Festival Fenda, que come�a hoje, promete novas experi�ncias no cinema

O frio assustou, mas n�o intimidou o Festival Experimental de Artes F�lmicas (Fenda), que ser� aberto com sess�o ao ar livre nesta quarta-feira (25/5), em Venda Nova. A ampla programa��o, dedicada a recentes experimenta��es no cinema, prossegue at� domingo (29/5), no Cine Santa Tereza.

“A gente n�o contava que ia ter onda de frio em pleno festival. H� dois anos, estamos esperando para faz�-lo, n�o quer�amos (o formato) on-line de jeito nenhum. Este festival foi pensado para ser presencial, ele tem muito a ideia da sala de cinema”, afirma Victor Guimar�es, idealizador e diretor art�stico do Fenda.

A programa��o contar� com filmes em pel�cula, Super 8 e 16mm. “N�o faz sentido exibi-los em vers�o digital. Inclusive, muitos nem t�m c�pias digitais”, comenta Guimar�es, revelando esperar “que as pessoas topem” voltar � experi�ncia presencial.

Hoje � noite, no Centro Cultural Venda Nova, o festival ser� aberto com a “Mostra Pioneiras”, reunindo obras do in�cio do s�culo 20 dirigidas por mulheres. O duo Patr�cia Bizzotto e Shari Simpson vai improvisar, fazendo o acompanhamento musical do que est� na tela.

“Elas v�o reagir musicalmente �s imagens, a gente vai ver o encontro potente entre m�sica e cinema. Retomamos a pr�tica do in�cio do s�culo 20, mas deslocada para a m�sica experimental mais contempor�nea”, explica Guimar�es.

O restante da programa��o ocorrer� no Cine Santa Tereza, que receber� as mostras “Pioneiras”, “Horizontes” e “Vis�es”, sess�es competitivas internacional e local, al�m de trabalhos de Cao Guimar�es, Grace Pass�, Clara Chroma e Leandro Lisorti.

Radicada em S�o Paulo, a atriz e dramaturga mineira Grace Pass� ter� obras exibidas pela primeira vez na tela de cinema. “Fic��es s�nicas 01: Tremores”, “Fic��es s�nicas 02: Feiti�os” e “O segundo antes da coragem – Experimento 1” foram produzidos ao longo da pandemia em car�ter experimental, evocando, segundo ela, o hibridismo da linguagem.

“Fic��es s�nicas 01” foi apresentado em instala��o na Bienal de S�o Paulo em 2021, inspirado no conceito de afrofuturismo sonoro do gan�s Kodwo Eshun. “O segundo antes da coragem” foi desenvolvido para um evento on-line de experimenta��o visual.

Grace diz que “Fic��es s�nicas 02”, o maior trabalho, � uma forma de pensar teatro e cinema no contexto pand�mico a partir da perspectiva h�brida, abordando temas como a di�spora africana. A atriz, dramaturga e diretora est� feliz com a decis�o do Fenda de exibir seu trabalho.

“Achei muito interessante a ideia de um festival de artes f�lmicas. � uma forma de olhar para a manifesta��o da cinematografia para al�m da ideia mais fechada de cinema ou audiovisual.  Existe a� o desejo expandido de pensar as manifesta��es audiovisuais”, comenta.

“Sou uma pessoa que trabalha tanto no cinema quanto no teatro, e as coisas que venho fazendo s�o h�bridas. Durante a pandemia, eu e uma s�rie de pessoas experimentamos modos h�bridos de pensar o teatro atrav�s de elementos audiovisuais. Isso gerou trabalhos que, de certo modo, s�o dif�ceis de ser classificados dentro de g�neros de uma determinada ind�stria do cinema. S�o muito experimentais”, afirma Grace.

“Horizontes” receber� trabalhos de Cao Guimar�es, entre filmes realizados em diversos pa�ses e projetos em looping que ficar�o em cartaz no espa�o especialmente desenvolvido para o festival.

“A gente elaborou uma sess�o com o Cao, com oito curtas-metragens dele. S�o filmes de uma delicadeza, de observa��o do mundo, constru��o sonora, textura e cores muito impressionantes”, diz Victor Guimar�es.

O festival apostou tamb�m em pratas da casa para a curadoria: Cora Lima, Let�cia R� e Kevin Ramo selecionaram filmes belo-horizontinos. Em janeiro, eles participaram de oficina promovida pelo evento. Carla Italiano, Luis Fernando Moura, Maria Bogado e Felipe Andr� Silva foram outros colaboradores do festival.

“A gente sentiu a necessidade de criar espa�o para as artes f�lmicas experimentais em Belo Horizonte. A cidade tem tradi��o no campo da videoarte e no campo do cinema experimental que remonta aos anos 1980 e 1990, com v�rios artistas conhecidos no mundo inteiro. Mas n�o temos espa�o regular exclusivamente dedicado a essa modalidade de trabalho audiovisual”, diz Guimar�es.

O diretor do Fenda revela a inten��o de oferecer espa�o para o p�blico da capital mineira diversificar seu repert�rio. “Ver filmes que escapam do cinema convencional”, comenta.

Ali�s, o Fenda vai oferecer novidades para boa parte do p�blico. “Muita gente nunca viu um projetor 16mm ou Super 8 funcionando. � uma outra experi�ncia de textura e materialidade da imagem. Tem tamb�m a cor e a resolu��o que a gente n�o consegue reproduzir no digital”, afirma Guimar�es.

Ele cita o Super 8, com seu pequeno projetor em a��o. “� uma coisa meio perform�tica. Tem as trocas de rolo. � outro ritmo”, diz. “As pessoas podem ter uma experi�ncia bem marcante. A primeira vez que vi, fiquei apaixonado”, finaliza.

Abertura nesta quarta-feira (25/5), �s 19h30, no Centro Cultural Venda Nova (Rua Jos� Ferreira dos Santos, 184, Jardim dos Comerci�rios). Entrada franca. De quinta (26/5) a domingo (29/5), no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Ingressos podem ser obtidos em diskingressos.com.br. Domingo (29/5), �s 10h, palestra de Leandro Listorti no Museu da Moda (R. da Bahia, 1.149, Centro). Programa��o completa em https://fendafestival.com e no perfil do evento no Instagram