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Estado de Minas M�SICA

'N�o tem muito mais o que pensar: � votar no Lula', diz Rodrigo Amarante

Ex-Los Hermanos volta ao Brasil para turn� de seu segundo disco solo, 'Drama'. Show em BH ser� em 10 de setembro


29/08/2022 04:00 - atualizado 29/08/2022 13:40

 Cantor e compositor Rodrigo Amarante
Rodrigo Amarante, que mora em Nova York, ter� a companhia de velhos parceiros no palco, como o baterista Rodrigo Barba, com quem fundou o Los Hermanos (foto: Julia Brokaw/Divulgacao.)


Rodrigo Amarante descobriu recentemente que s�o os Estados Unidos o pa�s que mais ouve sua m�sica. Tamb�m � mais ouvido na Cidade do M�xico do que em S�o Paulo, e em Istambul mais do que no Rio de Janeiro. “Apesar de qualquer coisa, � no Brasil que me sinto mais compreendido. N�o � s� a quest�o da l�ngua, mas da est�tica, dos temas. � o meu p�blico. Poder tocar no meu pa�s � fundamental para eu seguir adiante.”
 
Ele est� fora h� um ter�o de seus 46 anos, que ser�o completados em 6 de setembro. Desde 2007 vivendo nos EUA, acabou de trocar Los Angeles por Nova York. Em meio � mudan�a, passa o pr�ximo m�s no Brasil, onde lan�a seu segundo �lbum solo, “Drama” (2021), em oito shows. Belo Horizonte assistir� ao segundo deles, em 10 de setembro, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
 
No palco, Amarante estar� acompanhado de alguns velhos companheiros, como o baterista Rodrigo Barba, com quem fundou o Los Hermanos, mais o guitarrista Pedro S�, o baixista Alberto Continentino, o percussionista Daniel Castanheira e a violoncelista Nana Carneiro da Cunha, no show tamb�m comandando os teclados. A banda foi formada para a temporada brasileira. Que vem depois de ele ter lan�ado “Drama” nos EUA e na Europa. A inten��o inicial era lan��-lo primeiramente no Brasil, mas a pandemia, como em tudo, mudou os planos. Inclusive do pr�prio �lbum.
 

"Apesar de qualquer coisa, � no Brasil que me sinto mais compreendido. N�o � s� a quest�o da l�ngua, mas da est�tica, dos temas. � o meu p�blico. Poder tocar no meu pa�s � fundamental para eu seguir adiante"

 
 
O disco, que re�ne 11 faixas, come�ou a ser gravado no est�dio de M�rio Caldato Jr., produtor brasileiro radicado h� anos nos EUA. “Come�amos gravando ao vivo, todo mundo se via na sala, sem nem olhar computador, como se fazia nos tempos �ureos. E era como eu queria ter feito o disco inteiro.”
 
A crise sanit�ria interrompeu tudo, incluindo o modus operandi. “Acabei tendo que fazer v�rias m�sicas, inclusive gravando tudo sozinho no meu est�dio, em casa. Houve um lado interessante, pois (o processo) me for�ou a perguntar por que eu queria fazer de determinada forma. Acabei me rebelando contra minhas pr�prias ideias”, diz Amarante.
 
A despeito do momento de isolamento em que parte do �lbum foi concebida, “Drama” � menos melanc�lico do que “Cavalo” (2013), primeiro disco de Amarante fora do Los Hermanos e do Little Joy. “Mais barroco”, ele define.

REVELA��ES 

“No come�o, eu queria fazer um disco menos elaborado harmonicamente, mais seco, percussivo e mel�dico. � medida que o tempo foi passando, me deu vontade de escrever coisas mais doces e de- licadas. No disco anterior, me senti for�ado a definir uma voz. Com este, percebi que conclus�es s�o coisas tempor�rias. A busca de uma voz genu�na, de express�o pura, � uma coisa bastante ris�vel e um pouco rid�cula. Em vez de buscar uma voz, resolvi me fantasiar, colocar as m�scaras que quis.”
 
