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Caetano Veloso comemor� 80 anos no palco com os filhos e Maria Beth�nia

Cantor e compositor baiano se apresenta no pr�ximo domingo (7/8), dia de seu anivers�rio; s�rie de lan�amentos abordam sua carreira, suas letras e sua biografia


01/08/2022 04:00 - atualizado 31/07/2022 19:28

de pé com parede cinza ao fundo, usando camisa estampada, Caetano Veloso olha para a câmera
A apresenta��o de anivers�rio de Caetano Veloso no palco da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, ter� transmiss�o aberta via plataformas de streaming (foto: Sergio Lima / AFP)

Gente � pra brilhar. E Caetano Veloso chega aos 80 neste 7 de agosto querendo “prosseguir, durar, crescer e luzir”, como o pr�prio escreveu. A comemora��o do anivers�rio ser� �ntima, por�m p�blica. No pr�ximo domingo, far� show ao lado dos filhos Moreno, Zeca e Tom e da irm� Maria Beth�nia. A transmiss�o, ao vivo, da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, ser� pelo Globoplay e Multishow.   

Longe dos holofotes e sob o olhar de terceiros, vida e obra de Caetano est�o sendo revistas em cinco lan�amentos liter�rios. Dois t�tulos t�m o vi�s biogr�fico, “Outras palavras – Seis vezes Caetano”, do jornalista Tom Cardoso (Record), e “Lado C – A trajet�ria musical de Caetano Veloso at� a reinven��o com a BandaC�”, dos pesquisadores Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes (M�quina de Livros).

O terceiro volume � um calhama�o organizado por Eucana� Ferraz para a Companhia das Letras que compila a produ��o po�tica do baiano. “Letras” re�ne todas as can��es escritas por ele – come�a da atualidade, com as letras de “Meu coco” (2021), retrocedendo �s composi��es iniciais nos anos 1960.

J� a Cepe Editora disponibiliza gratuitamente, a partir desta segunda (1/8), o e-book “Caetano Veloso enquanto superastro”. Escrito pelo cr�tico mineiro Silviano Santiago h� 50 anos, o ensaio, considerado pioneiro em sua �poca, faz uma leitura sobre o fen�meno do superstar, algo que a academia n�o estudava no in�cio dos anos 1970. 

O �ltimo t�tulo, que ser� lan�ado em 29 deste m�s, � a antologia “Vivo muito vivo” (Jos� Olympio). A obra re�ne 15 autores contempor�neos em contos inspirados em letras de Caetano.

Tom Cardoso, que j� biografou Nara Le�o e S�crates, n�o considera “Outras palavras” como tal. “� um ensaio com uma mistura de biografia. Eu me espelhei em ‘Roberto Carlos em detalhes’, de Paulo C�sar de Ara�jo, que tinha cap�tulos tem�ticos”, diz. Lan�ado em 2006, o livro de Paulo C�sar de Ara�jo foi censurado pelo pr�prio Rei, recolhido das livrarias e motivou o STF a mudar a legisla��o, liberando quase uma d�cada depois a publica��o de biografias n�o autorizadas.

Show

 “Foi um provoca��o com o pr�prio Caetano, que na �poca se posicionou contra as biografias n�o autorizadas. O Paulo C�sar sofreu, foi muito corajoso, e resolvi fazer esta homenagem a ele”, afirma Cardoso. A obra traz seis cap�tulos, "o santo-amarense", "o pol�mico", "o l�der", "o vanguardista", "o amante" e "o pol�tico". 

O autor n�o ouviu Caetano para o livro – entrevistou algumas pessoas pr�ximas, algumas que pediram para n�o ser identificadas. Mesmo assim, a principal fonte de Cardoso foi o pr�prio Caetano, por meio de entrevistas e declara��es para a imprensa em cinco d�cadas de atua��o.

