Eliane Giardini muda at� a voz para ir dos 60 aos 90 anos em pe�a teatral

Dez anos ap�s darem vida ao casal Muricy e Leleco na novela "Avenida Brasil", exibida pela TV Globo em 2012, os atores Eliane Giardini e Marcus Caruso seguem contracenando como marido e mulher na pe�a "Intimidade indecente", que ser� apresentada em Belo Horizonte desta sexta (10/6) a domingo, no Teatro Sesiminas.  

Com dire��o de Guilherme Leme Garcia e texto de Leilah Assump��o, o espet�culo conta a hist�ria de um casal que, ao chegar aos 60 anos, decide se separar. No entanto, a vida insiste em mant�-los juntos, n�o necessariamente como um par rom�ntico. Conforme v�o envelhecendo, os dois passam a valorizar cada vez mais a companhia um do outro.

Giardini d� vida a Roberta, enquanto Caruso � Mariano. Em cena, os dois repetem a qu�mica que j� exibiram na TV e discutem quest�es importantes, como o amor e o relacionamento na terceira idade, bem como a possibilidade de uma rela��o p�s-div�rcio.

"Roberta � uma pessoa muito comum, de classe m�dia, que toma um baque quando percebe que o casamento est� desgastado. Ent�o, ela decide se separar do marido e a pe�a mostra como os dois lidam com isso. No palco, eles lidam com situa��es que s�o a consequ�ncia dessa escolha", explica a atriz.

Segundo Eliane, o texto � simples, acess�vel, mas traz � tona assuntos com os quais a plateia se identifica. "Ele fala da velhice com muito humor. Da sexualidade na velhice. Da proximidade da morte. Tudo isso com muita leveza. S�o assuntos dif�ceis de abordar, mas a pe�a mostra que � poss�vel fazer isso sem levar os dramas muito a s�rio, aceitando as fases que a vida vai nos oferecendo."

A atriz conta que o convite para atuar no espet�culo surgiu do pr�prio Caruso, em 2019. Desde o fim de "Avenida Brasil", os dois tinham vontade de voltar a trabalhar juntos. Na �poca, ela estava em cartaz com "Pe�a de casamento" e n�o p�de aceitar. Em 2021, passado o per�odo mais duro da pandemia, o ator reiterou o convite e ela, enfim, aceitou.

Os ensaios puderam ser feitos em casa. A encena��o gira em torno de um �nico sof� e os atores n�o trocam de roupa ou mudam a caracteriza��o, ainda que interpretem seus personagens dos 60 aos 90 anos. Segundo a atriz, interpretar essa passagem do tempo exigiu um trabalho de prepara��o intenso.

"A gente fez um trabalho muito importante com o Toni [Rodrigues, diretor de movimento]. Aprendemos a incorporar personagens cuja energia est� indo embora. E procuramos o ponto de equil�brio, impostar a voz para que ela soe de forma mais grave. Isso � um dos grandes atrativos desse espet�culo. O p�blico adora ver isso", afirma.

Para ela, isso s� � poss�vel porque o espet�culo tem "um �timo texto e dois int�rpretes muito empenhados". A estreia desta montagem de "Intimidade indecente" ocorreu em Portugal, em janeiro deste ano. De l�, a pe�a cumpriu temporada no Rio de Janeiro e agora chega a BH para curta temporada de tr�s sess�es.

"Estamos passando por um momento de mudan�a (no mercado audiovisual). N�o existe mais s� a Globo, existe uma s�rie de outros lugares, produ��es e formatos. � um momento de transi��o, mas eu o vejo com bons olhos"

Eliane Giardini, atriz

"A nossa passagem por Portugal foi um absurdo de boa. N�s nos apresentamos em Lisboa e depois em algumas outras cidades, como Porto e P�voa. Em abril, n�s estreamos no Rio, ent�o a gente j� voltou com uma certa confian�a. E agora, para as apresenta��es em BH, a gente espera que seja um sucesso", ela torce.

Eliane conta que sua amizade com Marcos Caruso come�ou nas grava��es de "Avenida Brasil". "Somos paulistas, atores de teatro. J� nos conhec�amos, mas at� ent�o n�o t�nhamos uma grande amizade. Com a novela, um trabalho superintenso que �s vezes dura sete, oito meses, nossa rela��o se estreitou."

Para atriz, a qu�mica com o colega n�o tem uma explica��o muito certa, mas ela garante que os dois t�m imensa admira��o um pelo outro e uma afinidade em diferentes campos da vida.

"Temos um temperamento muito igual. A gente pensa de forma bastante parecida. E temos uma vida familiar parecida. Acho que isso tudo facilita muito. A conviv�ncia com ele � muito f�cil, transparente, e a nossa amizade faz muito sentido. Somos pessoas sens�veis e apaixonadas pelo trabalho", afirma.

Aos 69 anos – ela completa 70 no pr�ximo m�s de outubro –, a atriz faz um paralelo entre a personagem da pe�a e sua vida pessoal, ao ser questionada sobre as quest�es que o espet�culo traz � tona.

"A minha gera��o viveu momentos de grandes transforma��es. E muitas separa��es e div�rcios. Acredito que o texto mostra que o mundo n�o acaba com isso. Inclusive, � poss�vel continuar sendo amiga do seu ex-marido. Eu n�o acho que seja um fracasso perder o casamento, mas sim perder o companheiro com quem voc� construiu uma rela��o", afirma ela, que foi casada com o tamb�m ator Paulo Betti entre 1973 e 1997.

Contratada da Globo, Eliane Giardini est� longe das novelas desde o ano passado, quando fez uma participa��o especial nos cap�tulos finais de "Amor de m�e". Antes disso, ela atuou em "�rf�os da terra", folhetim exibido no hor�rio das seis. Outros de seus trabalhos s�o "O outro lado do para�so" (2017) e "O clone" (2001), que ocupou a faixa do "Vale a pena ver de novo" at� o fim de maio passado.

Sobre a trama de Gl�ria Perez, a atriz diz que gostava de acompanhar a reexibi��o, principalmente porque sua personagem no folhetim era divertida. "A Nazira foi uma personagem que me deu muita visibilidade. E foi uma coisa muito nova para mim, porque ela ia por um caminho da com�dia que eu ainda n�o tinha experimentado em uma novela. Ent�o, sempre que est� passando, eu tento dar uma olhada, sim", ela conta.

A atriz revela que deve voltar �s novelas at� o final do ano. Segundo ela, Marcos Caruso j� grava "Travessia", de Gl�ria Perez, que ir� substituir "Pantanal". H� mais de 30 anos na Globo, Eliane Giardini observa que o novo momento da emissora, no qual veteranos est�o perdendo seus contratos de longo prazo, � um reflexo do aquecimento do mercado.

"Estamos passando por um momento de mudan�a. N�o existe mais s� a Globo, existe uma s�rie de outros lugares, produ��es e formatos. � um momento de transi��o, mas eu o vejo com bons olhos. Tem muita gente trabalhando, n�o s� atores, mas diretores, t�cnicos, c�meras. Isso � o que importa, ainda mais depois de dois anos com o mercado praticamente paralisado", ela conclui.

De: Leilah Assump��o. Dire��o: Guilherme Leme Garcia. Com Eliane Giardini e Marcos Caruso. Nesta sexta (10/6) e s�bado (11/6), �s 19h e 21h, e domingo (12/6), �s 18h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efig�nia). Ingressos: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia). Vendas pela plataforma Sympla