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Estado de Minas RADIODIFUS�O

H� 100 anos, o r�dio soltava a voz no Brasil

O 7 de Setembro marca a primeira transmiss�o radiof�nica no pa�s, que ocorreu exatamente nos festejos do centen�rio da Independ�ncia, em 1922


07/09/2022 04:00 - atualizado 07/09/2022 00:16

primeiro rádio a pilha do brasil
O primeiro r�dio a pilha do pa�s foi um presente da cantora Carmen Miranda ao radialista Almirante (foto: Michael Marques/Divulga��o )

A data de 7 de setembro, para a qual se voltam todas as aten��es hoje, devido ao bicenten�rio da Independ�ncia, n�o � apenas o marco do grito que separou o Brasil de Portugal. Foi tamb�m nesse dia que um outro som entrou para a hist�ria: h� 100 anos, em 1922, acontecia a primeira transmiss�o de r�dio no Brasil. Foi no Rio de Janeiro, exatamente durante a exposi��o internacional em comemora��o ao centen�rio da proclama��o feita por Dom Pedro I. Mas, sem aparelhos de r�dio, a reprodu��o ocorreu por alto-falantes, com baix�ssima qualidade.

Naquele ano do centen�rio da Independ�ncia, por iniciativa do presidente Epit�cio Pessoa, uma feira de neg�cios foi realizada na Pra�a Marechal �ncora, na Praia Vermelha, no Centro do Rio. Pavilh�es foram abertos a ind�strias do mundo para apresentarem ao povo brasileiro seus produtos. Era uma forma, tamb�m, de trazer o investimento para o Brasil.

O evento acabou por atrair o interesse da Academia Brasileira de Ci�ncias, atrav�s de um de seus integrantes, o m�dico Edgar Roquette Pinto. Tamb�m jornalista, ele declarou na �poca: “Quero tirar a ci�ncia do dom�nio exclusivo dos s�bios para entreg�-la ao povo”.

Roquette Pinto sorri em frente a construção de madeira
Roquette Pinto � considerado o pai da radiodifus�o brasileira (foto: EBC/reprodu��o)
A transmiss�o pioneira de r�dio tem origem na proposta de Roquette Pinto. Mas o primeiro problema seria como fazer isso, j� que praticamente n�o existiam receptores de r�dio no Brasil. O governo brasileiro providenciou, ent�o, junto a interessados em participar da mostra, 80 aparelhos, que foram repassados a autoridades e pol�ticos.

Mas Roquette Pinto queria que o povo tivesse acesso �s transmiss�es e que a partir da primeira, o aparelho se popularizasse. Foi quando surgiu a ideia de espalhar alto-falantes pela feira. Por�m, para que tudo acontecesse, era necess�ria ainda uma esta��o de r�dio. No alto do Corcovado foi ent�o montada uma, com 500 watts de pot�ncia.

Planejamento executado, no momento de abertura da feira, um pronunciamento do presidente Epit�cio Pessoa foi transmitido ao vivo. Logo em seguida, houve a transmiss�o da �pera “O Guarani”, de Carlos Gomes, com um grupo teatral e de cantores. O resultado, por�m, n�o agradou a todos, devido � qualidade do som.

R�dio Sociedade do Rio de Janeiro

Somente no ano seguinte, em 26 de abril de 1923, nasceria o r�dio como se conhece hoje, com a funda��o da R�dio Sociedade do Rio de Janeiro, prefixo PRA-2. Na verdade, a emissora s� passaria a funcionar quatro dias depois, usando um transmissor doado por uma empresa argentina, a Casa Pekan. A r�dio foi instalada na Escola Polit�cnica do Rio, ent�o capital federal.

Logo surgiriam outras emissoras pelo pa�s: em Salvador, tamb�m R�dio Sociedade: em Recife, a R�dio Clube Pernambuco; em S�o Paulo, a R�dio Educadora Paulista; em Fortaleza, a R�dio Clube do Brasil, que foi, inclusive, a primeira do pa�s a pedir e conseguir autoriza��o do Minist�rio das Comunica��es para a veicula��o de an�ncios.