“Isto � muito mais importante do que tentar uma entrevista. Eu at� conseguiria, talvez por e-mail, j� que est�vamos no auge da pandemia. Mas queria o Caetano falando no calor da hora dos acontecimentos. Ele � muito onipresente, d� entrevista e depoimento sobre quase tudo. E algumas destas entrevistas se perderam, alguns ve�culos acabaram e seriam coisas que voc� n�o acha no Google. Resolvi privilegiar o Caetano do jeito que ele �: muito impulsivo, inflamado, e tamb�m corajoso”, acrescenta.

Com uma prosa fluida, que costura, com gosto, a trajet�ria do cantor e compositor, Cardoso n�o traz nada de in�dito. Mas lan�a luzes em acontecimentos e momentos engolidos pela passagem do tempo. O autor diz que, mesmo j� sabendo de muita coisa, se surpreendeu com a pesquisa.

Uma das surpresas foi descobrir que foi um homem, o tradutor Paulo C�sar Souza, amigo antigo de Caetano, a inspira��o para “Eclipse oculto” (“Nosso amor/N�o deu certo/Gargalhadas e l�grimas/De perto/Fomos quase nada”). O pr�prio Souza confirmou ao jornal baiano “A tarde”, em 2008, de onde Cardoso pin�ou a informa��o, que os dois n�o conseguiram chegar �s vias de fato. Tal hist�ria est� contada no cap�tulo “O vanguardista”.

A �ltima parte, “O pol�tico”, � uma das mais saborosas. S�o v�rias as passagens com pessoas p�blicas que estiveram � frente da hist�ria do Brasil nas �ltimas d�cadas. “Acho que acima de tudo, o Caetano � contra a opini�o vigente. Ele bateu de frente com a milit�ncia de esquerda numa �poca que ningu�m fazia isso, elogiou (os ex-presidentes) Figueiredo, Geisel e Collor”, acrescenta Cardoso.

E tamb�m deu o troco. Rompido com Collor, Ant�nio Carlos Magalh�es, presente at� na sala de Dona Can� por meio de uma foto, cobrou de Caetano numa festa uma posi��o mais cr�tica em rela��o ao governo federal. O cantor e compositor se enfureceu: “Voc�s da direita sustentaram esse cara que n�s fizemos tudo para derrotar e agora voc� vem me tratar como se estiv�ssemos juntos? Toninho Malvadeza ficou ralo. Olhou ao redor, p�lido de raiva, e se afastou de fininho”, disse � “Playboy”, em 1996.

Reencontro com p�blico jovem

Com formato de livro-reportagem, “Lado C” recupera a trajet�ria do artista neste s�culo, a partir de 2006. Na �poca, Caetano formou um power trio com m�sicos 30 anos mais jovens – o guitarrista Pedro S�, o baterista Marcelo Callado e o contrabaixista Ricardo Dias Gomes. 

Com uma sonoridade b�sica, um contraponto e tanto � fase anterior, que tinha o maestro, arranjador e violoncelista Jaques Morelenbaum como figura de proa, o formato enxuto inaugurou a fase da BandaC�.

Foi o per�odo em que Caetano se reaproximou do p�blico jovem, respons�vel, em parte, por lotar os shows dos �lbuns “C�” (2006), “Zii & Zie” (2009) e “Abra�a�o” (2012) – todos ainda geraram discos ao vivo. Criador do canal “Alta fidelidade” no YouTube, dedicado � m�sica, Luiz Felipe Carneiro escolheu o vi�s do livro pelo ineditismo e tamb�m pela aproxima��o com o tema.

“Sou de 1979, o primeiro show que vi do Caetano foi ‘Circulad�’ (1991), quando tinha 11 anos. Fui a todos depois e sempre tinha senhorinhas que falaram que eu era o mais novinho da plateia. Quando come�ou a fase da BandaC�, lembro de ter ido a um show no Morro da Urca e me sentido velho, pois ali vi uma garotada com 18, 19 anos, cantando todas as m�sicas”, diz Carneiro.

Seu colega na empreitada, o pesquisador Tito Guedes – que ele conheceu por meio do livro “Querem acabar comigo” (2021), que recupera a vis�o da cr�tica sobre a obra de Roberto Carlos –, � ainda mais novo. Guedes n�o tinha mais do que 16 anos quando viu o primeiro show de Caetano, “Abra�a�o”. “A BandaC� era simples sem ser simplista, com uma linguagem pop, moderna e estranha no melhor sentido”, diz Guedes.

