(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES C�NICAS

'O fundo do po�o � fundamental', diz Heloisa P�riss�, ap�s vencer o c�ncer

Atriz comemora sua volta aos palcos com 'A iluminada', pe�a sobre a transforma��o que ela vivenciou ao enfrentar a doen�a


23/04/2022 04:00 - atualizado 22/04/2022 20:31

Maquiada e usando fone de ouvidos, Heloísa Perissé olha para a cãmera, sentada em teatro com poltronas vaizas
A atriz Helo�sa P�riss� recusa o r�tulo de guerreira e afirma a respeito da cura do c�ncer: 'N�o era o momento de eu ir, na hora certa eu vou' (foto: Globo/Divulga��o )

Como a maioria dos artistas, Helo�sa P�riss� aproveita a desacelera��o da pandemia para voltar ao palco. A atriz mata as saudades do p�blico com “A iluminada”, que j� passou por teatros de Bras�lia, S�o Paulo e Salvador, al�m de Portugal. Brincando com a era do TEDx, palestras sobre experi�ncias vivenciadas, a pe�a traz Doroteia das Dores, mulher com trajet�ria de supera��o que se prop�e a ensinar como chegar � ilumina��o. Helo�sa assina texto da pe�a, dirigida por Mauro Farias.


Curada de um c�ncer raro, Helo�sa experimentou o fundo do po�o sugerido na pe�a. Neste novo momento pessoal e profissional, ela deseja compartilhar sua viv�ncia com o p�blico. “Quero ser um caleidosc�pio, onde pedrinhas caem e permanecem lindas, porque est�o em harmonia. Elas n�o competem, cooperam. Meu foco na vida � um mundo melhor”, afirma.

Heloísa Perissé abre os braços em cena da peça 'A iluminada'
Na pe�a 'A iluminada', cujo texto � de sua autoria, a atriz brinca com a moda do coach e das palestras TEDx (foto: Viviane Davila/Divulga��o )


Como surgiu a ideia da pe�a “A iluminada”?
Ela junta a minha pandemia particular, a pandemia no coletivo e o momento em que fui ao fundo da minha exist�ncia. Tive de arrancar for�as de l� para continuar vivendo aqueles momentos dif�ceis que as pessoas encaram durante um tratamento. Descobri que dali, daquele lugar, dava para tirar muita coisa boa. Podia apurar coisas interessantes, viver momentos como nunca tinha vivido. A pe�a “A iluminada” fala dessa virada, dessa metanoia, dessa mudan�a de mente. Tudo, claro, no diapas�o da com�dia.

O coach e as piadas sobre o tema v�m se tornando muito recorrentes. Como voc� encontrou a sua forma pessoal de fazer uma pe�a sobre coach?
A verdade � que ela n�o � coach, ela � “cuoach”: descobre que a pessoa tem de ir l� no inconsciente, l� no profundo, l� no cume (risos) da montanha para poder estar cara a cara com os problemas. Uma frase que li de Joseph Campbell foi imprescind�vel nesse contexto. Ele diz: 'A caverna em que voc� tem medo de entrar esconde o tesouro que voc� procura'. Ent�o, a hora em que voc� se despoja, larga o medo de perder, � muito importante. O momento fundo do po�o � fundamental, porque l� voc� encontra a cama el�stica que faz a gente dar o salto qu�ntico. A pe�a fala da boa esperan�a, da boa virada quando h� entrega. Para isso, por�m, � preciso a coragem de ir l� no cume da montanha.

H� uma esp�cie de “explos�o” da cultura de “pessoas iluminadas”. Como voc� v� isso?
Hoje, existem mais formas de as pessoas dividirem o que sentem, o que elas pensam. Ent�o, o fato de algu�m se considerar iluminado e falar para as pessoas vem sempre com o cuidado no falar e, principalmente, no ouvir e de quem ouvir. Com o acesso de voc� falar o que pensa vem tamb�m o acesso de ouvir o que as outras pessoas pensam. Agora, fico bolada com pessoas que se consideram iluminadas. Quanto mais iluminada uma pessoa �, mais ela diz s� sei que nada sei. Ela tem grande humildade. Sabe que realmente h� uma for�a que paira, que o homem faz planos, mas a palavra final � de Deus.

Vivemos o per�odo da volta aos palcos, depois de certa tr�gua da pandemia. Como � esse retorno?
� algo emocionante. Neste momento, voltar aos palcos significa voltar a viver, voltar � vida, vibrar e deixar essa for�a pulsante que todos carregamos sair de novo. � rir, � comemorar, � celebrar. Foi muito emocionante em Portugal. Quando cheguei em S�o Paulo, ent�o, no meu pa�s... A cidade da minha cura foi S�o Paulo. Lindo demais. Na sequ�ncia, fiz Salvador, no Teatro Castro Alves, lugar onde fui criada, das minhas origens. Acredito que o mundo inteiro est� buscando divers�o.

Sua vida pessoal foi marcada por outra not�cia boa: a cura do c�ncer. Como � estar de volta depois de tudo que voc� passou?
Tive a resposta da cura desse c�ncer, agora estou em per�odo de acompanhamento, porque ainda ficamos cinco anos assim para ver se est� tudo bem. N�o gosto que digam: 'Voc� � uma guerreira, voc� lutou'. D� a sensa��o de que quem venceu, lutou, e quem passou desta para melhor, n�o. Isso n�o � verdade. A gente tem o nosso tempo aqui nesta exist�ncia. N�o era o momento de eu ir, na hora certa eu vou. Me considero uma pessoa que fez o que tinha de fazer. � ainda tempo de estar por aqui nesta dimens�o, ent�o quero continuar por aqui fazendo sempre o meu melhor, entendendo que esta vida � legal e bacana, mas � uma passagem. Quero que minha vida tenha o tamanho dela. � interessante viver bem, mas � mais gratificante fazer a vida dos outros melhor. Contribuir para um mundo melhor. � isso que eu quero agora: descobrir o reino dos c�us dentro de mim e viv�-lo com plenitude para mim e para toda a humanidade.

Voc� faz com�dia h� muitos anos e est� sempre se atualizando. Como faz para dialogar com os novos tempos?
Estou sempre vendo coisas, lendo coisas, fora que tenho muitos filhos e enteados. Este ano, voltei para a faculdade, tenho contato com gente mais nova o tempo inteiro. Mantenho um bate-papo fluido com meus filhos, sempre me atualizando e discutindo sobre o meu ponto de vista e o deles. Uma rela��o muito rica. O mais importante de tudo � poder trocar, poder dialogar. Voc� passa a sua experi�ncia, recebe de volta o frescor que s� a juventude pode dar.

Voc� trabalhou com grandes nomes do teatro e da com�dia. Quem a inspirou e inspira at� hoje?
Trabalhei com muita gente boa. Com Chico Anysio, Domingos Oliveira, todo o pessoal da “Escolinha do professor Raimundo”. Teve um momento da minha vida em que dividia sala com Grande Otelo, Rog�rio Cardoso, Carlos Milani, Lucio Mauro. Segui a vida com Bruno Mazzeo, Lucinho e depois Ingrid Guimar�es. Vi “TV Pirata” com Regina Cas�, Cl�udia Raia, D�bora Bloch e Ney Latorraca. A vida inteira cercada por essas pessoas, n�o tem como n�o beber nessas fontes. N�o d� nem para elencar o que foi mais ou menos importante. Tudo � importante. A import�ncia � justamente saber combinar todas as coisas que est�o em volta de voc�.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)