(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas M�SICA

Festival I Love Jazz faz p�blico vibrar e dan�ar ao som dos anos 20

Oito shows e duas aulas de dan�a oferecidos gratuitamente neste s�bado (25/6) e domingo atra�ram estimadas 20 mil pessoas � Pra�a do Papa para ouvir boa m�sica


26/06/2022 21:07 - atualizado 26/06/2022 21:10

Plateia assiste a show do I Love Jazz na Praça do Papa
A noite de domingo ofereceu quatro shows, que foram acompanhados por um p�blico atento e entusiasmado (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. Press)

Na tarde deste domingo (26/6), o rel�gio apontava 15h30 quando cerca de 20 duplas acompanhavam animadamente a aula de lindy hop – primeiro estilo de swing dance, surgido nos sal�es de baile do Harlem, em Nova York – ministrada pelo grupo BeHoppers. A anima��o expressa nos semblantes dos dan�arinos era um pren�ncio do que seria o segundo e �ltimo dia do 12º I Love Jazz.

Passados quase tr�s anos desde a realiza��o de sua �ltima edi��o – um per�odo de incertezas e dificuldades de toda ordem em meio � pandemia –, o festival retornou em grande estilo. O que se viu na Pra�a do Papa neste �ltimo fim de semana foi um grande congra�amento, no palco e na plateia, em torno do g�nero nascido entre o final do s�culo 19 e o in�cio do s�culo 20 em New Orleans.

Uma feliz escala��o de grupos e artistas apresentou um amplo panorama das origens do jazz, para um p�blico estimado em aproximadamente 10 mil pessoas em cada dia. No s�bado (25/6), as atra��es foram a banda paulista Fizz Jazz, o violonista Juarez Moreira, o pianista norte-americano Ricky Riccardi e a Happy Feet Jazz Band, encorpada em formato big band – shows que causaram no p�blico um crescente de empolga��o.

No domingo (26/6), subiram ao palco a Jazz Band Ball, o pianista Christiano Caldas, o saxofonista e clarinetista Dave Mackenzie com seu quinteto e a xilofonista Heather Thorn com seu grupo Vivacity. Em ambos os dias, a programa��o teve in�cio com a aula de lindy hop, que, ontem, acabou com uma brincadeira chamada snow ball.

Bola de neve

A din�mica era a seguinte: uma dupla inicial, dan�ando no meio da pra�a, se separava e cada uma das partes escolhia, a esmo, uma outra pessoa entre as muitas que marcavam presen�a como par. Assim, o n�mero de duplas seguia progressivamente aumentando. Um dos professores dos BeHoppers, L�o Sampaio, brincou que esperava ver mil pares bailando o lindy hop pela Pra�a do Papa.

"Depois de dois anos parados, a sensa��o � essa, de renascer. Foi muito bom ver tudo isso acontecendo de novo, o pessoal marcando presen�a"

Marcelo Costa, trompetista da Happy Feet e organizador do I Love Jazz



Ele explicou � reportagem que o surgimento dos BeHoppers est� diretamente ligado � realiza��o do I Love Jazz. “A gente participa do festival desde 2012. Na verdade, naquele ano o grupo ainda nem existia, era s� uma turma interessada nesse tipo de dan�a; foi o embri�o”, disse, destacando o prazer de voltar � ativa. “As pessoas querem se movimentar, querem dan�ar, curtir uma m�sica, ent�o � um momento perfeito para essa retomada.”

Músicos e cantora da Happy Feet no palco montado na Praça do Papa para o I Love Jazz
No formato jazz band, a Happy Feet encerrou as apresenta��es de s�bado, o primeiro dia do festival (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. Press)

Com efeito, o p�blico abra�ou a tem�tica proposta para esta 12ª edi��o do I Love Jazz, “Os anos 20 est�o de volta”. Era f�cil identificar na plateia, nos dois dias de festival, pessoas caracterizadas com indument�rias que remetiam � d�cada de 1920. Os ritmos vibrantes da velha escola do jazz – como o swing e o dixieland – convidavam os presentes a requebrar as cadeiras e gastar a sola do sapato.


