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Estado de Minas LITERATURA

Rute Sim�es Ribeiro lan�a livro sobre a vida e a morte, no Flitabira

Revela��o da literatura portuguesa, autora chamou a aten��o com "A breve hist�ria da menina eterna". Neste s�bado (5/11), ela ministra oficina para crian�as


05/11/2022 04:00 - atualizado 04/11/2022 22:51

Foto mostra o rosto da escritora portuguesa Rute Simões Ribeiro falando ao microfone, que está preso em sua cabeça
Revela��o da literatura portuguesa, Rute Sim�es Ribeiro diz compartilhar inquieta��es existenciais com o mineiro Carlos Drummond de Andrade (foto: Facebook/reprodu��o)

O 2º Festival Liter�rio Internacional de Itabira (Flitabira), que ser� encerrado no domingo (6/11), recebe a escritora portuguesa Rute Sim�es Ribeiro, que lan�a o livro “A breve hist�ria da menina eterna” na cidade mineira.

N�o se trata de seu t�tulo mais recente, mas, conforme aponta, foi o que a fez se tornar verdadeiramente escritora. Lan�ado em 2019, foi o primeiro livro de Rute a ganhar o mercado com a chancela de uma editora, a N�s, comandada por Simone Paulino, que tamb�m est� em Itabira.
 
Antes, a portuguesa havia publicado, de forma independente, em 2015, “Os cegos e os surdos” – posteriormente reeditado com o t�tulo “Ensaio sobre o dever (ou A manifesta��o da vontade)” –, al�m de “A alegria de ser miser�vel” e “O escritor e o prisioneiro”, ambos em 2018. Depois de “A breve hist�ria da menina eterna”, vieram tamb�m “A revolu��o dos homens sentados” (2020), “Choram m�es-casa seus filhos-metade” (2021) e “O homem que sonhou” (2021).

O primeiro gesto

Rute, de 44 anos, diz que “A breve hist�ria da menina eterna” marca nova fase em sua trajet�ria. “Simone Paulino diz, a respeito desse livro, que � meu primeiro gesto, o que antecede tudo o que habita minha produ��o posterior”, aponta.

Ela observa que uma caracter�stica comum a todos os seus livros � a brevidade dos textos, que primam pela densidade. Em “A revolu��o dos homens sentados”, relatos curtos focam na revolu��o portuguesa que derrubou o regime salazarista em 1974. J� “Choram m�es-casa e seus filhos-metade”, segundo Rute, � um quase poema, inspirado nas experi�ncias que as crian�as vivenciam no mundo de hoje.

“A breve hist�ria da menina eterna” tamb�m tem a crian�a como centelha inspiradora. Na verdade, pondera Rute Ribeiro, a obra parte, antes, da experi�ncia da maternidade. 

“Sou m�e, e certo dia me dei conta de que ter um filho � dar in�cio ao que um dia ter� fim. Escrevi esse livro a partir da constata��o muito concreta do fim, o que me emociona sempre”, diz.

Para a escritora, a ideia da morte � sempre uma surpresa. “Mesmo a morte de uma pessoa em idade avan�ada, que todos j� esperam que v� morrer mesmo, me espanta”, diz. No livro, m�e esconde de sua filha a exist�ncia da morte. A protagonista � “M”, nascida em um lugar onde ningu�m fala sobre a morte, por n�o saber lidar com ela.

Com cerca de 100 p�ginas, o livro trata desse tema a partir da narradora, que tece um texto po�tico, repleto de reflex�es.

“A fic��o se d� em torno da voz dessa m�e, uma personagem invis�vel no texto, que, de tanto amar os filhos que ainda n�o tem, n�o os quis ter, por considerar que t�-los seria destin�-los a um fim inevit�vel, que � a morte”, ressalta a autora.

Rute revela que “A breve hist�ria da menina eterna” � seu livro mais pessoal, mas ressalva que ele n�o � autobiogr�fico – trata-se, antes, de um estudo.

