
Idealizado pelos m�sicos Miguel Rosselini e Celina Szrvinsk, quando professores da UFMG, o Festival de Maio chega � sua oitava edi��o, mesclando a modalidade presencial � on-line. Com edi��es espalhadas ao longo do ano entre fevereiro e agosto, as apresenta��es do m�s que d� nome ao evento ficam a cargo do Quarteto Macam, nesta ter�a-feira (17/5), e do Quarteto Baldini, na sexta (20/5). Ambos �s 20h30, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH, no Minas T�nis Clube.
A iniciativa de desmembrar as apresenta��es ao longo do ano foi uma estrat�gia da organiza��o do festival para poder agregar agendas de m�sicos ou corpos de concerto, que s� s�o pass�veis de encaixe na programa��o caso haja uma abertura maior do leque de datas.
"Se voc� restringe demais, �s vezes, acaba se privando de atra��es que s�o muito interessantes e que a gente n�o quer perder", revela Rosselini, que deu sequ�ncia � organiza��o do festival e comp�e o Quarteto Macam que, al�m dele no piano, ainda conta com Alexandre Barros, no obo�, Alma Liebrecht, na trompa, e Catherine Carignan, no fagote.
O programa desta ter�a, apresentado pelo grupo, traz “Serenata em f� menor”, de Robert Kahn; “Sonata para obo� e piano em r� maior”, de Camille Saint-Sa�ns; e dois “Trios para obo�”, um de Carl Reinecke, com trompa e piano em l� menor, e outro de Francis Poulenc, com fagote e piano.
REQUINTE
Rosselin destaca que as pe�as tocadas, apesar de grandes obras do repert�rio camer�stico, ainda s�o pouco difundidas. Divididas entre romancistas alem�es e franceses, as obras s�o, a seu ver, ainda muito subdivulgadas."S�o, realmente, preciosidades. S�o pe�as que possuem muito requinte na escrita para o conjunto. Vale muito a pena conhecer. Acredito que o p�blico vai acompanhar esse trabalho com muito prazer."
Para ele, � uma oportunidade tanto para artistas quanto para o p�blico de se reencontrarem. Se por um lado a troca de energia � insubstitu�vel, por outro, o foco e a concentra��o que a experi�ncia presencial proporciona, s�o �nicos.
"� um encontro que passa uma energia diferente. Quando voc� escuta presencialmente, tem uma dimens�o de escuta mais profunda, do que quando se ouve pela internet, quer pelo computador ou pelo celular. Voc� se distrai menos. Voc� est� ali absolutamente focado naquilo que os m�sicos est�o fazendo. N�o h� dispers�o nenhuma. � um clima de total concentra��o, tanto da parte dos m�sicos quanto da parte do p�blico, e isso altera muito positivamente a qualidade da escuta", comenta.
CONEX�O EMOCIONAL Neste processo de retorno p�s-pandemia, o programa de sexta-feira reserva ao p�blico um repert�rio de reflex�o sobre as perdas sofridas ao longo destes dois anos e nos �ltimos meses com a guerra na Ucr�nia. O “Quarteto n. 8”, de Dimitri Shostakovich, finaliza a apresenta��o do Quarteto Baldini, composto por Emmanuele Baldini e Amanda Martins, nos violinos, Hor�cio Sch�fer, na viola, e Rafael Ces�rio, no violoncelo.
"Digamos que, apesar de que Shostakovich n�o poderia saber da pandemia que estamos vivendo nesses �ltimos anos, o fato de ele ter dedicado esse 'Quarteto' �s v�timas de outras trag�dias, cria uma conex�o emocional com a situa��o atual", comenta Baldini.
Ainda comp�em o programa, o “Quarteto em Mi bemol maior”, de Fanny Mendelssohn, homenageada na edi��o de mar�o do festival, um dos poucos quartetos escritos por mulheres.
RARIDADE
"Se hoje em dia, a mulher como compositora, como musicista, est� sendo muito apreciada, muito valorizada, naquela �poca, metade do s�culo 19, era realmente uma raridade encontrar uma mulher compositora, musicista. Esse quarteto � muito especial. Ser� uma grata surpresa para todos. Vamos come�ar com essa homenagem �s mulheres na m�sica e, sobretudo, �s mulheres na m�sica numa �poca em que elas quase n�o participavam. Vale a pena valorizar essa figura que ficou sempre � sombra do irm�o mais famoso", diz. F�lix Mendelssohn chegou a assumir a autoria de algumas composi��es da irm�, � �poca.A segunda pe�a, “Quarteto n. 3”, do modernista Claudio Santoro, traz elementos nacionalistas e influ�ncias populares de ritmos brasileiros, sendo o mais importante e conhecido do compositor. "� um quarteto muito pra cima, alegre, bem escrito e valoriza o virtuosismo dos quatro instrumentos. � uma amostra de um dos mais representativos compositores brasileiros do per�odo modernista", explica Baldini.
O arremate com a pe�a do tamb�m modernista Shostakovich representa uma mudan�a na atmosfera da apresenta��o, sendo o mais famoso dos quartetos do compositor russo, dedicado �s v�timas de fascismos e guerras, come�ando e terminando com dois movimentos lentos, meditativos e introspectivos. Trazendo em seus acordes muito drama e muita trag�dia, segundo o regente. "Cada um dos quartetos que tocaremos tem uma simbologia, uma liga��o muito forte com o presente, com o momento atual. � uma esp�cie de medita��o sobre os tempos atuais" finaliza.
HOMENAGEM A diretora art�stica do Festival, Celina Szrvinsk, relembra que os concertos programados para agosto retomam a homenagem aos 65 anos do violoncelista Antonio Meneses, j� homenageado na abertura da temporada, de maneira virtual, e que retornar� presencialmente para encerr�-la.
8º FESTIVAL DE MAIO
Nesta ter�a-feira (17/5) apresenta��o do Quarteto Macam e, na sexta (20/5), do Quarteto Baldini, ambos �s 20h30, no Teatro Centro Cultural Unimed-BH (Rua da Bahia, 2.244 – Lourdes). Ingressos: R$ 20 (inteira) pelo eventim.com.br ou na
bilheteria do teatro. Informa��es: (31) 3516-1000
* Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Tet� Monteiro