Homenagem aos anos 20

Algumas das atra��es escaladas traziam no DNA o jazz embrion�rio de New Orleans – caso da Fizz Jazz, de Ricky Riccardi, da Jazz Band Ball e de Heather Thorn. Os outros grupos e artistas escalados, mesmo n�o tendo um v�nculo t�o direto com a tem�tica, atenderam ao pedido de Marcelo Costa – organizador do festival e tamb�m trompetista e vocalista da Happy Feet – e inclu�ram em suas apresenta��es temas lan�ados nos anos 1920.

Juarez Moreira, no s�bado, e Christiano Caldas, no domingo, por exemplo, recorreram �s interse��es poss�veis entre o chorinho e o jazz para comporem seus respectivos repert�rios. A Happy Feet, em seu show, optou por fazer uma viagem no tempo, tra�ando um percurso que partiu dos anos 20 at� a d�cada de 1960.

Na tarde de ontem, ap�s a aula dos BeHoppers, a Jazz Band Ball se colocou a postos para o show sob os aplausos de um p�blico ainda incipiente, que, no entanto, j� ocupava todas as cadeiras dispostas na plateia – e que iria, mais tarde, ocupar todos os espa�os da Pra�a do Papa com vista para o palco.

Carnaval de New Orleans

A banda, formada h� 38 anos pelo baixista Jos� Carlos de Ara�jo, abriu os trabalhos com o tema “Come with me”. A certa altura da apresenta��o, o trompetista e vocalista Marcos Miller, que tamb�m atua como uma esp�cie de mestre de cerim�nias do grupo, falou sobre o Mardi Gras, o “carnaval” de New Orleans, o que serviu como uma esp�cie de pr�logo para a execu��o de “Bourbon street parade” – a m�sica mais representativa da festa.

"� a segunda vez que a gente se apresenta no I Love Jazz. Tocamos pela primeira vez em 2018. Tanto naquele ano quanto agora foi muito bacana, com muita gente bonita e uma estrutura muito profissional. Foi sensacional. E sentimos que o p�blico recebe com muito carinho, o que nos faz sentir em casa"

Marcos Miller, trompetista e vocalista da Jazz Band Ball



Foi ele quem, num momento emocionante do show, entoou “What a wonderful world”, c�lebre na voz de Louis Armstrong, dedicando a can��o ao p�blico presente, que timidamente se arriscou a cantar junto. A Jazz Band Ball fechou sua apresenta��o de forma empolgante, convidando o p�blico a dan�ar ao som de “When the saints go marching in” – tema gospel cl�ssico que j� foi interpretado por nomes que v�o de Louis Armstrong e Bruce Springsteen, passando por Jerry Lee Lewis.

“� a segunda vez que a gente se apresenta no I Love Jazz”, disse Miller ap�s o show, j� nos bastidores. “Tocamos pela primeira vez em 2018. Tanto naquele ano quanto agora foi muito bacana, com muita gente bonita e uma estrutura muito profissional. Foi sensacional. E sentimos que o p�blico recebe com muito carinho, o que nos faz sentir em casa”, acrescentou.
 

Piano protagonista

Quem sucedeu o grupo paulista foi o pianista mineiro Christiano Caldas. Ele, que j� participou de diversas edi��es do I Love Jazz como m�sico acompanhante, teve, ontem, sua primeira vez como protagonista, com o suporte de uma banda formada por Felipe Continentino (bateria), Pablo Souza (baixo) e Magno Alexandre (guitarra).

Caldas desfilou um repert�rio montado exclusivamente para o festival, todo ancorado nos anos 1920, incluindo temas cl�ssicos do g�nero norte-americano e tamb�m composi��es de nomes como Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga embaladas em arranjos que dialogavam com a tradi��o do jazz.

