
Realizado pela primeira vez em 2003, o Savassi Festival nasceu, segundo seu idealizador, Bruno Golgher, com uma ideia relativamente simples: levar para o espa�o p�blico shows que as pessoas estavam habituadas a assistir em locais privados, cuidando para que fossem t�o bons ao ar livre quanto no ambiente fechado. “O mundo mudou, a cidade mudou, mas essa fa�sca permanece”, ele diz.
Desta segunda-feira (15/8) at� o pr�ximo dia 22, o evento ocupar� ruas, bares, restaurantes, teatros e equipamentos p�blicos com shows, lan�amentos, palestras e workshops, al�m de novidades, como a estreia do Clube de Jazz do Caf� com Letras.
Aposta na diversidade
Os shows gratuitos ocorrer�o na Pra�a Floriano Peixoto, no bairro Santa Efig�nia, e na Savassi, entre sexta-feira (19/8) e domingo que vem (21/8). Est�o escalados Glaw Nader, Dani Gurgel, L�via Mattos, H�rcules Gomes Trio, Gaia Wilmer e Sexteto Sucupira, al�m da dinamarquesa Kathrine Windfeld, acompanhada da Big Band do Clube de Jazz, e da cantora Enji Erkham, da Mong�lia.
Diversidade e novidade s�o marcas registradas do evento, que tem o foco no jazz e na m�sica instrumental, mas n�o se limita a eles. Montar a vasta programa��o � um exerc�cio de organiza��o que passa por v�rias camadas.
“Primeiro, sempre tem aquele monte de coisas que voc� sempre quis fazer e nunca conseguiu, os desejos curatoriais n�o realizados. Wagner Tiso � um deles. Nesses 20 anos, ele nunca tinha tocado no festival”, diz o produtor. O pioneiro do Clube da Esquina vai fazer show na pr�xima sexta-feira (19/8), no CCBB.
Golgher destaca que v�rios flancos, como se fossem subprojetos do festival, servem de baliza para a programa��o. Ele cita o Palco UFMG, que contar� com quatro alunos e alunas da Escola de M�sica da universidade e seus grupos, e o Novos Talentos do Jazz, que selecionou, por meio de edital, artistas emergentes.
“Penso a programa��o com artistas que gostaria de trazer ou que as pessoas indicam. O Sexteto Sucupira, por exemplo, veio de um amigo que disse que eu tinha de ouvir, porque era muito bom. Ouvi e achei incr�vel. J� o Leandro Cabral foi uma sugest�o do Rafael Martini”, conta Bruno Golgher.

Mulheres e crian�as ganham destaque
Somam-se a isso recortes que apontam caminhos curatoriais. A Pra�a Floriano Peixoto receber� dois deles, no pr�ximo fim de semana: Mulheres na M�sica Instrumental e Jazzinho – Jazz para Crian�as.“A gente explora esses recortes com aten��o �s efem�rides”, diz Golgher, aludindo a duas atra��es do Jazzinho: “Caetano Veloso para crian�as e outras brincadeiras”, show dos paulistas D�cio Gioielli e Andr� Perine, que celebra os 80 anos do baiano; e a homenagem aos 50 anos do Clube da Esquina que ser� feita por Lu�sa Mitre, Alexandre Andr�s e Lucas Telles, em “O Clube da Esquina para crian�as”, show dirigido por Rodrigo Borges, sobrinho de L� e Marcio Borges.
Al�m dos palcos montados na Savassi e na Pra�a Floriano Peixoto – em parcerias com o Festival Verbo Gentileza –, outros locais abrigam a programa��o: Sala Juvenal Dias do Pal�cio das Artes, Conservat�rio UFMG e Caf� com Letras, onde tudo come�ou, al�m do CCBB e do Clube de Jazz do Caf� com Letras.
A Juvenal Dias receber� Rafael Dutra (nesta segunda, 15/8), Vanessa Moreno e Salom�o Soares (17/8), Marcelo Magalh�es Quarteto (18/8), Marcos Ruffato (19/8) e O Grivo (20/8). Rafael Martini (17/8), Andr� Mehmari e Maria Jo�o (18/8) e Enji Erkhan (20/8), al�m do Wagner Tiso Trio, s�o as atra��es do CCBB.
