A capa do �lbum faz refer�ncia ao livro Dom Quixote
Coniiin/divulga��o
Por �ngela Faria
Um novo ciclo. Assim o rapper Djonga define a atual fase de sua vida e o �lbum “O dono do lugar”, que chegou nesta quinta-feira (13/11) �s plataformas Spotify, Apple Music, Tidal e Deezer.
O clima “depr�” e triste do �ltimo disco do mineiro, lan�ado em mar�o de 2021, em plena pandemia (que Djonga confessa nem gostar mais de ouvir) d� lugar a reflex�es sobre a masculinidade do homem preto, a for�a das mulheres na constru��o de um novo mundo, a necessidade urgente de construir nova rela��o com a ind�stria da cultura e da m�sica e o racismo.
Depois de bater sucessivos recordes de audi�ncia e compartilhamentos no Twitter, Instagram e plataformas musicais, o compositor mineiro, de 28 anos, n�o quer ficar ref�m de trending topics. Quer fazer m�sica que convide a pensar – se isso lhe render recordes na internet, �timo –, al�m de divertir.
Em recente coletiva, Djonga explicou que “O dono do lugar” � uma esp�cie de jornada quixotesca diante de um mundo complexo em que sua m�sica mobiliza, neste Brasil partido, tanto f�s bolsonaristas quanto lulistas.
Apoiador do candidato do PT � Presid�ncia da Rep�blica, ele n�o faz de sua m�sica palanque. Explicou que o dia 13 de seus lan�amentos (antes em mar�o, agora em outubro) remete, antes de tudo, a seu Galo do cora��o.
O novo �lbum surge mais mel�dico e � lan�ado pelo selo de Djonga, A Quadrilha, empresa dele instalada em BH que se prop�e a lutar por espa�o para jovens artistas.
Neste trabalho, o rapper fala com ironia do mecanismo que move o mercado da m�sica. Ele tem ressaltado a import�ncia da autonomia do autor, do fato de o artista ser dono de sua pr�pria obra.
No fundo, artistas podem ganhar fortunas, mas n�o passam de empregados dos donos dos “meios de produ��o”, ou seja, das empresas que comandam o mercado musical – sobretudo no complexo mundo da internet.
Segundo ele, moleques que v�m se destacando na cena t�m a ilus�o de estar bombando, mas podem ser descartados rapidamente pelo sistema que os colocou no topo. Da� a import�ncia de ser dono “dos meios de produ��o”, ressalta o ex-estudante de hist�ria da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
“O dono do lugar” traz novas sonoridades, nele Djonga se rende ao auto-tune, e destaca o talento do tecladista, guitarrista e baixista Thiago Braga, al�m dos beats de Coyote Beatz, velho parceiro do rapper.
A capa traz a foto de Djonga diante de moinho na Espanha, terra do Dom Quixote de Cervantes, com um coquetel molotov nas m�os, retido por duas mulheres. O rapper se diz fruto do “matriarcado”, pois vem de fam�lia comandada por mulheres fortes. Gra�as a elas, se questiona a respeito do machismo estrutural.
Djonga, inclusive, credita a esse machismo estrutural boa parte do avan�o do bolsonarismo no pa�s. Afirma que os homens brasileiros negros s�o criados para reagir com viol�ncia a abusos e � injusti�a. Enfatiza que eles tamb�m devem reaprender a chorar, a dialogar. Enfim, a desconstruir um modelo perverso de masculinidade. O novo disco tamb�m traduz isso.
“O dono do lugar” tem 11 faixas in�ditas, com participa��es de Oruam, Tasha e Tracie, Sarah Guedes, Vulgo FK e Doug Now. Ele chega depois de 'Heresia' (2017), 'O menino que queria ser Deus' (2018), 'Ladr�o' (2019), 'Hist�rias da minha �rea!' (2020) e 'Nu' (2021) – todos lan�ados no dia 13 de mar�o.
O novo ciclo do rapper, inclusive, vem "romper" com essa tradi��o de lan�amentos em 13 de mar�o, que foi virando uma esp�cie de "obriga��o".
Em 2021, Djonga chegou a dizer que 'Nu' seria seu �ltimo disco. Depois disso, lan�ou singles, fez bem sucedida turn� em Portugal, apresentou-se em festivais no pa�s e tomou a decis�o de lan�ar novo �lbum, em vez de can��es isoladas. H� um conceito permeando o novo �lbum, explica. O pr�ximo pode vir “daqui a cinco anos ou cinco meses”, explicou, em coletiva concedida em S�o Paulo nesta semana.
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