Will Smith fala de sua 'covardia' em biografia lan�ada no Brasil

“Olhando para tr�s, me dou conta de que talvez estivesse exagerando um pouco, mas a raz�o de eu odiar tanto aquelas cr�ticas era porque eles, sem saber, estavam cutucando aquilo que eu mais odiava em mim mesmo: a sensa��o de ser um covarde.” A frase � do ator Will Smith e voc� pode estar se perguntando se ela se refere ao esc�ndalo do tapa ocorrido na �ltima festa do Oscar.

Nada disso. A reflex�o faz parte de “Will”, livro escrito pelo ator em parceria com Mark Mason, no qual ele fala do que viveu desde a inf�ncia at� se tornar astro de Hollywood.

O livro revela a busca de Will por equil�brio emocional. Muito mais que tra�ar como ele alcan�ou o �pice da carreira de ator, a biografia permite contato com o mundo interior do artista, as quest�es mais profundas que o atravessam e a rela��o com a fam�lia – tanto com pais e irm�os, quanto a que constituiu com Jada Pinkett Smith.

Will � paciente da terapeuta austr�aca Michaela Boehm, com forma��o em psicologia junguiana. O livro, ali�s, parece derivar das sess�es de psican�lise. O ator investiga sua pr�pria personalidade e – pasmem! –, o que ele mais faz � questionar a passividade, a do�ura, o jeito de resolver tudo de maneira diplom�tica, sendo engra�ado.

Em dado momento, ele revela o conflito entre o Tio Fofo, que a todos quer alegrar e agradar, e Will, ser humano que, como qualquer outro, � atravessado por dilemas existenciais, algu�m que passa por momentos dif�ceis e lida com sentimentos ruins. Afirma que, desde a inf�ncia, optou pela personalidade engra�ada, o melhor jeito que descobriu para ser amado.

Will conta como os pais se encontraram, pessoas de personalidades e forma��es distintas. O pai, extrovertido, falador e brincalh�o, de pouco estudo, mas muito disciplinado. A m�e, mulher de poucas palavras, mas muito culta por gostar de ler, com a forma��o superior que poucas mulheres negras receberam nos Estados Unidos na d�cada de 1960. Amante de jazz e blues, o casal viveu a era gloriosa da Motown.

O pai de Will teve papel fundamental na forma��o do car�ter do ator, fazendo dele um homem disciplinado. Disciplina adquirida na For�a A�rea americana imposta aos filhos.

Will atribui a essa disciplina o sucesso do ator, que bate recordes de bilheteria. Indagado por rep�rteres sobre o sucesso estratosf�rico, respondia: “Bom, eu me considero bem mediano em termos de talento. Acredito que tenho vantagem quando se trata da minha disciplina inflex�vel e implac�vel e da minha �tica do trabalho.”

Durante a inf�ncia, Will conviveu com o pai atormentado pelo alcoolismo, que o tornava extremamente violento com a esposa, Caroline. Uma das cenas que marcam suas lembran�as � n�o ter reagido �s agress�es sofridas pela m�e. Isso o colocou, para si mesmo, no lugar de covarde.

Ao mesmo tempo, o menino percebeu que poderia controlar o pai se o fizesse rir. A liga��o dos dois � marcada por esse conflito. N�o � � toa que eles t�m o mesmo nome: o astro foi batizado Williard Carrols Smith II.

Embora com alguns problemas de tradu��o, o livro traz momentos curiosos da vida do jovem  Will Smith, como a tarefa que o pai imp�s a ele e ao irm�o de reconstruir um muro gigantesco em frente da sua loja, de tr�s metros de altura por seis metros de comprimento. 

 

O ator revela que tomou ayahuasca, ch� alucin�geno preparado por xam�s na Amaz�nia.

“Sou feliz?”, pergunta ele, em certo momento. Para os mortais, a resposta pode ser �bvia por se tratar de um ator que conquistou sucesso e constituiu fam�lia que � refer�ncia. No entanto, a resposta a essa pergunta, no cap�tulo “A entrega”, � bastante surpreendente e engra�ada.

Com texto leve e r�pido de ler, o livro � divertido e pode ajudar a compreender Smith, que corre o risco de virar persona non grata em Hollywood ap�s agredir Chris Rock, durante a festa do Oscar, para defender a esposa.

• De Will Smith, com Mark Mason

• Editora BestSeller

• 448 p�ginas

• R$ 59,90