Desde que voltou a acontecer no Brasil, em 2011, o Rock in Rio nunca havia passado dois anos consecutivos sem uma nova edi��o em sua casa, o Rio de Janeiro. A vers�o nacional do festival, adiada em um ano por causa da pandemia de coronav�rus, retorna ao Parque Ol�mpico nesta sexta-feira (2/9), com novidades, figurinhas repetidas e, pela primeira vez em seus 37 anos de exist�ncia, �s v�speras das elei��es.
Na escala��o, o Rock in Rio traz alguns nomes muito relacionados � pr�pria marca do evento, como o Iron Maiden, de rela��o conhecida com o p�blico brasileiro, que mais uma vez encabe�am o dia do metal. O Guns N' Roses � outro acostumado ao palco do festival, onde toca pela quinta vez na hist�ria, e deve ter um show muito parecido com o que fez na pen�ltima edi��o do evento, h� cinco anos.
O Coldplay, outro headliner, s� tocou no Rock in Rio em 2011, mas � bastante conhecido das plateias brasileiras -tanto que a banda ainda faz outros oito shows no pa�s depois do festival. A apresenta��o dos brit�nicos deve ser marcada por fogos de artif�cio e pirotecnia, al�m de uma mensagem de sustentabilidade que marca "Music of the Spheres", seu �lbum mais recente.
Entre as novidades est�o o rapper Post Malone, sucesso com um trap -subg�nero do rap- de pegada mais pop e influ�ncias de emo e pop punk. Depois de ter Drake sendo o primeiro rapper escalado como atra��o principal de um dos dias do festival, em 2019, o Rock in Rio volta a chamar um nome do g�nero, mas ainda conta com baixas.
Da mesma forma que na edi��o anterior, quando a rapper Cardi B cancelou sua apresenta��o �s v�speras do evento, o festival viu novamente um nome de peso do g�nero ter seu show suspenso dias antes. Desta vez, o Migos, trio de Atlanta, nos Estados Unidos, que � um dos principais respons�veis por popularizar o trap ao redor no mundo nos �ltimos anos, foi quem cancelou -sendo substitu�do pelo Jota Quest.
H� ainda o show de Megan Thee Stallion, rapper que foi destaque no Grammy do ano passado, e canta no palco Mundo, al�m de v�rios brasileiros em palcos menores. S�o os casos de Emicida, Criolo e Matu�, al�m de uma s�rie de MCs do selo carioca Mainstreet, e da primeira vez dos Racionais MCs no festival.
Entre as novidades est�o Justin Bieber, um dos grandes nomes do pop no mundo, que estreia no festival em fase da carreira menos celebrada, al�m de Dua Lipa e Green Day. A brit�nica volta ao pa�s muito mais conhecida do que quando cantou por aqui pela �ltima vez, em 2017, gra�as ao sucesso de "Future Nostalgia", �lbum dan�ante que d� verniz contempor�neo � disco music e faz do show dela um dos mais aguardados desta edi��o do festival.
J� a banda de rock americana, que tamb�m toca pela primeira vez no Rock in Rio, tem tudo a ver com o hist�rico do festival. Estabelecido no pop punk dos anos 1990, o Green Day viveu o apogeu do sucesso nos anos 2000, quando empilhou hits na programa��o das r�dios e agora aproveita a onda de revival do estilo do qual se tornou �cone. Essa volta do pop punk, ali�s, baseia um dia inteiro do festival, com shows de Fall Out Boy e Avril Lavigne, al�m do headliner.
Apesar deste "dia do pop punk", o rock � cada vez menos presente na escala��o do festival, que aposta alto no M�neskin, banda italiana que fez fama no programa de TV "The X Factor" e estourou no TikTok com o hit "Beggin'". Alok volta novamente ao festival, consolidando a presen�a de DJs no palco principal do festival, que este ano tamb�m recebe o americano Marshmello.
O Rock in Rio, agora com mais palcos menores e tem�ticos espalhados pelo Parque Ol�mpico, tamb�m tem aberto alguns espa�os a ritmos que historicamente ficam de fora das escala��es. Al�m de atra��es no Espa�o Favela, como o MC Poze do Rodo, o funk aparece no palco Sunset -o segundo maior do evento-, com MC Hariel e MC Carol cantando no show do produtor Papatinho com o rapper L7nnon.
Hariel, que h� anos figura entre os artistas mais ouvidos do pa�s, ali�s, recentemente criticou, em entrevista ao G1, o que chamou de "vis�o ultrapassada do alto escal�o da m�sica", a "rapaziada fan�tica por tudo que � americano". Isso porque, pelos n�meros e pela popularidade que t�m, artistas de funk como ele poderiam n�o s� estar mais presentes nos palcos, como tamb�m escalados com mais destaque.
Chama a aten��o tamb�m a presen�a de uma apresenta��o de pagode no Rock in Rio, com Ferrugem e Thiaguinho dividindo o palco no Espa�o Favela. O show de Ludmilla, que encerra um dos dias no palco Sunset, tamb�m deve se basear no ritmo, j� que ela tem feito sucesso com os sambas rom�nticos dos discos e shows "Numanice".
Este tamb�m ser� o primeiro Rock in Rio da hist�ria a acontecer nas v�speras de uma elei��o a presidente. � poss�vel que o evento, a exemplo do que aconteceu no �ltimo Lollapalooza, em S�o Paulo, no �ltimo m�s de mar�o, seja palco de manifesta��es de cunho pol�tico -tanto do p�blico quanto dos artistas. Para acirrar ainda mais os �nimos, o presidente e candidato Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, estar� no Rio de Janeiro entre os dois finais de semana do festival para as celebra��es do 7 de setembro.
A depender da vontade da organiza��o do festival, o Rock in Rio se limitaria ao reencontro da plateia com seus �dolos musicais em um evento desta dimens�o, depois de anos de isolamento social. Roberta Medina, empres�ria respons�vel pela edi��o portuguesa do festival, afirmou este ano que "pol�tica se faz com conversa e n�o em cima do palco".
Mas ainda que a legisla��o em per�odo eleitoral coloque alguns impeditivos, como a proibi��o de se fazer campanha para um candidato num evento como o Rock in Rio, � dif�cil imaginar que o festival passe imune � tens�o pol�tica do pa�s a dias de uma elei��o. Apenas o p�blico e os artistas poder�o controlar a temperatura ao longo de sete dias no Parque Ol�mpico.