"Essa m�e, uma personagem invis�vel no texto, de tanto amar os filhos que ainda n�o tem, n�o os quis ter, por considerar que t�-los seria destin�-los a um fim inevit�vel, que � a morte"

Rute Sim�es Ribeiro, escritora, sobre o livro "A breve hist�ria da menina eterna"

Cria��o liter�ria para crian�as

Pela primeira vez no Brasil, Rute Sim�es Ribeiro vem cumprindo uma s�rie de compromissos no 2º Flitabira, que come�ou na segunda-feira passada.  Neste s�bado (5/11), �s 11h, a portuguesa vai ministrar oficina de cria��o liter�ria voltada para crian�as e adolescentes.

“A oficina vai muito na linha de algo que j� fa�o em Portugal, que � mostrar para o p�blico infantojuvenil um pouco da constru��o do texto, com os caminhos poss�veis, o que passa mais por indicar e sugerir do que por orientar, porque crian�as n�o precisam de orienta��o para criar. N�o falo da forma certa de fazer as coisas, porque isso n�o existe”, destaca.

Rute conta que a rea��o das crian�as nesse tipo de atividade � sempre muito bonita, porque elas est�o no lugar de fala pr�prio da idade.

“Elas usam a palavra para registrar a ideia, a pr�pria voz, e isso � fruto de um pensamento livre, que passa tamb�m pela ideia do outro. No mundo inteiro – e no Brasil especialmente – estamos passando por uma fase cr�tica no que diz respeito ao pensamento livre e � considera��o em rela��o ao que o outro pensa. Daqui a 10 anos, ser�o as crian�as de hoje as fazedoras do pa�s, s�o elas que v�o estabelecer as regras de relacionamento”, diz.

O Flitabira celebra os 120 anos de Carlos Drummond de Andrade, em cuja obra Rute diz ter mergulhado h� relativamente pouco tempo. Em v�rios sentidos, acredita que seja poss�vel compar�-lo com Fernando Pessoa.

“� medida que fui conhecendo melhor Drummond, fiquei muito admirada, me identifiquei, porque h� inquieta��es diante da vida e da morte que compartilhamos. Ele fez, por meio de sua obra, um estudo que acaba por se concluir como n�o concluso, irresol�vel – algo que tamb�m est� presente nos meus textos. Tem a ver com a forma como prosseguimos aqui, conscientes dessa constru��o e ao mesmo tempo sabedores de que � tudo fic��o”, diz.
 
Apesar de citar Pessoa, � outro escritor portugu�s que Rute aponta como uma de suas principais refer�ncias: Jos� Saramago. “Ele nunca soube, mas foi o meu grande mentor liter�rio. Sinto n�o ter podido conversar com ele, que constatou e veio dizer que, atrav�s do texto, tudo � poss�vel. O autor n�o tem tempo e n�o est� limitado, ele transcende todos os per�odos e todas as padroniza��es”, afirma.
 
Usando chapéu de feltro, o poeta Ricardo Aleixo está de perfil, sentado numa cadeira
Autor homenageado desta edi��o do Flitabira, o poeta Ricardo Aleixo participa de bate-papo, nesta tarde, na Pra�a do Centen�rio, em Itabira (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

Poeta na pra�a

Entre as atra��es do Flitabira, destaca-se a mesa com Ricardo Aleixo, o homenageado desta edi��o. �s 19h de hoje, na Pra�a do Centen�rio, em frente � casa de Drummond, ele conversa com o jornalista, escritor, bi�grafo e cr�tico liter�rio Tom Farias, um dos curadores do festival, sobre sua trajet�ria.

Finalista da edi��o 2022 do Pr�mio Jabuti, na categoria poesia, com “Extraquadro” (Impress�es de Minas, 2021), Aleixo recebeu, em outubro deste ano, o t�tulo de Not�rio Saber em Letras: Literatura (equivalente ao grau de doutor), concedido pela Universidade Federal de Minas Gerais.

A conversa com Tom Farias ser� transmitida pelo canal do festival no YouTube. Em seguida, ele  autografa suas obras na livraria do Flitabira.

2º FLITABIRA

Atividades on-line e presenciais em Itabira, at� domingo (6/11). Programa��o completa: www.flitabira.com.br




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