
� cantando sobre amor que Paulo Miklos apresenta o quarto �lbum da carreira, o segundo ap�s anunciar a sa�da dos Tit�s, banda em que tocou por 34 anos. Intitulado “Do amor n�o vai sobrar ningu�m”, o disco flerta com o pop, mas traz a ess�ncia do ex-tit�, com todas as viv�ncias e refer�ncias formando as letras e as m�sicas.
O �lbum, lan�ado em maio passado, teve excelente recep��o dos f�s e da cr�tica especializada, segundo o pr�prio artista. O fato j� se reflete nos shows que Miklos tem feito pelo Brasil. "Acabo de levar pela primeira vez para o palco o repert�rio do novo disco e vi gente cantando comigo as m�sicas novas! Isso � que d� sentido a tudo", afirma.
"’Do amor n�o vai sobrar ningu�m’ � sobre a conviv�ncia amorosa, a amizade necess�ria e liberdade de escolha", explica o m�sico. Ele afirma que � um �lbum para o p�blico, mas com um car�ter muito �ntimo. "Trato desses temas de maneira confessional, sou eu falando, com sinceridade, atrav�s das can��es", comenta.
Na entrevista a seguir, Paulo Miklos falou sobre os temas do �lbum, as refer�ncias, a carreira de ator e, principalmente, sobre o amor que canta a plenos pulm�es nesta nova fase.
Com um t�tulo forte, voc� chega ao quarto disco solo da carreira. Acredita que do amor n�o vai sobrar ningu�m?
N�o tenho nenhuma d�vida! (risos) Ningu�m passa pela vida ileso, imune ao amor. E � pelo afeto e pela empatia que encontramos as respostas para esse nosso tempo t�o controverso.
Como esse �lbum o atravessou durante o processo e como voc� acredita que ele vai atravessar o p�blico?
Todas as can��es de “Do amor n�o vai sobrar ningu�m” foram compostas durante a claustrofobia do isolamento imposto pela pandemia, por isso mesmo elas s�o t�o desejosas de um mundo ideal, liberto de preconceitos, respeitoso, emp�tico e democr�tico. Para mim, elas foram libertadoras e assim eu espero que inspirem outras pessoas.
Falar de afeto � algo mais complicado do que parece. Como voc� encontra o tom verdadeiro para o tema? Como voc� enxerga o afeto e o amor?
Acredito que seja justamente porque eu parto da minha experi�ncia pessoal. Falo sobre o que eu vivo ou vivi, das pessoas queridas que eu conheci e as que fazem parte da minha vida.
Continuo acreditando que uma can��o pode mudar a nossa vida pela sensibilidade. Ent�o, ao mesmo tempo em que deixo fluir nas composi��es meus sentimentos mais verdadeiros, tamb�m trabalho para evoluir como pessoa, como cidad�o, homem, esposo, pai e padrasto.
Continuo acreditando que uma can��o pode mudar a nossa vida pela sensibilidade. Ent�o, ao mesmo tempo em que deixo fluir nas composi��es meus sentimentos mais verdadeiros, tamb�m trabalho para evoluir como pessoa, como cidad�o, homem, esposo, pai e padrasto.
Voc� � um m�sico criado no rock, mas que explora as mais diversas formas musicais em torno do g�nero. Como voc� entende a sua musicalidade e o lugar em que voc� intersecciona o rock e o pop?
Eu fa�o parte de uma gera��o que buscou muito pelas novidades do mundo. N�s nos reun�amos para ouvir os discos. Mas tamb�m com forte influ�ncia da m�sica popular brasileira. Principalmente nas letras. E outra poderosa fonte de informa��o foi o r�dio. Al�m de toda a m�sica pop internacional e brasileira bem popular.
Com 40 anos de carreira, como voc� percebe a ind�stria musical hoje? O que de novo ainda o move?
Tem muita coisa nova interessante e muita m�sica antiga redescoberta pelas gera��es mais jovens. As redes sociais e a internet trouxeram a chance de deixar nossa curiosidade voar livremente.
Se voc� quiser, pode pesquisar por quase tudo nas plataformas digitais. Para um amante de m�sica como eu, que vou da m�sica erudita � m�sica folcl�rica, � uma farra!
Se voc� quiser, pode pesquisar por quase tudo nas plataformas digitais. Para um amante de m�sica como eu, que vou da m�sica erudita � m�sica folcl�rica, � uma farra!
Ainda sobre o tempo de carreira. O amadurecimento � natural, mas a sua carreira continua com o frescor do novo. O que o move?
A paix�o pela m�sica e pela atua��o. A realiza��o art�stica. Compor esse punhado de can��es e me sentir transformado. Depois, em consequ�ncia, tocar a sensibilidade das pessoas e oferecer uma nova trilha sonora para uma nova maneira de enxergar o mundo.
Para al�m da m�sica, voc� se aventura na atua��o tamb�m. Como os seus dois lados art�sticos dialogam?
Sinto que s�o complementares. S�o como uma linha cont�nua que se estende do int�rprete das can��es at� o int�rprete dos personagens. Hoje, estou muito realizado filmando um longa-metragem e, no momento seguinte, defendendo as can��es do novo disco no palco. (PI)

Pap�is marcantes no cinema
S�o pouco mais de 20 anos desde que Paulo Miklos, ent�o integrante dos Tit�s, atendeu a um chamado do diretor Beto Brant. Ele, que nunca havia feito nada de cinema (tampouco teatro ou TV), e somente apari��es nos clipes da banda, viveria o personagem-t�tulo de “O invasor”. Na �poca, Mar�al Aquino, autor do romance adaptado por Brant, estranhou a escolha. Miklos era um roqueiro e ponto.
An�sio, o matador de aluguel contratado por dois empres�rios para assassinar seu terceiro s�cio, e que, ap�s o crime, se infiltra no cotidiano da dupla, tornou-se o bem-sucedido batismo de uma carreira que, desde ent�o, prima pela originalidade.
Filmes dram�ticos (“Calif�rnia”), ir�nicos (“� proibido fumar”), infantojuvenis (“Carrossel”), Miklos segue em uma diversidade de projetos – mas sua presen�a � sempre marcante, com um gosto por personagens gauche.
Adapta��o
N�o � diferente com sua mais recente incurs�o no cinema, “Jesus Kid” (2021, dispon�vel para aluguel e compra nas plataformas de v�deo sob demanda), de Aly Muritiba, adaptado do livro hom�nimo de Louren�o Mutarelli.
O longa acompanha Eug�nio (Miklos), o escritor de livros de faroeste cuja obra, 28 volumes, � protagonizada pelo caub�i do t�tulo. Neur�tico, que vive sozinho com seu peixinho de estima��o, Greg�rio de Matos tem habilidade zero no conv�vio social.
Em crise financeira, Eug�nio aceita entrar numa roubada, um filme para um produtor e um cineasta picaretas. Deve escrever um roteiro sobre um escritor em crise que tenta fazer um roteiro para cinema – � basicamente a hist�ria dele e a do filme “Barton Fink”.
Para tal, deve ficar tr�s meses isolado em um hotel de luxo. “Eu n�o tenho a m�nima ideia do que fazer com essa hist�ria”, Eug�nio diz a certo momento. Realidade e fic��o se misturam na narrativa, sempre atravessada pela ironia e a cr�tica pol�tico-social. (Mariana Peixoto)