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Estado de Minas CIDADANIA

Acessa BH defende a inclus�o e destaca a arte de pessoas com defici�ncia

Festival ter� 50 atividades presenciais e virtuais, com participa��o de Hermeto Pascoal, Jo�o Carlos Martins e J�ssica Teixeira, entre outros criadores


31/08/2022 04:00 - atualizado 01/09/2022 15:55

O multi-instrumentista Hermeto Pascoal, com roupa colorida, toca chifre de boi
O multi-instrumentista Hermeto Pascoal faz show on-line nesta sexta-feira (2/9) (foto: Acessa BH/divulga��o)


De que adianta ter uma pe�a com tradu��o em libras se a bilheteria do teatro n�o conta com tradutor para o p�blico surdo? A provoca��o que a produtora Lais Vitral fez a si mesma exp�e uma contradi��o: ao mesmo tempo em que o setor cultural se prop�e a ser o mais inclusivo poss�vel, h� car�ncia de pol�ticas de acessibilidade tanto para artistas quanto para o p�blico com defici�ncia.

“Muitas pessoas ligadas � cultura enxergam as pol�ticas de acessibilidade como um gasto a mais. No entanto, esse valor deve ser visto como investimento e algo essencial ao projeto. E tamb�m � poss�vel come�ar pela acessibilidade atitudinal, que n�o tem custo nenhum, basta empatia”, afirma a produtora cultural.
 
Como fazer isso, ent�o? A resposta ser� dada no Festival Acessa BH, que come�a nesta quinta-feira (1º/9) e fica em cartaz at� 31 de outubro, destacando o protagonismo de pessoas com defici�ncia em espet�culos de teatro, dan�a, m�sica, literatura, semin�rios e oficinas.

Entre os convidados est�o o maestro e pianista Jo�o Carlos Martins, que na juventude foi acometido pela distonia focal e teve o movimento de seus dedos comprometido, e o multi-instrumentista Hermeto Pascoal, g�nio da m�sica que sempre enxergou muito pouco.

O maestro Martins, um dos principais nomes do cen�rio erudito do Brasil, participar� de bate-papo em live. Aclamado internacionalmente pela habilidade em transformar qualquer ru�do em m�sica, Hermeto exibir� seu repert�rio autoral durante show virtual.

Tamb�m integram a programa��o espet�culos da Cia. Fluctissonante, coletivo paranaense formado por artistas surdos e ouvintes, pioneiro na cria��o de arte por meio da uni�o do portugu�s e da L�ngua Brasileira de Sinais (libras).
 
Maestro João Carlos Martins sorri com a mão levantada. Atrás dele está uma orquestra
Maestro Jo�o Carlos Martins participar� de live em 20 de setembro (foto: Fernando Mucci/divulga��o)
 

Pluralidade em destaque

Embora a maior parte dos protagonistas do festival apresente alguma defici�ncia, o evento procura ser o mais plural  poss�vel.

“Ampliamos nosso olhar contemplando a diversidade como um todo, com protagonismo tamb�m de artistas mulheres e LGBTQIA+, afirma Lais Vitral, que produz o Acessa BH.

Criado em 2020 e reeditado em 2021, o festival surgiu dividido em duas frentes: espet�culos culturais e semin�rios sobre inclus�o. Na edi��o de 2022, esta proposta foi ampliada. Se nos dois �ltimos anos foram realizados cinco espet�culos art�sticos e semin�rios, agora ser�o mais de 50 atividades nos formatos presencial e virtual.

Uma das atra��es � o mon�logo “E.L.A”, com a atriz e diretora cearense J�ssica Teixeira, que poder� ser assistido no canal do evento no YouTube.

A pe�a trata da degenera��o dos corpos. “S�o fragmentos de corpos representados em seis hiatos diferentes”, explica J�ssica. Embora o t�tulo tenha as mesmas letras da sigla da esclerose lateral amiotr�fica, o espet�culo n�o aborda a doen�a degenerativa.
 
“E.L.A” busca investigar o pr�prio corpo da atriz – segundo ela, inquieto, estranho, disforme – e o modo como ele interage com o mundo. O intuito � criticar padr�es de beleza impostos pela sociedade.

Atriz Jessica Teixeira, maquiada,sorri em frente a uma mesa no monologo ELA
J�ssica Teixeira no mon�logo "E.L.A", que vai abrir a agenda virtual do festival Acessa BH, nesta quinta-feira (1/9) (foto: Victor Augusto/divulga��o)

Corpo: ferramenta pol�tica

O mon�logo se prop�e a colocar o corpo da artista como ferramenta pol�tica e est�tica que, ao mesmo tempo, desestabilize e potencialize outros corpos e olhares, por meio da reflex�o sobre a diversidade e a multiplicidade.

“N�s n�o escolhemos nascer no corpo em que estamos. Simplesmente nascemos nele. Assim, cabe a n�s cuidarmos dele da melhor maneira poss�vel at� o final da vida. ‘E.L.A’ busca trazer esse tipo de reflex�o para o p�blico”, destaca J�ssica.

A atriz lembra que padr�es de beleza ainda s�o reproduzidos no meio cultural. De acordo com ela, isso � fruto de uma sociedade segregadora, como a brasileira, que tanto exclui quanto mata as minorias representativas.