At� 1924 j� eram muitas as emissoras em opera��o: em Minas Gerais, a R�dio Clube Belo Horizonte, com um potente transmissor de 500 watts; no Rio Grande do Sul, a Sociedade R�dio Pelotense, de Pelotas, e em Porto Alegre, a R�dio Sociedade Ga�cha, que at� hoje se proclama a pioneira na regi�o; em Curitiba, a R�dio Clube Paranaense; mais uma em S�o Paulo, a R�dio Clube S�o Paulo e a primeira emissora do interior, a R�dio Clube Ribeir�o Preto. Eram os passos iniciais para a dissemina��o de emissoras em todos os pontos do pa�s.

programas de auditório em rádios no século 20
Com animados programas de audit�rio na primeira metade do s�culo 20, r�dio conquistou o p�blico e uniu o Brasil (foto: Acervo/R�dio Nacional do Rio de Janeiro )

Legisla��o para dar conta do fen�meno

O an�ncio do in�cio da radiodifus�o no Brasil foi feito pelo presidente Epit�cio Pessoa, em seu pronunciamento no dia 7 de setembro de 1922. No entanto, para que isso se tornasse realidade, era preciso formular a legisla��o. Foi designada para isso a Reparti��o Geral dos Correios e Tel�grafos, respons�vel pelas transmiss�es de radiotelegrafia e da radiotelefonia. Foram necess�rios mais seis meses para a homologa��o do regulamento dos servi�os.

Em 1931, j� no governo de Get�lio Vargas, o ent�o presidente publicou, em 27 de maio, o Decreto 20.047, que revogava o regulamento de 1923 e adotava integralmente o modelo de radiodifus�o norte-americano, que tinha como pontos principais a concess�o de canais a particulares e a legaliza��o da propaganda comercial. Em 1º mar�o de 1932, o Decreto 21.111 definiu a altera��o de regras.

A regulamenta��o permitiu que as emissoras conseguissem recursos, o que possibilitou a contrata��o de artistas e dava in�cio � fase de profissionaliza��o. Surgia na �poca um fen�meno da comunica��o: Henrique Foreis Domingues, o Almirante, criador de programas que depois se tornaram de audit�rio e lan�ou grandes nomes da m�sica, como Araci de Almeida, Noel Rosa, Linda Batista, M�rcio Reis, Mar�lia Barbosa, Aurora Miranda, Paulo Roberto e Renato Murce.

Surgiam as inser��es comerciais, ent�o chamadas de reclames, que divulgavam padarias, armaz�ns, rem�dios e at� professores de m�sica. V�m dessa �poca os an�ncios cantados ao vivo, que tinham como atra��es cantores famosos da �poca.

Um dos nomes que se tornaram importantes para a expans�o do r�dio foi o de Ademar Cas�, pai de Geraldo Cas� e av� da atriz Regina Cas�. Vendendo aparelhos de porta em porta, sua t�tica era deixar o r�dio numa casa, por uma semana, para que as pessoas o experimentassem. Caso n�o gostassem, poderiam devolver. Se quisessem ficar com ele, negociavam como pagar. Logo ele se tornaria produtor e apresentador.

Progresso

Almirante foi tamb�m o primeiro a criar um programa com roteiro e produ��o. Nascia, assim, o r�dio espet�culo, que tinha cantores, orquestra, coro, conjuntos, musicais e radioatores. O formato atraiu grandes anunciantes, como lojas e ind�strias. Mais artistas de nome chegavam para o novo ve�culo, como Lamartine Babo, Francisco Alves, Pixinguinha, Donga e Zez� Fonseca.

Carmen Miranda, de vestido longo, e Almirante, de smoking, dançam e sorriem para a câmera
Carmen Miranda e Almirante deixaram sua marca na m�sica e na hist�ria do r�dio brasileiro (foto: Acervo Museu da Imagem e do Som/Divulga��o )
Os r�dios, ent�o, j� n�o s�o mais vendidos por ambulantes, mas em lojas. A RCA Vitor lan�a seus produtos no Brasil. Perfumes, sabonetes, carros, laborat�rios e a Coca-Cola s�o agora os principais anunciantes. Outras empresas norte-americanas tamb�m veiculam reclames, como Thompson, McCann, Erickson. A seguir v�m a Antarctica, Lacta, geladeiras... todo um novo estilo de vida vendido pelo r�dio.

Com Carmen Miranda alcan�ando o posto de estrela maior, o segmento cresce. As emissoras se tornam, ainda na d�cada de 30, poucos anos ap�s a transmiss�o inaugural, grandes empresas.
 

Minas entra na programa��o

A primeira emissora de r�dio em Minas Gerais foi a R�dio Sociedade de Juiz de Fora, fundada em 1° de janeiro de 1926. Em Belo Horizonte, a pioneira foi a R�dio Mineira, criada em fevereiro de 1927. A iniciativa partiu de idealistas: Josaf� Flor�ncio, Henrique Silva, Jacy Penaforte, Jos� Teodoro da Silva e Marques Lisboa, que usaram as antenas do servi�o radiotelegr�fico da Rede Mineira de Via��o.

Essa r�dio seguiu como �nica at� 1936, quando, em 10 de agosto, surgiria a R�dio Guarani. A seguir, em 3 de setembro, a Inconfid�ncia. Posteriormente surgiram as r�dios Itatiaia, Jornal de Minas (hoje R�dio Am�rica), Minas (cassada em 1974), Pampulha (hoje Capital), Tiradentes (hoje Globo) e Atalaia.