Para o livro, a dupla realizou entrevistas com aproximadamente 40 pessoas. Al�m do pr�prio Caetano e dos tr�s integrantes da banda, falou tamb�m com m�sicos que tocaram com ele em outras forma��es – Jards Macal�, Arnaldo Brand�o, Vinicius Cantu�ria – bem como figuras que trabalharam nas turn�s. “Foram t�cnicos de som, roadies, produtores executivos. Muitas vezes a turma dos bastidores tem hist�rias mais saborosas”, comenta Carneiro.

Caetano n�o chegou � forma��o de 15 anos atr�s gratuitamente. Tanto que o livro, para contextualizar o tema principal, faz um retrato das forma��es anteriores que acompanharam o cantor. “Sempre houve um paralelo muito grande do ‘Transa’ (o disco de 1972, gravado no ano anterior, em Londres, durante o ex�lio, tamb�m com formato enxuto) com a BandaC�. Depois houve a cria��o da Outra Banda da Terra (que o acompanhou entre o final dos anos 1970 e o in�cio dos 1980), da Banda Nova, do Jaques Morelenbaum. N�o haveria como falar da BandaC� sem falar das que vieram antes”, comenta Guedes.

Para Carneiro, o Caetano do per�odo rejuvenesceu, assim como seu p�blico e sua m�sica, em decorr�ncia de v�rios fatores. “Ele vinha de um disco em ingl�s (‘A foreign sound’, de 2004) com uma turn� com orquestra. Se separou da Paula (Lavigne, com quem reatou em 2016) e acho que viu que estava num momento diferente da vida, mais livre.”

Na opini�o dele, n�o h� como falar que o per�odo recente foi dedicado ao rock. “O Caetano � uma esponja, ele escuta tudo, sabe do que est� acontecendo no mundo da m�sica. O meio indie estava fazendo muito sucesso. Agora, o pessoal que diz que o Caetano virou roqueiro (na �poca) n�o tem muito conhecimento da obra em si. Desde a Tropic�lia ele j� fazia. O disco ‘Vel�’ (1984), que veio depois, poderia ter sido um disco do BRock. Ou seja, sempre teve um pezinho na m�sica mais pop”, comenta Carneiro. 

ESPECIAL CAETANO VELOSO 80 ANOS
Domingo (7/8), �s 20h30, no Globoplay (com sinal aberto para n�o assinantes) e Multishow

capa do CD 'CAETANO VELOSO %u2013 LETRAS'

“CAETANO VELOSO – LETRAS”
• Organiza��o de Eucana� Ferraz
• Companhia das Letras (512 p�gs.)
• R$ 129,90 (livro) e R$ 49,90 (e-book)

capa do CD 'CAETANO VELOSO ENQUANTO SUPERASTRO'

“CAETANO VELOSO ENQUANTO SUPERASTRO”
• Silviano Santiago
• Cepe Editora
• O e-book ser� disponibilizado gratuitamente nas plataformas digitais a partir desta segunda (1/8)

 
capa do CD 'LADO C %u2013 A TRAJETÓRIA MUSICAL DE CAETANO VELOSO ATÉ A REINVENÇÃO COM A BANDACÊ'
“LADO C – A TRAJET�RIA MUSICAL DE CAETANO VELOSO AT� A REINVEN��O COM A BANDAC�”
• Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes
• M�quina de Livros (256 p�gs.)
• R$ 62,90 (livro) e R$ 42 (e-book)

 
capa do CD 'OUTRAS PALAVRAS %u2013 SEIS VEZES CAETANO'
"OUTRAS PALAVRAS %u2013 SEIS VEZES CAETANO"
“OUTRAS PALAVRAS – SEIS VEZES CAETANO”
• Tom Cardoso
• Record (308 p�gs.)
• R$ 69,90 (livro) e R$ 48,90 (e-book)


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