HBO tenta repetir sucesso de 'GoT' com 'A casa do drag�o', que estreia hoje

A briga agora � dentro de casa. E com direito a muito cabelo descolorido. Na noite deste domingo (21/8), a partir das 22h, a HBO d� in�cio a uma nova jornada em Westeros. Desde o fim de “Game of thrones”, em maio de 2019, o canal e plataforma de streaming n�o emplacava um sucesso em n�vel global t�o grande. “Euphoria” fez muito barulho, mas seu recorde de audi�ncia (5 milh�es de espectadores nos EUA) foi um quarto do que o �ltimo epis�dio de “GoT” conseguiu. 

A for�a ent�o est� agora com “A casa do drag�o”, a saga dos Targaryen, ambientada 172 anos antes do nascimento de Daenerys. A narrativa foi adaptada do primeiro volume de “Fogo & sangue” (2018, Suma Editora). George R. R. Martin est� devendo o segundo, vale lembrar. O escritor, que assina a s�rie como criador, aprovou a temporada inicial. 

“Assisti a todos os 10 epis�dios (embora com cortes brutos). ‘A casa do drag�o’ � tudo o que eu esperava: sombrio, poderoso, visceral, perturbador, deslumbrante de se ver, povoado de personagens complexos e muito humanos, trazidos � vida por alguns atores verdadeiramente incr�veis”, escreveu Martin em seu canal virtual de comunica��o com o mundo, o Not a Blog.

A narrativa acompanha a fam�lia real, os Targaryen, em meio a mais um per�odo de morte e sangue. A disputa pelo Trono de Ferro (que na nova s�rie foi criado com 2,5 mil espadas) vai gerar a Dan�a dos Drag�es, uma guerra civil que envolveu duas fac��es do cl� e seus respectivos cuspidores de fogo. Starks, Lannisters, Greyjoys, Tyrells, fam�lias que amamos e odiamos em igual medida na s�rie original, est�o em segundo plano aqui.

Mas o universo � o mesmo, � que o exibem os epis�dios iniciais. Com o motivo da can��o-tema conduzindo a abertura (que n�o � colossal como a de “GoT”), o in�cio contextualiza o p�blico para a hist�ria.

Logo ap�s a morte do Rei Jaehaerys Targaryen (Michael Carter), um Grande Conselho � convocado para decidir quem o sucederia, j� que seus filhos haviam morrido. Eram duas as op��es entre os netos: Rhaenys Velaryon (Eve Best), a mais velha; e Viserys Targaryen (Paddy Considine). O segundo vence o grande pr�mio porque � homem – n�o podemos nos esquecer da �poca patriarcal em que a narrativa � ambientada.

Rhaenys se torna “a rainha que nunca foi”. Mas as coisas n�o caminham bem. Em seu primeiro casamento, Viserys n�o consegue ter um filho var�o. Sua �nica filha � a Princesa Rhaenyra (Milly Alcock nos cap�tulos iniciais, que abordam a juventude da personagem, e Emma D'Arcy na idade adulta). Vi�vo, o rei vai contra tudo e todos e, quebrando a tradi��o, a nomeia como herdeira do trono.

S� que as coisas n�o s�o f�ceis assim. Irm�o ca�ula do rei, o Pr�ncipe Daemon (Matt Smith) � seu avesso. Viserys casou-se por amor, � um homem justo (na medida do poss�vel, claro), enquanto Daemon � violento, rebelde, mulherengo e se sente injusti�ado. Acredita que, caso o rei morra, ele tem que ser o herdeiro – e foi nomeado chefe da guarda, ent�o tem ascend�ncia sobre os soldados de Westeros.

Sem o sangue Targaryen, mas com forte influ�ncia no comando do reino, est� o calculista Otto Hightower (Rhys Ifans), a M�o do Rei, que todo f� de “GoT” sabe, � de suma import�ncia para a hist�ria. Pois ele tem uma filha, Alicent Hightower (Emily Carey na juventude e Olivia Cooke na idade adulta), melhor amiga da Princesa Rhaenyra. Otto, tamb�m de olho no poder, n�o se furta a leiloar a garota. E o que acontecer� com ela ser� determinante para a divis�o do poder.

