
A Funda��o Cl�vis Salgado estreia nesta quinta-feira (22/9) sua nova montagem oper�stica. “A flauta m�gica”, de Mozart, tem dire��o c�nica de Carla Camurati e reg�ncia do maestro titular da Orquestra Sinf�nica de Minas Gerais (OSMG), Silvio Viegas.
Considerada uma das obras-primas do compositor austr�aco e com libreto de Emanuel Schikaneder, a �pera conta a hist�ria de Tamino, um pr�ncipe que, com a ajuda de uma flauta m�gica, enfrenta o desafio de tentar resgatar a princesa Pamina, filha da Rainha da Noite, que est� presa por Sarastro.
Contempor�nea � Revolu��o Francesa, a hist�ria trata alegoricamente dos conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade em v�rias de suas passagens, fazendo apelos � racionalidade, � justi�a e � igualdade entre os homens. Por muitos considerada exc�ntrica, “A flauta m�gica” alinhava uma narrativa repleta de simbolismo m�stico que representa o processo de ilumina��o da humanidade ao sair do pensamento medieval rumo ao conhecimento.
Quando questionada se a montagem, que reflete a luta do bem contra o mal, tem paralelo com a polariza��o do atual cen�rio pol�tico brasileiro, Camurati prefere pensar que nem tudo � t�o preto no branco e que h� beleza no cinza produzido pela mistura das duas cores.
''A noite e o dia se misturam, como na vida. Tudo bem, quando chega o dia, a noite vai embora, mas a noite faz parte do dia, e isso � lindo na obra. As coisas s�o mais interessantes e mais ricas nos simbolismos do que na obviedade de uma vis�o polarizada que s� empobrece a gente, em todos os sentidos''
Carla Camurati, encenadora
Simbolismo
"A noite e o dia se misturam, como na vida," diz. "Tudo bem, quando chega o dia, a noite vai embora, mas a noite faz parte do dia, e isso � lindo na obra. As coisas s�o mais interessantes e mais ricas nos simbolismos do que na obviedade de uma vis�o polarizada que s� empobrece a gente, em todos os sentidos."
“A flauta m�gica” � a quarta dire��o de Carla Camurati para uma montagem oper�stica da Funda��o Cl�vis Salgado. Ela assinou as encena��es de “Tosca”, de Puccini, em 2012; “O barbeiro de Sevilha”, de Rossini, em 2003, e “La serva padrona”, de Pergolesi, sob a reg�ncia do maestro S�rgio Magnani, em 1997.
Atriz e diretora de filmes (“Carlota Joaquina”, “Irma Vap: O retorno”), Camurati buscou dar um tratamento cinematogr�fico � �pera, tomando o cuidado de n�o infantilizar a obra, a despeito de seu car�ter l�dico.
"Acho que � uma �pera t�o �nica – e por isso a 'Flauta’ � t�o montada, talvez seja uma das mais montadas do mundo –, porque Mozart faz uma coisa t�o inovadora nesse universo, que � conseguir prescindir de palavras para expressar emo��es", comenta a diretora.
"� um primor. N�o � toa as pessoas ficam totalmente apaixonadas, porque voc� tem ali a express�o de tantos sentimentos sem nenhuma palavra. Foi uma inova��o � �poca, porque todas as letras t�m textos e palavras, e se dizem coisas nas m�sicas, mas ele expressa emo��es t�o intensas, musicalmente, e toda a constru��o da pr�pria �pera � cheia de simbolismos. Simbolismos importantes, pois eles nos ajudam a compreender coisas de outras maneiras."
Para ela, “A flauta m�gica” � uma declara��o de amor � m�sica por parte de Mozart, na qual o compositor usa de todas as capacidade musicais e interpretativas para transmitir a ideia da transcend�ncia da m�sica, ressaltando seu potencial de conduzir a uma eleva��o da consci�ncia e, por consequ�ncia, � transforma��o do mundo.
A op��o da diretora de evitar que a montagem ca�sse diretamente no infantil, embora tenha elementos l�dicos, n�o significou, entretanto, sua transposi��o para um universo contempor�neo, evitando perdas hist�ricas importantes.
O maestro Silvio Viegas � s� elogios ao trabalho da diretora na constru��o da �pera e na escolha do elenco.