Pessoas de pé na Praça do Papa acompanham o festival I Love Jazz, na noite de domingo
Suspenso durante a pandemia, o festival voltou a atrair os admiradores do jazz (foto: Marcos Vieira/EM/D.A. Press)

O pianista gravou, no ano passado, seu primeiro �lbum pr�prio, “Afinidades”, focado na obra de compositores mineiros, como Juarez Moreira, C�lio Balona, Thiago Delegado e Fred Heliodoro. “� um disco que celebra as parcerias com essas pessoas com quem tenho um conv�vio de trabalho frequente”, diz.

Ele observa que ainda n�o conseguiu engrenar uma agenda em torno desse projeto, porque, como � sempre muito requisitado, falta-lhe tempo. “Atualmente tenho viajado com 14 Bis e Fl�vio Venturini, que, passado o per�odo mais severo da pandemia, retomaram suas agendas com todo o g�s. Al�m disso, tenho minha atua��o como produtor musical, estou produzindo sempre, ent�o o trabalho n�o para”, diz. “Mas o disco est� a�, em todas as plataformas digitais”, sublinha.


Atra��es internacionais

Depois de Christiano Caldas, a programa��o ainda reservava as apresenta��es de duas atra��es internacionais – Dave Mackenzie Quintet e Heather Thorn and Vivacity, que tamb�m esteve presente na 11ª edi��o do festival, em 2019, antes da chegada da pandemia, e caiu nas gra�as do p�blico.

Saxofonista e clarinetista, David Mackenzie � natural de Atlantic City e teve sua forma��o musical ao lado de nomes como George Mesterhazy, Bob Martin e Dennis Sandole. A partir de 1989, quando se mudou para Orlando, ele tocou e fez arranjos para grupos e artistas como a Classic Jazz Band, de Bill Allred; Michael Andrew; Orlando Jazz Orchestra; Dr. Phillips Jazz Orchestra; Kalinka Klezmer; e para sua companheira de programa��o na noite de ontem, Heather Thorn.

A xilofonista, por sua vez, se destacou com seu grupo no cen�rio musical do jazz com apresenta��es no Museu do Jazz, em New Orleans, e tamb�m marcando presen�a em eventos como o The Suncoast Jazz Festival. Heather Thorn and Vivacity dividiram o palco, ao longo de sua trajet�ria, com a Count Basie Orchestra, a Glenn Miller Orchestra, Ray Charles, Natalie Cole e The Mickey Mouse Club.


Import�ncia dos patroc�nios

Acompanhando as apresenta��es de ontem, Marcelo Costa chamou a aten��o para o fato de que as presen�as de grupos e artistas estrangeiros na programa��o do I Love Jazz s� s�o poss�veis gra�as aos patroc�nios. Neste ano, o suporte financeiro foi dado pela Vale e pela CBMM.

“Est� tudo muito caro, a gente sabe disso; as passagens est�o caras, hospedagem, tudo, ent�o sem esses patroc�nios fica imposs�vel fazer cultura. A Lei Federal de Incentivo � Cultura e as participa��es tanto da Vale quanto da CBMM foram essenciais. Ainda bem que existem empresas que enxergam isso e se alinham com o setor cultural”, afirmou.

Sobre a apresenta��o de sua Happy Feet na noite de s�bado, ele disse que foi uma esp�cie de “renascimento”. “Depois de dois anos parados, a sensa��o � essa, de renascer. Foi muito bom ver tudo isso acontecendo de novo, o pessoal marcando presen�a”, disse, enfatizando o prazer de tocar num formato big band.

“Fiquei muito feliz com o resultado do show. � muito gostoso tocar com essa forma��o acrescida do naipe de sopros, principalmente com instrumentistas desse naipe, porque s� tem m�sico fera a�. A gente fica muito orgulhoso de ver como Belo Horizonte e Minas Gerais se colocam hoje como um grande celeiro de m�sicos de primeira qualidade”, disse.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)