A montagem tem dire��o de Dennis Carvalho e dire��o musical de Alexandre Kassin, ambos rec�m-chegados ao universo dos musicais (foto: LEO AVERSA/DIVULGA��O)
Foi aqui mesmo que o projeto come�ou. E n�o poderia ser diferente, pois o ponto de partida da hist�ria � Belo Horizonte. Empres�ria de Milton Nascimento por 15 anos (1994 a 2009), Marilene Gondim h� muito n�o o via no palco, quando foi assisti-lo, em novembro de 2015, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
Emocionada ap�s o show, descia a escada do teatro quando se encontrou com M�rcio Borges. “Marcinho, quero fazer um musical sobre o Clube”, disse ela ao letrista. Expertise j� tinha, pois era a produtora de “Elis, o musical”, que, naquela �poca, rodava o Brasil.
Faz o maior sentido que, sete anos mais tarde, “Clube da Esquina – Os sonhos n�o envelhecem” inicie sua temporada em BH – cidade, vale refor�ar, que tamb�m vai assistir � despedida dos palcos de Milton, em novembro. Com parte da equipe que trabalhou no musical sobre Elis Regina e o diretor Dennis Carvalho no comando, o espet�culo estreia nesta sexta (19/8), no Sesc Palladium. A temporada vai at� 28 deste m�s.
Foi tamb�m o livro de M�rcio Borges, “Os sonhos n�o envelhecem – Hist�rias do Clube da Esquina” (1996), o principal registro sobre o encontro na BH dos anos 1960 de m�sicos, compositores e letristas que formou uma das principais for�as da m�sica brasileira do s�culo 20, a base para a montagem. A adapta��o e a dramaturgia ficaram a cargo de Fernanda Brandalise.
"� um musical brasileiro, n�o tem nada de coreografia. E tamb�m n�o � document�rio. Contamos com aquelas m�sicas lindas, e atores e cantores, todos jovens"
Dennis Carvalho, diretor
Desafio
De projetos do g�nero, Dennis Carvalho, que deixou a Globo h� poucos meses depois de 47 anos de trabalho na emissora, havia dirigido at� ent�o somente “Elis, o musical”. “Eu era mais ‘verde’ neste neg�cio, ent�o fiquei mais nervoso com ‘Elis’. Mas o barato da profiss�o � que sempre h� um desafio, ent�o voc� sempre fica nervoso. E s� ensaiamos com os atores no Rio. Quando chegamos aqui no teatro, os ensaios passaram a ser com luz, m�sicos. � muito emocionante”, diz.
� um musical, mas est� longe do formato Broadway. “� um musical brasileiro, n�o tem nada de coreografia. E tamb�m n�o � document�rio. Contamos com aquelas m�sicas lindas, e atores e cantores, todos jovens”, comenta Carvalho.
M�rcio Borges (R�mulo Weber) e Milton Nascimento (Tiago Barbosa) em cena do musical, que � baseado no livro "Os sonhos n�o envelhecem - Hist�rias do Clube da Esquina" (1996), de Borges
(foto: LEO AVERSA/DIVULGA��O)
Amigo de Milton h� 40 anos (o cantor e compositor �, inclusive, padrinho de uma de suas filhas), o diretor esteve na casa dele, no Rio, h� duas semanas. “Ele gosta de ver novela, ficou brincando e rindo. E estava curioso: ‘Quem vai me fazer?’.”
A resposta est� em Tiago Barbosa, de 37 anos. O ator e cantor fluminense ganhou o mundo a partir de 2013, quando interpretou Simba, o protagonista do musical “O rei le�o”. A carreira deslanchou, e Barbosa mudou-se, h� sete anos, para a Espanha, onde continua atuando em espet�culos do g�nero.
"Nos �ltimos tr�s meses tenho ouvido muito Milton. E a� comecei a entender as sensa��es que a m�sica dele provoca: nostalgia, empoderamento. Quando ele faz as notas mais altas, de onde vem a inspira��o? � africana, ancestral. Busquei encontrar esse lugar para tentar faz�-lo da maneira mais honesta e sentimental poss�vel"
Tiago Barbosa, ator, int�rprete de Milton Nascimento no musical
O convite para interpretar Milton o trouxe de volta ao Brasil. At� ent�o, visitava o pa�s anualmente, para uma temporada curta, em que fazia seu show, “Estrada”. O repert�rio inclu�a “Nada ser� como antes” (Milton e Ronaldo Bastos) e “Travessia” (Milton e Fernando Brant). Mas nunca tinha visto um show do mineiro. No �ltimo m�s, sentou-se na primeira fila da apresenta��o que Milton fez de “A �ltima sess�o de m�sica”, no Rio de Janeiro.
“As notas que o Milton alcan�a s�o bastante dif�ceis. Venho de um lugar que � a Broadway, e aqui � Brasil. Tudo que tive que perder para trabalhar fora do pa�s eu fui redescobrir agora para poder faz�-lo”, comenta Barbosa. Para interpretar o cantor e compositor, ele perdeu quase sete quilos, deixou o cabelo crescer (mas em cena utiliza perucas) e fez uma imers�o na produ��o musical.
