(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas STREAMING

Miguel Falabella mostra 'intestinos do teatro musical' na s�rie 'O coro'

Apelidada de 'Glee brasileiro', produ��o da plataforma Disney+ conta a hist�ria de jovens adultos em meio � emo��o de testes de elenco


29/09/2022 04:00 - atualizado 28/09/2022 22:06

Miguel Falabella com o elenco de 'O coro: Sucesso aqui vou eu', série do Diney+
Miguel Falabella com o elenco de "O coro: Sucesso aqui vou eu". Diretor afirma que n�o se incomoda de a s�rie brasileira ser comparada � americana "Glee" (foto: DISNEY+/divulga��o )

Miguel Falabella, de 65 anos, estava assistindo � apresenta��o de teatro escolar da filha de um casal de amigos que mora nos Estados Unidos. Em vez de uma pe�a, os jovens haviam decidido fazer um apanhado de can��es tiradas de musicais da Broadway. "Fiquei t�o emocionado de ver a garotada com 17 anos cantando aquilo", relata. "Pensei: Nossa, como � importante manter esse lastro de civiliza��o."

Foi quando veio o primeiro estalo de fazer algo parecido no Brasil, o que agora se concretiza com a s�rie "O coro: Sucesso aqui vou eu", que est� dispon�vel no Disney+. "� meio uma c�psula do tempo", compara. "Quando chegar o meteoro, se Deus quiser, tudo isso estar� preservado e as pessoas v�o dizer: 'Nossa, que coisa linda! Como eles produziam coisas de qualidade, n�? Que povo talentoso!'."

�s ideias que estavam fervilhando em sua cabe�a, Falabella acrescentou a pr�pria experi�ncia. "Sempre tive vontade de falar dos intestinos do teatro musical", comenta. "J� dirigi 12 espet�culos, ent�o � um processo que eu conhe�o bem. Sempre me instigou essa ang�stia do ator que est� na minha frente e tem tr�s minutos para me convencer a contrat�-lo, para mostrar que ele � o cara, n�?"

Apesar de ter no elenco atores com quem j� trabalhou, como Karin Hils ("P� na cova", Globo) e Daniel Rangel ("Eu, a v� e a boi", Globoplay), ele diz que o processo de sele��o para a produ��o foi similar ao que � visto na frente das c�meras. "Claro que fiz audi��es", afirma.

Assim como na s�rie, pelo menos um ator acabou n�o sendo selecionado de cara, caso de Lucas Wickhaus, que vive o personagem Jorge Novaes. "Ele fez o teste, mas eu n�o o selecionei, ele n�o ficou entre os finalistas", revela Falabella, lembrando que, �s vezes, o ator n�o est� em seu melhor dia.

"Acabou que n�o gostei de nenhum dos que estavam audicionando para o personagem", conta. "Cheguei em casa, liguei a TV e tinha um comercial com o Lucas, mas eu n�o sabia que era ele. Liguei na mesma hora e falei para a produtora de elenco que queria um rapaz como aquele. Falei: 'Vai atr�s desse rapaz, pergunta se ele canta'. A� ela falou: 'Miguel, ele testou para voc�'."

O criador ent�o pediu para o rapaz voltar e gravar um novo teste. E, dessa vez, foi aprovado. "S�o essas coisas impressionantes que acontecem", diz. Para ele, os pap�is t�m destino certo, ainda que muitas vezes demorem a encontrar seu caminho. "O que � do homem o bicho n�o come", diz.


Fic��o e novela

Na trama, Jorge � um dos que tentam uma vaga na Companhia Est�vel de Teatro Musical, criada pelo empres�rio Renato Milva, interpretado de forma metalingu�stica pelo pr�prio Falabella. Al�m dele, diversos jovens de origens variadas tentam realizar o sonho de viver de arte por meio dessa oportunidade. "Eu misturei um pouco das hist�rias que eu ouvi, mas � tudo ficcional e novelesco", avisa o autor.

Apesar de a s�rie ter recebido o apelido de "Glee brasileiro" quase que imediatamente ap�s seu an�ncio, o criador diz que essa foi apenas uma das refer�ncias. "Eu assisti a todos os epis�dios, mas n�o tem nada a ver", afirma. "O 'Glee' � numa escola, � outra coisa. Tem outra pegada, outro olhar, outra est�tica..."

Falabella conta que n�o se incomoda com a compara��o com a s�rie do americano Ryan Murphy, sucesso entre 2009 e 2015, principalmente por tamb�m ser sobre personagens jovens cantando. "Se quer achar que �, pode ser, n�o tem problema", diz. "Mas, se for assim, ent�o todas as s�ries v�o se parecer, n�o tem como fugir disso."

Para ele, o principal diferencial de "O coro" � investir nas situa��es que s� poderiam ocorrer aqui. "� uma s�rie brasileira, sobre a nossa realidade e sobre o nosso dia a dia, que � completamente diferente do deles (dos americanos)", adianta. "Eu sou muito brasileiro na minha dramaturgia, na maneira como eu olho para as coisas."