A primeira r�dio FM de Minas Gerais foi a R�dio Del Rey, fundada em 1970, com programa��o alternativa voltada para a juventude. Dois anos antes, em 5 de setembro de 1968, era fundada por Janu�rio Carneiro a Associa��o Mineira de R�dio e Televis�o (Amirt), entidade que representa os interesses das emissoras em Minas, congregando centenas de emissoras AM, FM e de TV.
 
Cantor Orlando Silva, de terno, canta diante do microfone da Rádio Guarani, em BH
Cantor Orlando Silva se apresenta na R�dio Guarani, em Belo Horizonte (foto: Arquivo EM)
 

Hist�ria narrada

Em setembro de 1934 foi outorgada uma nova Constitui��o, conclu�da sob forte influ�ncia do governo de Get�lio Vargas, que instituiu o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que impunha controle de conte�do nas transmiss�es. O novo departamento era diretamente vinculado ao presidente da Rep�blica.

Em 1932, explodiu em S�o Paulo a Revolu��o Constitucionalista, com o r�dio com importante papel de ve�culo de integra��o da sociedade. Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler assumia o poder na Alemanha, que tinha a economia arruinada, e com aux�lio de com Goebbels, ministro da propaganda, dominou o r�dio, fundamental para a comunica��o com os alem�es e com o resto do mundo.

J� era ent�o o maior ve�culo de comunica��o mundial. Em 10 de novembro de 1937, em plena campanha para elei��o do paulista Armando Sales de Oliveira e do paraibano Jos� Am�rico de Almeida, seu candidato e ministro, Vargas surpreendeu o pa�s com uma nova Carta Pol�tica, dissolveu o Congresso e implantou o Estado Novo. A data marca o in�cio das vendas de receptores de ondas curtas que, no exterior, se tornaram ve�culo da propaganda ideol�gica e cultural.

Em 1938, o pa�s parou por causa das transmiss�es dos jogos do Brasil, na Copa do Mundo da Fran�a. Era a primeira vez que o evento era irradiado. No mesmo ano, os brasileiros se renderam �s transmiss�es de jornalismo, que informavam sobre os temores de uma guerra na Europa. E foi tamb�m atrav�s do r�dio que o brasileiro soube do fim da 2ª Grande Guerra Mundial.

Ondas curtas

O precursor
3 O f�sico italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), respons�vel por descobertas no campo da transmiss�o e recep��o de sinais sem fios, � considerado o inventor do r�dio. Al�m de pai da radiodifus�o � tido como descobridor da telegrafia sem fios, por ter coordenado os esfor�os dos principais investigadores da �poca. Condecorado in�meras vezes, foi presidente da Academia Real Italiana, tendo recebido o pr�mio Nobel de F�sica em 1909. Em 1896, recebe na Inglaterra patente sobre “aparelho de transmiss�o de impulsos el�ctricos e de sinais”, registrando tamb�m a  forma de difus�o.

No Brasil
3 Em 10 de junho de 1900, o “Jornal do Com�rcio”, do Rio de Janeiro, relatou a experi�ncia, em 1893, do padre ga�cho Roberto Landell de Moura, com v�rios aparelhos de sua inven��o. No Alto de Santana, em S�o Paulo, o jovem sacerdote e promissor cientista, em meio a seus estudos, fizera importantes descobertas sobre a propaga��o do som, da luz e da eletricidade atrav�s do espa�o, da terra e dos mares. Sem recursos e sem apoio, Landell de Moura n�o patenteou seus inventos.

Bastidores
3 O C�digo Brasileiro de Telecomunica��es (CBT), marco que consolidou a regulamenta��o acerca da radiodifus�o e das telecomunica��es, foi promulgado apenas em 1962, quase 40 anos depois da primeira transmiss�o de r�dio e 12 anos depois da primeira transmiss�o de TV no pa�s. O documento final � fruto de press�o por parte do empresariado, que, por meio de a��o junto ao Poder Legislativo, conseguiu derrubar cada um dos 52 vetos ao documento impostos pelo ent�o presidente da Rep�blica Jo�o Goulart.

Deu Ibope?
3 O in�cio da fase industrial do r�dio remonta a 1942, quando Auric�lio Penteado, propriet�rio da R�dio Kosmos, de S�o Paulo, decide aplicar t�cnicas de pesquisa de audi�ncia inspiradas em levantamentos semelhantes realizados por George Gallup nos Estados Unidos. A constata��o estat�stica de que sua esta��o apresenta s�rios problemas de p�blico vai levar o empres�rio a liderar um grupo que se cotiza na funda��o, ainda naquele ano, do Instituto Brasileiro de Opini�o P�blica e Estat�stica (Ibope), que se tornaria refer�ncia fundamental para aferir resultados nas ind�strias de comunica��o de massa.


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