
Carioca de nascimento, mas belo-horizontino de cora��o, o jornalista Ney Mour�o faleceu na �ltima segunda-feira (11/7). Multitalentoso, Ney atuava como escritor, designer, gestor de terceiro setor, formador de lideran�as, carnavalesco, animador de gincanas, criador de blocos de carnaval, tendo se tornado um dos respons�veis pela organiza��o dos blocos em uma Associa��o para fortalecer o movimento carnavalesco na capital, a ABRA-BH (Associa��o dos Blocos de Rua de Belo Horizonte).
J� havia seis anos que Ney vinha lutando contra um c�ncer na regi�o da bacia e do f�mur, que o deixou em cadeira de rodas em certos momentos, mas que n�o tirou dele o otimismo e a alegria de viver.
Parceiro de luta na melhoria do carnaval belo-horizontino, Robhson Abreu acompanhou a batalha de Ney a partir de 2018, quando se tornaram amigos e trabalharam pela cria��o da ABRA-BH. Robhson destaca a rela��o que Ney desenvolveu com a dor da doen�a e sua capacidade de n�o se imobilizar frente a ela.

"Todo dia que eu conversava com ele, eu perguntava 'e a�, como t� a dor hoje?', ele respondia: 'Vamos falar de outra coisa que eu esque�o dela'. Ele estava sempre muito otimista, muito esperan�oso. Do jeito que ele levava a doen�a, eu cheguei a achar que ele seria curado. Por mais que a gente saiba que c�ncer, muitas vezes, n�o tem cura, mas eu achei que ele poderia ser curado de tanto que ele queria viver e de tanto que ele transbordava essa alegria de viver."
Sempre com posicionamentos firmes, segundo Robhson, Ney trabalhava pela uni�o e aglutina��o dos blocos de carnaval frente ao poder p�blico, tendo se tornado uma das figuras centrais nos processos de mobiliza��o. Ajudando muitos blocos a participar do edital da Belotur, ele acabou semeando amizade em muitos deles.
O seu bloco, o Tamborins Tant�s, foi o primeiro grupo momesco a ter apenas tamborins em sua bateria. Reunindo-se em cortejo ao redor do Mercado Central, o bloco contava apenas com portadores de sofrimento mental na percuss�o e chegou a reunir 2 mil foli�es em uma edi��o.
"Era um bloco pequeno, mas era um bloco de uma import�ncia social grande. N�o adianta o bloco ser enorme, mas n�o ter um trabalho social, um significado. �s vezes voc� v� blocos grandes, que s�o grandes mas s�o totalmente comerciais. Ele sempre teve um vi�s social de fazer as coisas e com o carnaval foi a mesma coisa," afirma Robhson.
A pr�xima luta, agora, � pela aprova��o de uma Lei para reger o carnaval de rua em BH e, caso aprovada, Robhson promete lutar para batiz�-la em homenagem ao amigo, como num �ltimo ato carnavalesco de Ney Mour�o.
O vel�rio foi marcado no Cemit�rio de Belo Vale (Av. Adair de Souza, 20, Belo Vale, em Santa Luzia) na Capela da Saudade, nesta ter�a (12/7) at� 15h. Na ocasi�o, v�rios integrantes do bloco far�o sua �ltima homenagem ao criador dos Tamborins Tant�s.