Ao lado da Orquestra Sinf�nica, do Coral L�rico de Minas Gerais e do Grupo de Dan�a do Centro de Forma��o Art�stica e Tecnol�gica (Cefart), integram o elenco o baixo S�vio Sperandio, no papel de Sarastro, e a soprano Daiana Melo, como a Rainha da Noite; o tenor Anibal Mancini � Tamino; a soprano Camila Titinger d� vida a Pamina; a soprano Melina Peixoto interpreta Papagena; o baixo-bar�tono Fellipe Oliveira � o Papageno; as sopranos e a mezzosoprano, respectivamente, Sylvia Klein, Fab�ola Protzner e Aline Lob�o, s�o as damas da noite; o tenor Geilson Santos � Monostatos; os sacerdotes s�o vividos pelo tenor Lucas Damasceno e o baixo Pedro Vianna; e as cantoras Alicia Maciel, Marcela Alves Bento, Bela Amy e Camile Monteiro s�o os g�nios. Os figurinos s�o de Sayonara Lopes, e a cenografia de Renato Theobaldo. F�bio Retti assina a ilumina��o.
''Quem fala que n�o gosta de �pera pode ter certeza de que nunca assistiu a uma �pera ao vivo, porque, se um dia assistir a uma �pera ao vivo, n�o vai falar mais isso. A �pera pertence a todo mundo. Voc� n�o precisa ter prepara��o, voc� n�o precisa ter nenhum tipo de conhecimento pr�vio, ou ser um erudito. Voc� n�o precisa nem gostar de �pera, inicialmente. V� assistir a uma �pera ao vivo para ter essa experi�ncia de vida. Isso � �nico''
Silvio Viegas, regente
"N�s conseguimos construir um elenco extremamente talentoso, competente e adequado para o papel. Todas as vozes est�o no lugar certo. Trabalhar com a Carla � sempre um prazer. A Carla � uma grande artista e ela montou ao redor dela uma equipe maravilhosa", afirma Viegas.
"Fazer Mozart � sempre um grande desafio. Mozart � um compositor muito transparente. A m�sica dele � muito transparente. O trabalho que n�s fizemos com a orquestra foi muito detalhado, muito detalhista, com muita aten��o, com muito esmero. A orquestra respondeu muito bem”, diz o maestro.
Elenco
Viegas comenta estar “muito feliz, pois grande parte do elenco � brasileiro. Stephen Bronk, apesar de ser americano e ter vivido a vida inteira na Alemanha, � casado com Sylvia Klein, fala portugu�s, viveu aqui muitos anos, e est� fazendo uma participa��o especial. Aceitou fazer o orador. Ele que � um artista superlativo”.
O maestro comenta ainda que "� muito bacana ver Minas Gerais produzindo tanta gente, tendo tantos talentos e esses talentos tendo oportunidade de subir ao palco para mostrar a qualidade que eles t�m. Fico muito feliz de fazer uma obra dessas com tanto artista brasileiro, tanto artista mineiro e com tanta qualidade".
Ele ressalta, no entanto, que os artistas n�o foram escolhidos por sua naturalidade ou nacionalidade, e sim por sua qualidade, que os gabaritou para os pap�is. Apaixonado pela �pera – "� onde me encontro, � onde me realizo. � onde acho que sou feliz de verdade, � quando eu estou fazendo uma �pera" –, Viegas diz ser um privil�gio viver em uma das poucas cidades do pa�s que produzem �pera e volta a defender que se trata de um g�nero musical de voca��o popular.
"Quem fala que n�o gosta de �pera, pode ter certeza de que nunca assistiu a uma �pera ao vivo, porque, se um dia assistir a uma �pera ao vivo, n�o vai falar mais isso. A �pera pertence a todo mundo. Voc� n�o precisa ter prepara��o, voc� n�o precisa ter nenhum tipo de conhecimento pr�vio, ou ser um erudito. Voc� n�o precisa nem gostar de �pera, inicialmente. V� assistir a uma �pera ao vivo para ter essa experi�ncia de vida. Isso � �nico", convida.
“A FLAUTA M�GICA”
�pera de Mozart. Dire��o: Carla Camurati. Reg�ncia: Silvio Viegas. Com S�vio Sperandio, Daiana Melo, Anibal Mancini, Camila Titinger, Melina Peixoto, Sylvia Klein, Stephen Bronk e elenco. Grande Teatro do Pal�cio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Nesta quinta (22/9) e no s�bado (24/9), �s 20h; domingo (25/9), �s 18h. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada). Vendas na bilheteria e no site Eventim
*Estagi�rio sob supervis�o da editora Silvana Arantes