A quest�o de ser uma obra que n�o vai ficar restrita ao Brasil, j� que o Disney poder� lev�-la a outros territ�rios, n�o o fez abrir m�o de nada. "A gente n�o v� coisa americana e adora? N�o v� coisa inglesa, coreana e gosta? Quando � bom, � bom. O ser humano, na sua ess�ncia, � parecido. A busca pela felicidade � o bem mais bem distribu�do do planeta. Todos n�s buscamos. E os meus personagens todos t�m esse sonho em comum. Os caminhos que eles v�o trilhar para chegar l� � que s�o diferentes."
 
Isso tamb�m vai se manifestar na trilha sonora, escolhida a dedo entre cl�ssicos da MPB e sucessos incontest�veis de v�rias �pocas, com nova roupagem. "Todos s�o pretextos para a gente resguardar o que � importante em termos de civiliza��o, em termos de m�sica popular brasileira", afirma.

De Lupic�nio e Chico Buarque a Raul Seixas

No entanto, introduzir na trama can��es populares de Lupic�nio Rodrigues, Chico Buarque, Gilberto Gil, Raul Seixas, Angela Ro Ro, Tit�s e Paralamas do Sucesso, entre outros, pode ser mais complicado do que se imagina.
 
"A maioria das m�sicas n�o � feita para teatro, d� trabalho encaix�-las na dramaturgia", explica. "Mas � muito emocionante ver essa molecada cantando."

Falabella confessa que n�o conseguiu autoriza��o para usar todas as m�sicas que queria na s�rie. Um exemplo � "Alegria, alegria", de Caetano Veloso. "Os direitos eram muito caros", lamenta. "Eu tinha colocado originalmente, mas n�o consegui manter por quest�es financeiras mesmo."

Contudo, ele diz que esse n�o foi um grande problema. "N�s temos uma MPB muito robusta, n�?", avalia, contando que apenas substituiu o que n�o teve autoriza��o para usar. "N�s somos um povo de grandes harmonias, embora estranhamente de grandes desarmonias em outras �reas, n�?"
 

"A busca pela felicidade � o bem mais bem distribu�do do planeta. Todos n�s buscamos. E os meus personagens todos t�m esse sonho em comum. Os caminhos que eles v�o trilhar para chegar l� � que s�o diferentes"

Miguel Falabella, ator e diretor

 

Em tempos de m�sica pelo streaming ou mesmo pelo YouTube ou pelo TikTok, o autor diz n�o temer que o repert�rio tenha pouco apelo para o p�blico mais jovem. "Acho que o ser humano � capaz de identificar uma bela harmonia", afirma. "E uma bela m�sica toca o nosso cora��o, seja ela qual for."

Se, para alguns, as m�sicas da s�rie ser�o redescobertas, para outros, ser�o uma descoberta mesmo. "Eu tive gente que gravou 'Disparada' que nunca tinha ouvido", lembra. "E eles falavam: 'Ai, que m�sica linda'. Porque � linda mesmo. Eu acho que a harmonia sobrevive a tudo. Essas linhas mel�dicas que teceram a trama das nossas exist�ncias est�o em algum lugar no DNA das pessoas", continua. "N�o � � toa que, durante anos, a m�sica brasileira foi a segunda mais tocada no mundo."

"Trauma": racismo e 'Sexo e as negas'

O autor compara esse trabalho ao que realizou em "Sexo e as negas", s�rie exibida pela Globo em 2014 e que foi apresentada como uma esp�cie de "Sex and the city" do sub�rbio carioca. Na �poca, a s�rie foi acusada de racismo nas redes sociais, embora fosse uma das raras obras para a TV aberta protagonizada por quatro mulheres pretas e com elenco majoritariamente negro.

"Era uma brincadeira que foi mal compreendida pelo t�tulo", avalia Falabella. "Foi um mau t�tulo num mau momento. Mas aconteceu, e � uma pena, porque a s�rie era linda e muito � frente de seu tempo. Eu n�o tive a intelig�ncia de perceber que aquele t�tulo poderia ser usado de uma maneira errada."

Passado o trauma – ele diz que ficou anos sem rever a produ��o e s� recentemente voltou a assistir a atra��o no Globoplay –, ele diz que, na nova s�rie, segue com sua escrita cheia de personagens ousados e situa��es inusitadas. Considerada conservadora em rela��o a outras concorrentes, a Disney n�o colocou empecilho a qualquer tem�tica proposta, segundo ele.

"Primeiro n�o � uma s�rie infantojuvenil, � young adults (jovens adultos)", explica. "Mas essa coisa conservadora voc� tem como driblar. A gente n�o precisa ir para a cama para mostrar que est� transando. A gente se olha no olho e, quando voc� � bom ator, tudo j� foi dito. Fica mais interessante at�." 

"O CORO: SUCESSO, AQUI VOU EU"

Dispon�vel na plataforma Disney+. Dez epis�dios. Elenco: Miguel Falabella, Karin Hils, Sara Sarres, Daniel Rangel, Carolina Amaral, Rhener Freitas, Micaela D�az, Graciely Junqueira, Bruno Boer e Lucas Wickhaus, entre outros


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)