da sexualidade, opress�o machista e a fam�lia que a impede de amadurecer


02/04/2022 04:00 - atualizado 02/04/2022 07:46

Em cena sensual do filme Charuto de mel, atriz Zoé Adjani come o doce a que se refere o título do longa
Em ''Charuto de mel'', Zo� Adjani, sobrinha da atriz Isabelle Adjani, vive a garota de 17 anos que enfrenta a dor e a del�cia de amadurecer (foto: IMOVISION/DIVULGA��O)


Olhando de fora, Selma � uma adolescente de 17 anos como tantas outras na Fran�a da d�cada de 1990. Filha �nica de um advogado e uma ginecologista argelinos que migraram para aquele pa�s, ela se d� bem com o pai e sofre um pouco com o desd�m da m�e, que deixou a profiss�o para criar a filha. Nada muito digno de nota, � o que mostra o in�cio de “Charuto de mel”, primeiro longa-metragem da cineasta franco-argelina Kamir A�nouz.


A vida de Selma (Zo� Adjani, sobrinha de Isabelle Adjani) est� mudando rapidamente. A partir do momento em que se interessa por um colega de col�gio franc�s e os pais come�am a planejar seu casamento (que deve ser com um filho de argelinos), a din�mica familiar d� uma guinada.


GUERRA DA ARG�LIA

Simultaneamente, Selma est� descobrindo a sexualidade. Quer seguir o pr�prio caminho, e a press�o dos pais n�o ajuda em nada esse percurso. Em meio a isso, h� a Guerra Civil da Arg�lia (1991-2002), que provoca o recuo das conquistas das mulheres. A m�e decide voltar ao seu pa�s para trabalhar e ajudar outras mulheres, mesmo que isso coloque sua vida em risco.

Esse drama sobre o amadurecimento traz muitos elementos da pr�pria trajet�ria da diretora. “(Para fazer o filme) Me inspirei muito na obra de cineastas como Gus van Sant e Jean-Marc Vall�e, nomes que no in�cio da carreira tamb�m olharam para seus anos de juventude. Esse tipo de filme � o que envelhece melhor. Dez anos depois de lan�ado, por exemplo, ele continua fazendo sentido”, comenta Kamir.

Outra raz�o, diz ela, � que a d�cada de 1990, os anos de adolesc�ncia da cineasta, foram “tempos dram�ticos na Arg�lia”. “O pa�s, caindo no terrorismo, passou a esconder as mulheres. Lembro-me de que eu e uma prima n�o pod�amos ir mais � praia, usar biqu�ni. No filme, Selma est� liberando seu corpo ao mesmo tempo em que o pa�s vai na dire��o oposta”, continua Kamir.

A diretora comenta que h� situa��es no drama que realmente aconteceram. E diz que tem muito dela pr�pria em Selma. “O mais importante � que coloquei na personagem as emo��es, o que senti na �poca, a mistura de raiva e ansiedade. Como poderia me sentir livre no meu corpo, se eu n�o tinha liberdade? Queria n�o s� mostrar, mas fazer com que o p�blico sinta uma das maiores injusti�as do mundo: mulheres n�o t�m a mesma liberdade dos homens”, acrescenta.

O IRM�O CINEASTA

Kamir, o sobrenome logo entrega, � meia-irm�, por parte de pai, do cineasta brasileiro Karim A�nouz. Dez anos os separam, mas ele sempre foi uma refer�ncia. “Enquanto eu crescia, o via j� trabalhando. Isso, claro, me inspirou, ainda que os filmes dele n�o tenham me influenciado diretamente.”

Mas n�o h� como n�o relacionar o debate que tanto “Charuto de mel” quanto “A vida invis�vel” (2019) prop�em sobre a invisibilidade das mulheres e sua luta por liberdade. Assim como Karim, Kamir tamb�m dedicou seu filme � pr�pria m�e.

“Ambos perdemos nossa m�e nos �ltimos anos, e as duas foram cruciais para o nosso desenvolvimento, o tipo de pessoas que somos. � bonito que, coincidentemente, tenhamos feito filmes sobre mulheres”, finaliza Kamir A�nouz.

“CHARUTO DE MEL”

(Fran�a, 2020, 100min, de Kamir A�nouz, com Zo� Adjani, Amira Casar e Ly�s Salem). Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Hoje (2/4), �s 19h30 e 20h; domingo (3/4), �s 14h e 20h; a partir de segunda-feira (4/4), �s 17h e 19h30.


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