AUGUSTO PIO
Wanderl�a � a “Ternurinha” da Jovem Guarda, apelido que ganhou dos parceiros Roberto e Erasmo Carlos nos anos 1960, mas nunca se deixou aprisionar por este g�nero musical. Prova disso � o disco que ela acaba de gravar, cujo repert�rio re�ne chorinhos.
“Com menos de 10 anos, morando no Rio de Janeiro, cheguei a cantar acompanhada pelo Regional do Canhoto, grupo instrumental de choro criado em 1951”, ela conta.
O grupo era formado por Canhoto (cavaquinho), Fino (viol�o de sete cordas), Meira (viol�o) e Gilson de Freitas (pandeiro). “Tomei gosto pelo g�nero e sempre quis gravar um disco somente com chorinhos, sonho realizado agora”, afirma.
"Fiz muita coisa com o Gismonti e o Gonzaguinha, mas pouca coisa com esse pessoal que adoro da m�sica tradicional mineira chique (Clube da Esquina). � um projeto que tenho em mente. Como mineira, tenho de realizar isso, ser� uma coisa muito linda"
Wanderl�a, cantora
Mar�o
Produ��o do selo Sesc S�o Paulo, o �lbum deveria ser lan�ado em dezembro. “Achamos melhor deixar para mar�o, quando faremos shows no Sesc Pinheiros ou Vila Madalena. Depois pretendemos rodar o Brasil”, revela Wanderl�a.“O disco ficou simplesmente maravilhoso, embora o repert�rio tenha sido muito dif�cil de escolher. Traz a participa��o de Hamilton de Holanda (bandolim) e de Cristov�o Bastos nos arranjos, al�m de um grupo de choro espetacular.”
O genro, que mora na Europa, tamb�m lhe mandou arranjo. “Ele � ex�mio arranjador. O trabalho foi feito com muito cuidado e carinho, estou muito feliz com o resultado”, diz a sogra coruja.
Quem quiser bater um papo com a mais nova “chorona” da pra�a tem encontro marcado com Wanderl�a nesta quinta-feira (13/10), �s 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. Ela vai participar do projeto Salve Rainhas, talk show comandado pela jornalista Camila de �vila e idealizado pelo produtor Pedrinho Alves Madeira.
“Nunca parei de cantar. Vinha num ritmo bastante agitado, fazendo v�rios shows por semana, mas chegou a pandemia e atrapalhou tudo. Agora estou esquentando novamente as turbinas”, conta a convidada, de 78 anos.
"Adoro me apresentar aqui (em Belo Horizonte). Afinal, sou mineira, uai!"
Wanderl�a, cantora
“Estou trabalhando muito, gra�as a Deus, voltando aos palcos com muita alegria. E continuo com o meu show de Jovem Guarda tamb�m, porque as pessoas pedem.”
Wanderl�a tem orgulho de dizer que canta rock, MPB e pop, al�m de chorinho. Certamente, esse ecletismo entrar� na pauta do papo com Camila de �vila.
Nascida em Governador Valadares, ela est� feliz em voltar a Belo Horizonte. “Adoro me apresentar aqui. Afinal, sou mineira, uai! Fui convidada pelo Pedrinho Alves Madeira para o Salve Rainhas, projeto bem diferente dos shows que fa�o normalmente”, comenta. “Achei muito interessante porque � um talk show bacana. E o Pedrinho sempre com ideias fant�sticas.”
A eterna “Ternurinha” espera que amigos e f�s compare�am ao bate-papo informal de hoje, acompanhado de cantoria. “� mineira contando hist�rias para mineiros. Todo mundo diz que sou boa contadora de casos”, garante.
N�o foi f�cil escolher as can��es para esta noite. “Tenho repert�rio pronto, � claro, mas o deste projeto vai depender muito da nossa conversa, pois posso passar por momentos da Jovem Guarda, assim como de outras coisas que fiz depois do movimento. O p�blico pode esperar um show diferente das coisas que costumo fazer.”
Wanderl�a lembra que esteve h� algum tempo em Belo Horizonte, tamb�m a convite de Pedrinho Alves Madeira. “Cantei m�sicas da compositora Sueli Costa. Acabou que levei esse projeto para o disco e fiz um �lbum inspirado no show, trabalho que ficou muito legal”, diz.
A tiragem do �lbum “Vida de artista” foi pequena, mas ela promete levar alguns exemplares para o teatro, logo mais. “Gravei com a minha banda, por�m coloquei a voz no est�dio do Lalo Calif�rnia. Ficou algo bem aconchegante, maravilhoso.”
Esta noite, ela estar� acompanhada de dois m�sicos: o guitarrista Lalo Calif�rnia, seu marido, e o pianista Billy Magno.
"Com menos de 10 anos, morando no Rio de Janeiro, cheguei a cantar acompanhada pelo Regional do Canhoto, grupo instrumental de choro criado em 1951"
Wanderl�a, cantora
Clube
Wanderl�a lamenta n�o ter gravado �lbum dedicado ao Clube da Esquina. “Fiz muita coisa com o Gismonti e o Gonzaguinha, mas pouca coisa com esse pessoal que adoro da m�sica tradicional mineira chique. � um projeto que tenho em mente”, revela. “Como mineira, tenho de realizar isso, ser� uma coisa muito linda. Vamos fazer, se Deus quiser.”Al�m de Sueli Costa, Gonzaguinha, Egberto Gismonti, Roberto e Erasmo Carlos, ela gravou can��es de Caetano Veloso, Djavan, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Lu�s Melodia, Raul Seixas, Z� Ramalho e Arnaldo Antunes.
Wanderl�a tem boas lembran�as da �poca em que o programa “Jovem Guarda” era apresentado na TV Record, em S�o Paulo, entre 1965 e 1968.
“S�o muitas recorda��es de shows e dos amigos. Por�m uma lembran�a que se eternizou em minha mente foram as reuni�es que faz�amos no Teatro Record. Havia programa��o musical muito intensa na TV Record, l� n�o acontecia apenas o nosso programa. Durante a semana, n�s nos encontr�vamos com v�rios artistas. Era muito bacana.”
Chico Buarque, Elizeth Cardoso (1920-1990), Angela Maria (1929-2018) e Wilson Simonal (1938-2000) foram alguns dos colegas com quem a estrela da Jovem Guarda convivia.
Os est�dios eram frequentados tamb�m por Elis Regina. “Fui me encontrar com ela nos Estados Unidos, quando Elis gravou disco l�. Ela estava passando uma temporada em Los Angeles e tive o prazer de receb�-la em minha casa. O Tom Jobim passou o Natal comigo l�”, relembra.
SALVE RAINHAS
Talk show com Wanderl�a, apresentado por Camila de �vila. Nesta quinta-feira (13/10), �s 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Inteira: R$ 120 (plateia 1), R$ 100 (plateia 2) e R$ 80 (plateia 3), com meia-entrada na forma da lei. Ingressos � venda na bilheteria da casa e no site Sympla.