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Estado de Minas ARTES C�NICAS

Mi� Mello traz a BH mon�logo sobre as dores e as del�cias da maternidade

"M�e fora da caixa", baseado no livro hom�nimo de Tha�s Vilarinho, tem apresenta��es neste s�bado (9/4) e domingo, no Teatro Sesiminas


09/04/2022 04:00 - atualizado 08/04/2022 23:07

Vestida de camisa branca e macacão azul, sentada em vaso sanitário infantil, a atriz Miá Mello faz careta e abre os braços em cena de mãe fora da caixa
Mi� Mello se apresenta hoje e amanh� em BH, na retomada da pe�a, que esteve em cartaz em 2019 e teve suas apresenta��es suspensas a partir da chegada da pandemia (foto: Jonatas Marques/divulga��o)

"� muito libertador poder gritar que o 'p�s-parto � de f****'. Sei que muitas mulheres, que est�o ali com os seus companheiros, t�m vergonha. Mas � algo necess�rio, j� que o homem assume, muitas vezes, somente o papel de ajudante nos cuidados com a crian�a e ainda � considerado 'o pai do ano'. H� um m�rito gigantesco nisso"

Mi� Mello, atriz


Os dilemas, as ang�stias, as d�vidas e as alegrias da maternidade s�o o arcabou�o do mon�logo “M�e fora da caixa”, que a atriz, apresentadora e humorista Mi� Mello traz a Belo Horizonte neste s�bado (9/4) e domingo. 
 
Ao longo de 2019,  o espet�culo esteve em cartaz no Rio de Janeiro e em S�o Paulo. A pandemia do novo coronav�rus interrompeu a carreira da pe�a, retomada agora numa turn� que j� passou por Jo�o Pessoa e Bras�lia e seguir� para Curitiba e Campinas, depois da capital mineira. 

Na trama, Mi� interpreta uma mulher que tem uma filha de 7 anos. Trancada em seu banheiro, ela aguarda o resultado de um teste de gravidez. A expectativa traz � tona emo��es e mem�rias relacionadas com sua experi�ncia de maternidade e um conflito em torno da ideia de repeti-la. 

O espet�culo � adaptado do livro hom�nimo de Tha�s Vilarinho. A montagem foi uma iniciativa do ator e produtor Pablo San�bio, que se interessou pelo livro e pelo tema depois de se tornar pai de uma menina.
 
“Pablo tem a fama de ser um midas, j� que tudo o que ele faz se torna valioso. Quando ele me ligou e disse que estava com um livro que renderia uma boa hist�ria e que eu deveria participar, aceitei o convite na mesma hora”, conta Mi� Mello, que � m�e de Nina, de 13, e Ant�nio, de 5. 

“Comprei o livro e o li no mesmo dia. Fiquei muito impressionada com a narrativa da Tha�s, pois a obra exprime sensa��es por meio dos seus contos. O que me deixou mais comovida � que, em alguns casos, mesmo que o texto n�o relatasse precisamente algo que eu tinha vivenciado sendo m�e, ele me remetia a algumas quest�es da minha maternidade e at� mesmo como filha. H� uma identifica��o muito forte”, comenta.

OMBRO AMIGO

Tha�s Vilarinho � conhecida no ambiente digital por tratar com franqueza a realidade da maternidade, evidenciando suas fragilidades, dores, erros e acertos. Ela escreveu “M�e fora da caixa” ap�s o nascimento de seu primeiro filho, com a inten��o de oferecer um ombro amigo aos pais e m�es que se sentem pressionados diante do desafio de cuidar de uma crian�a. 

No processo de prepara��o da montagem, segundo conta Mi�, surgiu a ideia de trabalhar apenas com mulheres que s�o m�es. A pe�a, que � um di�logo entre o livro e o perfil da autora no Instagram, � dirigida por Joana Lebreiro, com texto de Cl�udia Gomes. Ambas, assim como Mi�, t�m dois filhos.

“Quando n�s tr�s fizemos a primeira reuni�o, foi como se j� nos conhec�ssemos a vida toda. Mesmo com trajet�rias diferentes e com as diferen�as da experi�ncia individual da maternidade, conseguimos, inconscientemente, nos identificar com diversas situa��es e, com isso, come�amos a acrescentar e misturar no espet�culo experi�ncias particulares. O tema � amplo e tem muita coisa para dizer, daria para fazer continua��es da pe�a com assuntos distintos”, afirma a atriz. 