Concebido por J�ssica Teixeira em 2018, “E.L.A” estreou em 2019, no Cear�. Passou por cidades de Pernambuco e de S�o Paulo, mas sua trajet�ria foi interrompida pela pandemia. Sem a perspectiva de voltar aos palcos t�o cedo, a atriz, em pouco tempo, adaptou o mon�logo para o formato virtual. � assim que o espet�culo vai chegar ao Acessa BH.

O festival promover� os debates “Diversidade e direitos culturais”, “Acessibilidade em espa�os culturais”, “Como os cegos leem” e “Encontro com artistas”, al�m das oficinas “Composi��o c�nica com dramaturgia descritiva” e “#ForadaCaixa: Acessibilidade criativa para projetos culturais”.

Atores da Cia. Dança sem Fronteiras estão no palco segurando rodas de bicicleta
Cia. Dan�a sem Fronteiras apresenta 'Ciranda de retina e cristalino' em 10 de setembro (foto: Silvia Machado/divulga��o)

Inclus�o est� na lei, mas falta conscientiza��o

“O acesso � cultura � direito garantido pela Constitui��o. H� na Lei Brasileira de Inclus�o da Pessoa com Defici�ncia o cap�tulo que garante a pessoas com defici�ncia direito aos bens culturais de maneira acess�vel, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Mas isso, infelizmente, � s� em tese. Na pr�tica, vemos ser recorrente que, das pe�as em cartaz, apenas uma apresenta��o conta com acessibilidade. Esta realidade tem que ser mudada”, afirma Lais Vitral, produtora do Acessa BH.

A principal ferramenta para a mudan�a, segundo ela, � a conscientiza��o. Justamente por isso, o festival prop�e debates e oficinas intercalados com apresenta��es culturais.

A edi��o deste ano do Acessa BH foi viabilizada pelas leis municipal e federal de incentivo � cultura. “Muita gente ataca os incentivos fiscais, mas nem sequer sabem como funcionam as leis e a quantidade de projetos culturais que s� conseguimos viabilizar por meio delas”, afirma Lais.

A elabora��o do Acessa BH foi iniciada em 2016. Lais Vitral conta que enviou documenta��o detalhada para o Minist�rio do Turismo para que o projeto fosse avaliado.

“S�  depois de aprovado � que temos autoriza��o para capta��o de recursos. E, mesmo assim, nem colocamos a m�o no dinheiro p�blico. O dinheiro vem de empresas que topam nos patrocinar em troca da dedu��o no Imposto de Renda”, explica.

Os recursos captados por meio da legisla��o, defende Lais, s�o uma forma de o poder p�blico cumprir, em parte, sua obriga��o constitucional de garantir cultura de forma acess�vel aos brasileiros.

“Al�m de proporcionar espet�culos e debates sobre acessibilidade, o Acessa BH possibilita que trabalhos de bastidores sejam realizados por pessoas com defici�ncia”, destaca a produtora.

FESTIVAL ACESSA BH

Desta quinta-feira (1º/9) a 31 de outubro, no canal do Acessa BH no YouTube, Galp�o Cine Horto e teatros de Belo Horizonte. Todas as atividades e espet�culos t�m entrada franca. Programa��o completa: acessabh.com.br. Instagram: @acessabh.

Dois atores em cena da peça 'Cabra-cega', da Pigmentar Companhia
"Cabra-cega", da Pigmentar Companhia, ficar� em cartaz em 16 e 17 de setembro, no Galp�o Cine Horto (foto: Allan Calisto/divulga��o)

AGENDA

VIRTUAL


>> Quinta-feira (1º/9)
�s 19h, live de abertura com Lais Vitral, J�ssica Teixeira, Moira Braga e Edu O. Apresenta��o de Brisa Marques. �s 20h, “E.L.A”, com J�ssica Teixeira (CE)

>> Sexta-feira (2/9)
�s 20h, show de Hermeto Pascoal (AL)

>> S�bado (3/9)
�s 16h, “Ventaneira – A cidade das flautas”, com Moira Braga (RJ)

>> 9 de setembro
�s 20h, “Elevador”, com Cia. Fluctissonante (PR)

>> 10 de setembro
�s 20h, “Ciranda de retina e cristalino”, com Cia. Dan�a sem Fronteiras (SP)

>> 13 de setembro
�s 19h, live com Fernanda Amaral e Gabriel Sousa Domingues, da Cia. Dan�a sem Fronteiras; Mateus Costa e Fernanda Rosa, do Duo A Corda em Si

>> 19 de setembro
�s 19h, bate-papo sobre teatro inclusivo. Apresenta��o do ETA Festival!, com esquetes de Escola de Gente (RJ), Os Inclusos e Os Sisos, Teatro de Mobiliza��o pela Diversidade. �s 20h, “Ningu�m mais vai ser bonzinho”, com Os Inclusos e os Sisos e Escola de Gente (RJ)

>> 20 de setembro
�s 19h, live com maestro Jo�o Carlos Martins seguida de apresenta��o de Brisa Marques

>> 21 de setembro
�s 20h, “S� se fechar os olhos”, com Coletivo Desvio Padr�o (SP). Sess�o seguida de bate-papo

>> 26 de setembro
�s 20h, show de O Som da Pele (PE)

PRESENCIAL

>> 16 e 17 de setembro
�s 20h, “Cabra-Cega”, com Pigmentar Companhia, no Galp�o Cine Horto

>> 18 de setembro
�s 19h, “Cartas para Irene”, com Oscar Capucho, no Galp�o Cine Horto

>> 23 e 24 de setembro
�s 20h, “Pisca devagar”, com Renata Mara e Brisa Marques, no Galp�o Cine Horto


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