“Nos �ltimos tr�s meses tenho ouvido muito Milton. E a� comecei a entender as sensa��es que a m�sica dele provoca: nostalgia, empoderamento. Quando ele faz as notas mais altas, de onde vem a inspira��o? � africana, ancestral. Busquei encontrar esse lugar para tentar faz�-lo da maneira mais honesta e sentimental poss�vel”, acrescenta ele, que interpreta quase 15 can��es.
Elenco
Barbosa capitaneia um time de 16 atores e cantores, selecionados entre 300 candidatos. O elenco principal traz Cadu Libonati (L� Borges), Daniel Haidar (Fernando Brant), Vitor Novello (Wagner Tiso), Tom Karabachian (Beto Guedes), R�mulo Weber (M�rcio Borges) e Gab Lara (Ronaldo Bastos).
Na opini�o de Dennis Carvalho, para al�m da produ��o musical, o mais marcante na trajet�ria do Clube da Esquina � a amizade. “Foi isto que aprendi com o Bituca durante uma vida inteira. Uma amizade consegue sobreviver a tudo, e quando a gente v� a hist�ria do Clube, vai descobrindo que um fica amigo do outro, e do outro.” Para formar o elenco, o diretor se valeu de tr�s quesitos: interpreta��o, canto e semelhan�a f�sica, “se poss�vel”.
A equipe do musical traz nomes muito conhecidos do meio, como o iluminador Maneco Quinder� e a figurinista Mar�lia Carneiro. O diretor musical, no entanto, � um estreante no g�nero. M�sico, compositor e produtor, Alexandre Kassin j� trabalhou com v�rios grandes, como Caetano Veloso, Los Hermanos, Jorge Mautner, Erasmo Carlos, Vanessa da Mata. Mas nunca havia feito nada parecido com um musical.
“Mesmo n�o acompanhando o mundo dos musicais, quando assistia pensava na maneira como a m�sica era realizada, que � muito diferente de um disco ou um show. Voc� tem que calcular o tempo da m�sica para o di�logo, por exemplo. O que sempre me encantou foi o lado meio oper�stico da coisa”, conta Kassin.
Para o projeto, ele montou uma banda base com seis m�sicos. Kassin trabalhou basicamente em cima dos arranjos originais das 25 can��es que integram o repert�rio. “Fui absolutamente respeitoso, tentei levar aquilo o m�ximo poss�vel como �. O que mudei foi para que servisse � cena, um pouco mais de ritmo em uma can��o, por exemplo, para dar mais impacto (ao que acontece no palco)”, continua.
As cl�ssicas harmonias da produ��o musical do Clube tiveram diferentes graus de dificuldade na hora de serem transpostas para o musical. “Tem coisas simples e outras que s�o t�o complicadas que n�o tem outro ponto de vista (do que o original)”, afirma Kassin, citando “Saudades dos avi�es da Panair” (Milton e Fernando Brant), como uma delas.
"Fui absolutamente respeitoso (com as can��es), tentei levar aquilo o m�ximo poss�vel como �. O que mudei foi para que servisse � cena, um pouco mais de ritmo em uma can��o, por exemplo, para dar mais impacto (ao que acontece no palco)"
Alexandre Kassin, diretor musical
Mas a can��o que mais deu trabalho foi “Travessia”. “Por incr�vel que pare�a, mas como n�mero, sua realiza��o foi complicada. Tem muitas sutilezas e foi a que mais tivemos que repetir (nos ensaios). Para mim, � o momento de cair para tr�s no musical, inesquec�vel. O ‘Travessia’ que o Tiago fez � hist�rico”, comenta o diretor musical.
Neste fim de semana, a estreia do musical ser� uma prova de fogo para o elenco, j� que muitos dos envolvidos nesta hist�ria de mais de 50 anos estar�o na plateia. L� Borges, por sinal, conheceu recentemente os atores, que foram a um show dele no Rio.
O parceiro de Milton no antol�gico (e cinquent�o) �lbum “Clube da esquina” chamou todos para o palco e, emocionado, disse para a plateia que naquela noite estava conhecendo “minha m�e, meu pai, meus irm�os”.
Depois de BH, “Clube da Esquina – Os sonhos n�o envelhecem” segue para apresenta��o �nica, em 2 de setembro, no Centro Cultural Usiminas, em Ipatinga, e para temporadas no Rio de Janeiro (a partir de 9/9, no Teatro Riachuelo) e em S�o Paulo (a partir de 28/10, no Teatro Liberdade).
WORKSHOP GRATUITO
Dennis Carvalho e parte da equipe do musical far�o um workshop sobre o processo criativo de “Clube da Esquina – Os sonhos n�o envelhecem”. O encontro ser� destinado a atores, m�sicos, diretores e produtores de artes c�nicas, bem como a estudantes. O bate-papo ser� na sexta (26/8), das 10h �s 12h, no Sesc Palladium. Inscri��es gratuitas pelo Sympla.
“CLUBE DA ESQUINA – OS SONHOS N�O ENVELHECEM”
Estreia nesta sexta (19/8), �s 20h30, no Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Temporada at� 28/8. De quinta a s�bado, �s 20h30, e domingo, �s 19h. Dura��o: 120 min. (15min. de intervalo). Ingressos: Plateia 1: R$ 240; Plateia 2: R$ 220; Plateia 3: R$ 190; Plateia 4: R$ 75. Valores referentes � inteira. � venda na bilheteria e no site Sympla.
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