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S�rie sobre o assassinato de Daniella Perez reconstiui o crime com rigor

Diretores tiveram acesso a arquivos e gravaram dezenas de entrevistas para realizar a produ��o documental, que estreia nesta quinta (21/7), na HBO Max


20/07/2022 04:00 - atualizado 19/07/2022 23:05

Daniella Perez e Raul Gazolla sorriem sob chuva de papel picado, em comemoração de réveillon
Daniella Perez e o marido, Raul Gazolla, em registro familiar cedido para a s�rie, que conta em cinco epis�dios o crime contra a atriz de 22 anos (foto: HBO/Divulga��o )

Primeiro presidente brasileiro eleito pelo voto direto ap�s a ditadura militar (1964-1985), Fernando Collor de Mello renunciou ao cargo, ap�s sofrer impeachment, em 29 de dezembro de 1992. Mas o pa�s n�o quis saber, pois vivia outro impacto. 

Na noite de 28 de dezembro daquele ano, o corpo de Daniella Perez, de 22 anos, a nova “namoradinha do Brasil”, havia sido encontrado em um lugar ermo da Barra da Tijuca – com  duas dezenas de perfura��es, a maior parte delas concentrada na regi�o do cora��o.

O Brasil tamb�m n�o demorou a saber que os assassinos eram o ator Guilherme de P�dua, de 23, e sua mulher, Paula Thomaz (hoje Nogueira Peixoto), de 19, gr�vida de quatro meses. Daniella e Guilherme faziam par rom�ntico na novela “De corpo e alma”, primeira trama de Gl�ria Perez, m�e da atriz, em hor�rio nobre na Globo.

Qualquer brasileiro, f� ou n�o de novelas, com idade suficiente, acompanhou intensamente o caso, que se desdobrou at� 1997 – P�dua foi sentenciado a 19 anos de pris�o em janeiro daquele ano e Paula, a 18 anos e meio, em maio. 

� precisamente este o per�odo que a s�rie documental “Pacto brutal: O assassinato de Daniella Perez” percorre. Com estreia nesta quinta-feira  (21/7) na HBO Max, a produ��o, em cinco epis�dios, � dirigida pela dupla Tatiana Issa e Guto Barra.

"True crime � um g�nero importante, e o Brasil tem mem�ria curta. �s vezes, crimes muito b�rbaros somem do imagin�rio ou vers�es fantasiosas acabam permanecendo. � importante que se fa�a uma an�lise da sociedade. Este document�rio critica o machismo, a culpabiliza��o da v�tima, o papel da imprensa"

Tatiana Issa, codiretora da s�rie


Reconstitui��o 

Os dois primeiros epis�dios foram disponibilizados � imprensa. Chama a aten��o a reconstitui��o do crime. Passo a passo, tudo o que ocorreu naquela noite, a partir do momento em que Daniela e Guilherme deixaram os est�dios da Tycoon, onde a novela era gravada, est� nos cap�tulos iniciais. 

Desde documentos, como o registro do estacionamento do est�dio que mostrava as placas do Escort de Daniella e do Santana do ator, at� depoimentos – do vi�vo da atriz, Raul Gazolla, dos delegados, promotores a at� dos moradores do condom�nio na Barra que viram os carros estacionados em um lugar suspeito. Traz ainda muitas imagens pessoais da vida em fam�lia de Daniella. 



A maior parte do material veio do arquivo de Gl�ria Perez, cuja presen�a domina a produ��o. “Tivemos a sorte de ter acesso ao acervo da Gl�ria. Ela n�o se envolveu no conte�do, mas cedeu tudo o que tem, tanto de arquivo de imprensa quanto de documentos jur�dicos e grava��es que fez com testemunhas”, comenta Barra. O terceiro epis�dio, que ser� lan�ado no dia 28, junto com os dois �ltimos, mostra a investiga��o que a novelista fez, por conta pr�pria, do caso. 

A ideia da s�rie foi de Barra e Tatiana, dupla que j� assinou v�rios projetos documentais. Este, no entanto, � o primeiro do segmento true crime. Tatiana, que antes de ir para tr�s das c�meras atuou como atriz, era pr�xima de Gazolla e esteve com ele no vel�rio, uma como��o absurda que a s�rie mostra por meio de imagens dos telejornais da �poca.

Vestindo camiseta azul em sala doméstica, Raul Gazolla dá entrevista para a série
Raul Gazolla � um dos entrevistados pelos diretores Guto Barra e Tatiana Issa; ele soube quem era o assassino durante o enterro da mulher (foto: HBO/Divulga��o)


“True crime � um g�nero importante, e o Brasil tem mem�ria curta. �s vezes, crimes muito b�rbaros somem do imagin�rio ou vers�es fantasiosas acabam permanecendo. � importante que se fa�a uma an�lise da sociedade. Este document�rio critica o machismo, a culpabiliza��o da v�tima, o papel da imprensa”, diz ela.

Al�m dos acervos pessoais e dos documentos jur�dicos, os diretores entrevistaram mais de 60 pessoas para a s�rie. H� uma boa parte da gera��o 90 da televis�o na s�rie, como Claudia Raia, F�bio Assun��o, Maur�cio Mattar, Cristiana Oliveira, Alexandre Frota e Eri Johnson. 

