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Estado de Minas LIVRO

Can��es de Caetano inspiram contos da colet�nea "Vivo muito vivo"

Em volume que ser� lan�ado no fim deste m�s, 15 autores imaginam hist�rias a partir de letras do cantor e compositor baiano


01/08/2022 04:00 - atualizado 31/07/2022 19:29

Vestido de camisa e calça brancos, Caetano Veloso canta no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes
Caetano Veloso durante a passagem da turn� "Meu coco" pelo palco do Grande Teatro do Pal�cio das Artes, em abril deste ano (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )

Cada um p�de escolher a letra que quisesse. O resultado � diverso, abrange desde cl�ssicos do cancioneiro de Caetano Veloso (“Tigresa”, “London, London”, “Terra” e “Nosso estranho amor”) at� m�sicas menos populares (“Motriz”, lan�ada por Maria Beth�nia nos anos 1980, e “Quando o galo cantou”, can��o sobre o sexo da fase mais recente, com a BandaC�).

Quinze can��es e 15 escritores. � esta a ideia de “Vivo muito vivo” (Jos� Olympio), antologia organizada pelo jornalista e escritor Mateus Baldi. Com lan�amento previsto para o final deste m�s, a obra re�ne autores de express�o na produ��o contempor�nea. Cada um escolheu uma can��o de Caetano e, a partir dela, escreveu um conto.

Edimilson de Almeida Pereira, vencedor dos pr�mios Oceanos e S�o Paulo de Literatura, inspirado por “Trem das cores”, acompanha a fuga de um refugiado. Finalista do Jabuti e S�o Paulo de Literatura, Giovana Madalosso reimagina a hist�ria de “Tigresa”, como mostra trecho in�dito publicado a seguir.
Outros nomes presentes na obra s�o Arthur Dapieve, um dos grandes cronistas da atualidade (e grande conhecedor da m�sica brasileira) e as escritoras Juliana Leite, Cidinha da Silva e Nara Vidal. 

“Os autores foram selecionados pensando nas m�ltiplas dire��es para onde sua obra aponta. Nomes que eu admiro, que sei que fazem trabalhos diferentes em forma e conte�do, e que, na escolha das can��es, pudessem refletir para o leitor, para o ouvinte, um Caetano que tamb�m desse conta de como eles, os autores, o veem”, afirma Baldi.

O organizador tamb�m participa da antologia. Escreveu sob a inspira��o de “Neolithic man”, can��o do per�odo do ex�lio londrino. Est� no repert�rio do �lbum “Transa” (1972), sobre o qual Baldi trabalha em seu mestrado. Outra do mesmo �lbum � “It’s a long way”, escolhida por Carlos Eduardo Pereira.

caoa do CD 'VIVO MUITO VIVO'

“VIVO MUITO VIVO”
• Organiza��o de Mateus Baldi
• Jos� Olympio (160 p�gs.)
• Lan�amento no pr�ximo dia 29/8
• Em pr�-venda por R$ 54,90 

TRECHO 

“Casa das Palmas”

Conto de Giovana Madalosso criado a partir da can��o “Tigresa” (1977) 

“Eu n�o saberia por onde ela andava se n�o tivesse ouvido, numa mesa de bar, algu�m falar dela. Seu nome era inconfund�vel. Em quarenta anos nunca conheci outra que se chamasse da mesma maneira. As cinco letras me fizeram descer o copo antes de chegar � boca. Quem a mencionava era uma figurante que tinha dividido com ela algumas cenas numa novela de segunda categoria. Contava que, mesmo quando as falas eram curtas, ela n�o conseguia decorar. Pensaram at� em matar a personagem, mas precisavam dela para sustentar a trama final. Disse com um desprezo que me incomodou e, talvez por isso, nem cogitei pedir o contato – nem acho que a figurante teria.

Decorei a nome do drama: “Cora��o ardente”. No dia seguinte liguei para uma amiga que trabalhava no canal. N�o demorou para que eu conseguisse o e-mail e o telefone. Olhando para as letras e n�meros anotados em caneta azul, perguntei-me o que faria com aquilo. S� passamos uma noite e um dia juntos, se ela n�o lembrava nem das falas, como lembraria de mim? Ainda assim e por um motivo que eu sequer entendia, queria v�-la. Mandei uma mensagem. O n�mero j� n�o era mais dela. Mandei um e-mail, nunca tive resposta. 

Tentei esquecer o assunto mas passei a sonhar com suas �ris cor de mel. Em um dos sonhos, seus dentes cravavam minha pele como uma ma��. N�o soube se o vermelho dos l�bios era batom ou sangue e acordei assustada. Nesse dia pensei que precisaria ach�-la. Ou n�o ach�-la de vez, o que n�o deixa de ser uma forma de encontro. Acionei minha amiga novamente. Para justificar a insist�ncia, tive que explicar por que a procurava. Ao ouvir, ela riu de um jeito estranho, depois disse que eu andava muito sozinha, que procurasse uma namorada ou uma terapeuta. Um dia depois, me mandou o endere�o.”





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