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Estado de Minas ARTES C�NICAS

Peter Brook, lenda do teatro mundial, foi o farol que iluminou o Galp�o

Diretor brit�nico que rompeu dogmas do teatro no s�culo 20 ensinou � trupe mineira o 'verbo shalespeareano' que a consagrou, diz o ator Eduardo Moreira


05/07/2022 04:00 - atualizado 04/07/2022 22:32

Peter Brook, de perfil, em entrevista concedida no Othon Palace
Peter Brook em entrevista concedida no Othon Palace, durante a edi��o do FIT-BH realizada em 2004 (foto: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press/11/8/04)

''Posso pegar qualquer espa�o vazio e cham�-lo de palco. Algu�m atravessa esse espa�o vazio enquanto outro assiste, e isso � o suficiente para come�ar o ato teatral''

Peter Brooke, diretor


A morte de Peter Brook aos 97 anos, anunciada no fim de semana, deixou �rf�os atores de todos os continentes. Lenda do teatro brit�nico e um dos diretores mais influentes do s�culo 20, ele e sua companhia causaram como��o em Belo Horizonte, em 2004, onde participaram da s�tima edi��o do Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua (FIT-BH).

“O teatro perdeu sua figura mais importante em todo o mundo”, afirmou Eduardo Moreira, ator e diretor do Galp�o, em texto emocionado na p�gina da companhia no Facebook.

“Com suas ideias e sua pr�tica teatral, ele vem sacudindo e remexendo com certezas e dogmas da arte do teatro desde a d�cada de 1950”, lembrou.

Peter Brook está em pé e dirige quatro atores na peça 'Tierno Bokar'
Pe�a "Tierno Bokar" foi apresentada por Brook e seu grupo em Belo Horizonte, h� 18 anos (foto: Pascal Max/divulga��o)

Improviso nas ruas africanas

Moreira rememorou as li��es do mestre ao viajar com sua trupe pelas ruas da �frica, “encontrando com seus improvisos e jogos teatrais, delineados por um simples tapete estendido no ch�o, o povo e a cultura desse continente, pelo qual ele nutria verdadeira paix�o”.


O diretor brit�nico passou grande parte de sua carreira na Fran�a, onde se estabeleceu em 1971, dirigindo o teatro parisiense Les Bouffes du Nord. Liderou institui��es importantes como a Royal Opera House de Covent Garden e o Royal Shakespeare Theatre, na Inglaterra, e o franc�s Centro Internacional de Cria��es Teatrais (CICT).

Estreou aos 17 anos, destacou-se na �pera, cinema e cr�tica teatral. Comparado a Stanislavski (1863-1938), que revolucionou a arte da atua��o, Brook � o te�rico do espa�o vazio, uma esp�cie de paradigma para o mundo das artes c�nicas.

“Posso pegar qualquer espa�o vazio e cham�-lo de palco. Algu�m atravessa esse espa�o vazio enquanto outro assiste, e isso � o suficiente para come�ar o ato teatral”, afirmou Peter Brook em seu manifesto, que virou b�blia do teatro alternativo e experimental.

Sua obra mais conhecida,  “O Mahabharata”, �pico de nove horas baseado na mitologia hindu, foi criada em 1985 e adaptada para o cinema em 1989. Ele dirigiu duas lendas: os atores Laurence Olivier e Orson Welles.

“Toda a minha vida, a �nica coisa que sempre contou, e � por isso que trabalho no teatro, � o que vive diretamente no presente”, gostava de dizer.

Eduardo Moreira diz que as experimenta��es de Brook sempre trouxeram uma lufada de vida e renova��o ao teatro. Lembrou que a companhia que o brit�nico dirigia na periferia de Paris reuniu atores de diferentes regi�es e culturas do mundo.

O ator e diretor do Galp�o relembrou a hist�ria que Paulo Jos� gostava de contar para explicar como o teatro �  o lugar do presente, da cria��o no aqui e no agora.

“L� pela d�cada de 1940, Brook � convidado para dirigir uma pe�a de Shakespeare na renomada Shakespeare’s Company, em Londres. Preocupado em mostrar servi�o e impressionar positivamente a equipe com seus conhecimentos, ele decide estudar e planejar todo o cen�rio e os figurinos da pe�a, elaborar uma intrincada planta baixa de todas as movimenta��es dos atores e dos coros, estudar minuciosamente as situa��es e conflitos de cada cena. Feita essa longa pr�via prepara��o, � finalmente chegado o primeiro dia de ensaio. Ele conta ter ca�do em si ao se reunir em volta de uma mesa com seu grupo de atores. Na verdade, n�o sabia nada sobre aquela pe�a que teria que montar com aqueles atores, com quem estava encontrando pela primeira vez”, contou Moreira.

Shakespeare � moda mineira

Brook foi um farol para o mineiro Galp�o, iluminando as crises do grupo. “Bem no in�cio do processo de montagem de 'Romeu e Julieta', est�vamos �s voltas com a dificuldade enorme de dizer o verbo shakespeariano. Tudo soava um tanto declamado e superficial. O texto de Brook falando sobre a necessidade de colocar no corpo dos atores as palavras de Shakespeare e como ele conseguiu isso em sua montagem de 'Sonhos de uma noite de ver�o', fazendo com que os atores fizessem trap�zio, foi fundamental para que elabor�ssemos as pinguelas a dois metros do ch�o, onde t�nhamos que improvisar os textos e as m�sicas do espet�culo”, revela o agradecido Eduardo Moreira.

Em sua passagem por BH, h� 18 anos, a lenda do teatro apresentou “Tierno Bokar”, cujo tema principal era a religi�o. Em meio � turn�  cheia de compromissos, nunca se furtou aos di�logos com o p�blico – participou de eventos organizados pelo FIT-BH. 

Teatro, para ele, sempre foi a arte do encontro.





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