"Tivemos a sorte de ter acesso ao acervo da Gl�ria. Ela n�o se envolveu no conte�do, mas cedeu tudo o que tem, tanto de arquivo de imprensa quanto de documentos jur�dicos e grava��es que fez com testemunhas"

Guto Barra, codiretor da s�rie


Assassino

H� sequ�ncias fortes que s�o recuperadas por meio destes depoimentos, como no momento em que Gazolla, durante o vel�rio, foi avisado por Frota de que a pol�cia j� sabia que P�dua (que havia ido � delegacia prestar sua solidariedade durante a madrugada) era o assassino. O vi�vo destruiu a capela ao receber a not�cia.

“Todo mundo que a gente procurou se prontificou a falar, n�o tivemos uma negativa. Mais importante do que todos os famosos s�o as pessoas-chave da hist�ria, testemunhas, delegados, promotores, familiares”, comenta Tatiana. A Globo cedeu todas as imagens que foram pedidas, assim como liberou seus contratados para falar para a s�rie.

A fotografia do corpo sem vida de Daniella � exibida v�rias vezes. “No in�cio, a gente tinha d�vida (sobre a exposi��o da imagem), mas isto veio da Gl�ria. Ela sempre expressou o quanto acha necess�rio mostrar a viol�ncia em torno deste crime. Acha que, sem as imagens, � dif�cil fazer as pessoas entenderem a dimens�o do que foi feito com a Daniella naquela noite. E a Gl�ria � muito pr�tica. Para ela, a viol�ncia maior � a publica��o das imagens dos dois juntos (Daniella e Guilherme em cenas rom�nticas na novela) em revistas”, afirma Barra.

Maquiada e de twin set azul marinho, Gloria Perez dá entrevista para a série
Gl�ria Perez defende a divulga��o da imagem da filha morta, para que o p�blico tenha dimens�o da monstruosidade do crime (foto: HBO/Divulga��o)


De acordo com o documentarista, a ideia da s�rie nunca foi tentar achar fatos novos. “� um caso julgado e conclu�do. N�o tivemos inten��o de gerar d�vidas, mas procuramos detalhar o m�ximo de quest�es poss�veis, coisas esquecidas, mal explicadas.” 

Um exemplo est� no primeiro epis�dio. O Escort que Daniella dirigia era de Gazolla. Ela, que dirigia uma moto na �poca, pediu � m�e dinheiro emprestado para comprar seu pr�prio carro. Naquela noite, a atriz estava com uma bolsa com os US$ 6 mil emprestados por Gl�ria que ela usaria para comprar, no dia seguinte, o ve�culo. O dinheiro desapareceu. 

A s�rie tamb�m mostra que nunca houve um romance entre a atriz e seu assassino – durante muito tempo, houve uma narrativa de que a motiva��o do crime seriam ci�mes. Na altura da trama da novela “De corpo e alma” que estava no ar na �poca do assassinato, a personagem de Daniella, Yasmin, estava terminando seu romance com Bira, o personagem de Guilherme. 

Ass�dio

O ator, que fazia seu primeiro personagem de destaque na TV, estava atr�s da atriz (o que � reiterado por profissionais de bastidores que trabalhavam na novela), insistindo para que ela intercedesse junto � Gl�ria para que aumentasse o papel dele na novela. Daniella, dizem alguns dos entrevistados, estava cansada do ass�dio de Guilherme.

Guilherme e Paula, hoje divorciados e casados com outras pessoas, n�o foram procurados pela s�rie. “A decis�o foi nossa, como documentaristas. A Gl�ria n�o teve nada a ver com a decis�o. Criticamos muito o papel que a imprensa sensacionalista teve na �poca, do quanto ve�culos deram espa�o para que vers�es mentirosas, err�neas, fossem sendo perpetuadas ao longo desses 30 anos. A gente n�o poderia criticar isso e fazer a mesma coisa. Este foi o crime de uma gera��o, abalou o Brasil de maneira potente. Espero que a s�rie tenha uma repercuss�o para que a verdade possa prevalecer”, diz Tatiana.

“PACTO BRUTAL: O ASSASSINATO DE DANIELLA PEREZ”

S�rie em cinco epis�dios. Os dois primeiros estreiam nesta quinta (21/7), na HBO Max. Os demais entram no ar na pr�xima quinta (28/7).




Guilherme de P�dua faz “esclarecimento” em rede social

Pela legisla��o brasileira, Guilherme de P�dua e Paula Thomaz tiveram direito a liberdade condicional ap�s cumprirem um ter�o da senten�a. Deixaram a pris�o, com a diferen�a de meses, em 1999. P�dua, nascido em Belo Horizonte, vive na capital mineira desde ent�o. Em seu terceiro casamento, o ex-ator �, desde 2017, pastor da Igreja Batista da Lagoinha. 

Esteve ativo nas redes sociais at� maio de 2020, quando publicou um v�deo com a mulher em uma manifesta��o pr�-Bolsonaro em Bras�lia. H� duas semanas, voltou �s redes para publicar um v�deo no YouTube com o t�tulo “Sobre s�rie da HBO”. Na imagem, P�dua afirma que voltou �s redes para dar “esclarecimentos” de que teria bloqueado suas redes por causa de um “seriado de TV”. 

Teria sa�do das redes h� dois anos seguindo o pedido de um pastor que o “aconselha e orienta”. “No auge da pandemia, parece que o debate estava interditado e tinha muita animosidade nas redes.” N�o cita o nome de ningu�m no v�deo, s� diz que a imprensa nunca lhe deu voz e que, “com toda raz�o me persegue”. Acrescenta que nada vai apagar ou corrigir o passado. 


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