Diante disso, chegou ao t�tulo do �lbum. “Drama” � tamb�m o nome da primeira faixa, uma m�sica curta que bem poderia ser a abertura de um musical antigo. “Drama n�o tem a ver s� com a coisa do masculino, do menino que tem que virar homem e que, numa sociedade machoc�ntrica, tem que engolir o choro. Tem mais a ver com eu me montar, me travestir em personagens.”
 
N�o � um disco f�cil – como “Cavalo” tampouco o foi –, daqueles trabalhos que v�o se revelando a cada audi��o. “Mar�” � uma das can��es mais acess�veis do �lbum (e a mais pr�xima do Los Hermanos), com uma gostosa levada percussiva colorida por metais; “Tango” n�o tem nada a ver com o estilo musical argentino, uma can��o et�rea cantada em ingl�s, assim como “I can’t wait” e “Sky beneath”. Esta �ltima, um dos grandes momentos do �lbum, � iniciada por forte percuss�o e tem uma interpreta��o vocal mais grave.

SURPRESAS

Boa parte do disco estar� no show, assim como can��es de “Cavalo”. “Haver� algumas surpresas”, anuncia Amarante, que desde o in�cio da pandemia s� veio ao Brasil para visitar a fam�lia. Os �ltimos shows que ele fez no pa�s foram em 2019, em uma turn� do Los Hermanos.
 
“A gente n�o tem plano fixo. Pode ser que (uma turn� com o quarteto) nunca mais aconte�a, n�o tem compromisso. A gente se fala, cada um tem seu lance, est� tudo certo fazer (show) de quando em quando. Eu, de cora��o, espero que a gente fa�a, pois � uma esp�cie de volta no tempo. A gente n�o quer reinventar a roda, botar convidado, � s� cantar do jeito que era, o que acho um barato.”
Viver fora nunca foi planejado – aconteceu. “A experi�ncia de ser estrangeiro � muito v�lida. J� tinha sentido isso no Brasil. Quando moleque, morei no Cear�, em S�o Paulo e no Rio. Com a mudan�a de sotaque, me sentia um estrangeiro”, conta ele, antes de acrescentar: “N�o � s� aprender outras l�nguas, franc�s, italiano, espanhol, ingl�s, mas tamb�m de achar semelhan�as de esp�rito, ver que o brasileiro tamb�m est� em outros lugares. O italiano do Sul � meio carioca, por exemplo. Ainda (vivendo fora) mudei a perspectiva, do papel do Brasil e da cultura brasileira.” 

RETORNO AO CAOS

Chegar a Nova York significa, para Amarante, um retorno ao caos. “Los Angeles n�o tem a cultura da cal�ada, voc� n�o encontra ningu�m na rua. Nesse sentido, � uma enorme cidade pequena. Em Nova York, estou muito mais misturado. E n�o � s� a coisa das ra�as e das culturas, mas voc� anda de transporte p�blico, os m�sicos sabem o que cada um est� fazendo. Est� sendo uma troca bem interessante.”
 
A despeito da dist�ncia, a liga��o com o Brasil n�o arrefece. “Claro, eu leio a imprensa brasileira e o que a imprensa internacional est� falando sobre o Brasil. Estamos em um momento sem precedentes”, diz.
 
A turn� de “Drama” termina em 23 de setembro, em Fortaleza. Logo depois, Amarante estar� de volta a Nova York. Mas vai votar l�. “N�o tem condi��o de o Bolsonaro se reeleger. E tamb�m acho que n�o vai ter esse papo de rodar a baiana, imitar o Trump e tentar um golpe. N�o vejo espa�o para isso. N�o tem muito mais o que pensar: � votar no Lula e tentar ver se o Brasil retoma um pouco o caminho de antes, diminuindo a dist�ncia entre o rico e o pobre. N�o vejo a hora de o Bolsonaro n�o ser mais not�cia”, finaliza Amarante.


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