Golgher hesita, mas acaba entregando, de “bate-pronto”, alguns destaques desta edi��o. “O Tiso, sem d�vida, � um deles, por ser um monumento da nossa cultura. O trabalho de composi��o e grava��o que o Martini fez com ‘Martelo’ (novo �lbum do artista) � uma coisa importante dentro do festival, porque � muito elaborado, muito especial”, aponta.
O Sexteto Sucupira, segundo ele, “consegue juntar duas coisas dif�ceis: a trama da m�sica instrumental com a festa; � um neg�cio para cima, uma esp�cie de celebra��o da m�sica brasileira”, diz.

Atra��es internacionais
Golgher chama a aten��o para as atra��es internacionais – Enji Erkham e Kathrine Windfeld. “Kathrine � uma compositora europeia que tem alcan�ado proemin�ncia com seu trabalho focado nas big bands. A Enji vem da tradi��o do canto gutural da Mong�lia. Nesse sentido, seu show se conecta com o Congresso Acad�mico Pensar M�sica, que tem como tema 'A improvisa��o nas margens', driblando a liga��o estrita do jazz s� com os Estados Unidos”, ressalta.
O produtor destaca tamb�m o que considera uma revela��o: a cantora, compositora e instrumentista Jasmine Godoy. “� uma menina que nasceu na Holanda, morou em Montes Claros e agora est� aqui em Belo Horizonte. Excelente cantora e compositora, muito digna de nota.”
A��es educacionais ampliam agenda
A��es conexas ampliam a abrang�ncia do Savassi Festival. Uma delas � o Est�dio de Portas Abertas – fruto da parceria com os principais est�dios de grava��o da capital mineira. O objetivo � aproximar o p�blico da rotina de cinco est�dios para conhecer o que ele tem produzido.O Espa�o Cultural do Livro de M�sica � uma feira, organizada em parceria com a Tipografia Musical, com livros de outras editoras especializadas, como Vitale, MusiMed, Cobog�, Fino Tra�o e Neutra. Ser� montada na pra�a da Savassi, no pr�ximo domingo, das 9h �s 20h.
A educa��o tamb�m ganhou destaque. Workshop sobre t�cnicas vocais do canto gutural tradicional da Mong�lia ser� ministrada por Enji Erkhem, na quarta-feira (17/8), �s 15h, no Conservat�rio UFMG.
''Voltar a ocupar o espa�o p�blico no ano em que o festival chega � 20� edi��o representa muita coisa. � algo que est� no nosso DNA por uma raz�o muito forte: a ideia de que ter m�sica e cultura ao ar livre faz bem para as pessoas, torna a cidade melhor''
Bruno Golgher, criador do Savassi Festival
Masterclass no Conservat�rio
No dia 19, a partir das 10h, tamb�m no Conservat�rio, haver� masterclass de composi��o, piano e arranjos com Kathrine Windfeld. Por fim, no dia 20, �s 11h, no Clube de Jazz do Caf� com Letras, acontece o workshop ministrado por Henrik Hansen, baterista que acompanha Windfeld.
“O festival tem um componente educacional importante, sempre pensamos em fugir da esfera exclusiva do espet�culo”, diz Golgher. “Outra inten��o, ainda imperfeitamente alcan�ada, � mobilizar o m�ximo de elos da cadeia produtiva da m�sica. Voc� tem as escolas, com o Palco UFMG, voc� tem os est�dios e a m�sica tamb�m gera livro”, comenta.
O desejo � criar ambiente prop�cio para que novos talentos, projetos e colabora��es surjam. “� o caso da Enji Erkham. Poderia traz�-la s� para o show e ela ir embora, mas se ela participa do congresso e oferece masterclass, isso amplifica sua presen�a aqui. Projetos novos saem � na hora do cafezinho. O modelo OVNI, que vem, aterrissa, toca e vai embora deixa um rastro muito ralo. A ideia � engrossar esse caldo”, conclui Bruno Golgher.