O epis�dio que ir� ao ar neste domingo � uma carta de apresenta��o desta hist�ria – e traz um misto de tudo o que amamos em “GoT”. Depois de explicar como o Rei Viserys chegou ao Trono de Ferro, h� um drama familiar (com uma pesada sequ�ncia de parto, em que n�o faltam viol�ncia e sangue) e uma cena de sexo (mas nada que a s�rie original n�o tenha feito). 

Uma arena apresentando soldados em disputa j� traz alguns personagens masculinos que aparecer�o mais � frente. Em “GoT” os drag�es demoraram a aparecer – aqui eles est�o dominando a tela.

A personagem feminina mais interessante neste come�o de hist�ria � a Princesa Rhaenyra. De tamanho diminuto como a Daenerys de Emilia Clarke (h� uma cena no epis�dio dois em que ela tem que subir em degraus para alcan�ar o parapeito do pr�dio e falar com cavaleiros), ela sofre por ser coadjuvante. Sua fun��o � basicamente servir a bebida quando o pai est� com seus conselheiros. Rapidamente, a personagem vai mostrar a que veio – e � l�gico que ela ter� a reboque seu drag�o de estima��o.   

E tem Matt Smith e Rhys Ifans, que interpretam os personagens com mais nuances, com potencial para despertar amor e �dio em igual medida. Depois do Pr�ncipe Philip de “The crown”, Smith se depara novamente com um membro da fam�lia real que est� muito pr�ximo do poder que pertence a outra pessoa. Com um ar meio andr�gino gra�as ao cabel�o quase branco, o ator carrega na ironia ao se relacionar com os membros de sua fam�lia. 

Rhys Ifans, aqui fazendo um tipo escorregadio, duas caras, literalmente, rouba algumas cenas do in�cio da s�rie. Otto Hightower tem consci�ncia de que o Rei Viserys � fraco e facilmente manipul�vel. Suas tiradas durante as reuni�es do conselho s�o �timas – e o que faz com a filha Alicent � para l� de grave.

N�o � o caso de comparar agora “A casa do drag�o” com “GoT”. Pelo menos no in�cio, a produ��o est� um pouco s�ria demais. Falta um personagem como o impag�vel Tyrion Lannister (Peter Dinklage). E tamb�m h� menos diversidade entre os personagens, j� que � basicamente a saga de uma s� fam�lia. 

A nova produ��o tem como vantagem chegar j� com uma imensa base de f�s consolidada, que  conhece o terreno em que est� pisando. Poder� surpreender o espectador saudoso de hist�rias de reis, tronos e drag�es. E este � apenas o primeiro ano – se tudo correr como o previsto, outros vir�o.

 

 

A briga entre os Targaryen � s� uma das que prometem neste semestre. O Prime Video entrou na disputa por audi�ncia com sagas fant�sticas. Lan�a, no pr�ximo dia 1º/9, �s 22h, os dois epis�dios iniciais (de oito) da primeira temporada de “O Senhor dos An�is: Os an�is de poder”. Assim como “A casa do drag�o”, a narrativa � ambientada antes dos eventos de “O Hobbit” e “O Senhor dos An�is”, de J. R.R. Tolkien.

Come�ando em um tempo de relativa paz, a s�rie segue um elenco de personagens enquanto eles enfrentam o retorno do mal na Terra-m�dia. Rodada na Nova Zel�ndia durante a pandemia, sofreu com atrasos – a previs�o inicial era de estrear no ano passado. A ambi��o � grande, j� que s� a primeira temporada custou US$ 465 milh�es. A t�tulo de compara��o, cada temporada de “GoT” custou US$ 100 milh�es.

S�rie em 10 epis�dios. Estreia neste domingo (21/8), �s 22h, na HBO e na HBO Max. Novos epis�dios aos domingos.