Mi� Mello considera que debater o tema da maternidade � um ato pol�tico. “A arte, por si s�, � um ato pol�tico. Isso � inevit�vel. Falar sobre os direitos da mulher e, sobretudo, dos deveres e atividades, que muitas vezes s�o invis�veis aos olhos alheios, tamb�m �. Afinal, al�m de vivermos em uma sociedade machista e patriarcal, a porcentagem de crian�as sem o nome do pai na certid�o de nascimento � gritante.”

SOBRECARGA 

Casada com o diretor Lucas Melo, a atriz assinala que, mesmo estando em uma boa rela��o conjugal, a mulher ainda se mant�m sobrecarregada. “Por conta de um trabalho, estou longe de casa h� um m�s, e ainda me preocupo em ligar para o meu marido para saber se ele comprou o rem�dio da alergia das crian�as, se est�o tomando e se j� passou. Isso quando a escola n�o escolhe ligar para mim, ao inv�s de entrar em contato com ele, que est� l� em S�o Paulo, para falar alguma coisa sobre elas. E olha que esses s�o pontos superficiais quando comparados ao todo”, exemplifica. 

Ao final do mon�logo, Mi� Mello prop�e uma conversa com a plateia, na qual “todos compartilham hist�rias e experi�ncias divertidas e emocionantes”, segundo diz. “Mesmo que o teatro seja grande, as pessoas se envolvem e esperam a vez de falar, sem se dispersar. H� uma imers�o gigantesca, � uma parte que eu amo.” 

Particularmente, ela considera o texto transformador. “� muito libertador poder gritar que o ‘p�s-parto � de f****’. Sei que muitas mulheres, que est�o ali com os seus companheiros, t�m vergonha. Mas � algo necess�rio, j� que o homem assume, muitas vezes, somente o papel de ajudante nos cuidados com a crian�a e ainda � considerado ‘o pai do ano’. H� um m�rito gigantesco nisso”, afirma.

Durante a pandemia, com a suspens�o das apresenta��es, a atriz pensou em promover altera��es no texto da pe�a. “Quando voltei a fazer o espet�culo, percebi que n�o havia necessidade de readequar, ainda mais que, com o isolamento (social), a sobrecarga da maternidade ficou evidente. As coisas n�o deixaram de acontecer, as dificuldades de amamentar e ter um corpo dentro de voc�, o que � lindo, mas, ao mesmo tempo, � um processo doloroso, as paranoias da gravidez. Tudo isso exp�s ainda mais a import�ncia do assunto”, avalia. 

CHORO 

Mi� conta que, embora interprete o texto desde 2019, ainda hoje continua se emocionando com a pe�a. “Volta e meia acabo chorando, seja por relembrar dos meus filhos ou por falar de algo que estou vivendo com eles. N�o h� manual para ser m�e, principalmente quando se tem mais de um filho. S�o pessoas muito diferentes e �nicas e, consequentemente, maternidades distintas.”

A pe�a, segundo afirma, lhe abriu portas para outros trabalhos, como o longa “De pai para filho”, de Paulo Halm, que ela grava atualmente, no Rio de Janeiro. “Antes de me convidar para integrar o elenco do filme, o Paulo foi assistir a ‘M�e fora da caixa’ e disse que me viu como uma �tima int�rprete para a personagem (do filme) Dina, que � m�e e vi�va. O filme fala n�o s� sobre o amor, as rela��es e as dores, mas tamb�m levanta a quest�o da maternidade e da paternidade”, diz.

Ainda no campo do audiovisual, ela interpretar� a m�e de uma adolescente na s�rie “Tudo igual, s� que n�o”, que a Disney+ pretende lan�ar ainda neste ano. Em mar�o de 2021, Mi� Mello apresentou o talk show cient�fico “Posso explicar”, no National Geographic.

A transposi��o para o cinema de “M�e fora da caixa” � outro de seus projetos. Ela diz que o roteiro j� est� sendo escrito e que as filmagens possivelmente ocorrer�o no ano que vem. At� l�, Mi� Mello espera continuar a pleno vapor. “Meu desejo sempre foi poder fazer qualquer papel e, hoje, ap�s ‘M�e fora da caixa’, vejo que isso � plenamente poss�vel. Gosto de hist�rias que t�m bons personagens e um dos meus sonhos � tamb�m poder escrever.”

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Silvana Arantes

“M�E FORA DA CAIXA”

Dire��o: Joana Lebreiro. De: Cl�udia Gomes. Com Mi� Mello. Neste s�bado (9/4), �s 20h, e domingo (10/4), �s 18h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efig�nia, (31) 3241-7181). Classifica��o: 12 anos. Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia) nos setores 1 e 2; R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) na plateia 3. � venda no site Sympla e na bilheteria do teatro


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