A magia do teatro lambe-lambe em BH

“No teatro lambe-lambe, o artista n�o � s� o ator que est� se apresentando, ou o int�rprete que est� segurando o boneco. Ele � o engenheiro, o arquiteto que vai construir esse teatro. � como se fosse uma casa de espet�culo. O bonito � que cada um faz a seu modo. A gente constr�i o teatro, os personagens, o cen�rio e interpreta a hist�ria”, conta Clarice Rito, da Companhia Zarabatana Lambe, que se apresenta em Belo Horizonte de hoje (17/11) ao dia 24.

Celebrando 33 anos de exist�ncia, o teatro lambe-lambe � um formato 1x1 de teatro de bonecos, em que o artista se apresenta para uma �nica pessoa por vez. Inspirado nos fot�grafos ambulantes que usavam m�quinas lambe-lambe, toda a magia do teatro acontece dentro de uma caixa, em uma inven��o tipicamente brasileira de Ismine Lima, falecida este ano, e Denise Santos.

Ao lado de Clarice na 'Zarabatana' est� o tamb�m artista Hermes Perdig�o. A proposta dos dois � utilizar materiais recicl�veis e reciclados na constru��o de seus personagens e cen�rios. As hist�rias, entretanto, s�o baseadas em hist�rias populares holandesas trazidas em parceria com o Consulado Geral dos Pa�ses Baixos no Rio de Janeiro, desenvolvidas com a ajuda do consultor Stefan Meyer, holand�s respons�vel tamb�m pelas trilhas sonoras das montagens da companhia.

Al�m de contar duas hist�rias tradicionais, os artistas criaram novos enredos para dois personagens do famoso parque tem�tico holand�s Efteling, hom�logo � Disneyl�ndia americana. A figura mais simb�lica � Holle Bolle Gijs, aportuguesado como “Jo�o Comil�o”. Na montagem da companhia, a engrenagem falha e a lata de lixo come�a a comer tudo em seu caminho. Os contos servem de met�foras para a gan�ncia humana que devora a Terra e seus recursos.

Graduada em Indument�ria e Cenografia pela UFRJ, Clarice viu no contato com Hermes Perdig�o a oportunidade de dar vaz�o � sua veia ligada � bonecaria, que j� a havia encantado ainda durante a faculdade. Os dois se conheceram em Tiradentes, em 2014, em um evento sobre consumo consciente em que Perdig�o presenteou Clarice com um cachorrinho feito de material recicl�vel.

“O teatro lambe-lambe mistura um pouco as coisas. Por ser em miniatura, voc� tem uma diversidade de linguagens maravilhosa. Voc� pode representar uma cadeira de diversas formas. Ali eu j� me encantei com a bonecaria. Quando eu encontro o Hermes e ele me d� esse bonequinho, eu fiquei 'meu Deus, que coisa mais maravilhosa'. Para se ter uma ideia, eu tatuei o s�mbolo da reciclagem no bra�o”, comenta Clarice.

Do primeiro contato, surgiu a iniciativa da companhia. Al�m do lambe-lambe, Perdig�o tamb�m trabalha com a arte do kirigami, varia��o do origami a partir do recorte e colagem de papel, e a utiliza em seus n�meros com a Zarabatana Lambe, que traz a BH um laborat�rio de kirigami a ser apresentado no 1º Festival de Inven��o e Criatividade - UAI-FIC, no Centro de L�nguas, linguagens, inova��o e Criatividade, o CLIC, da UEMG, hoje e amanh� – haver� tamb�m um bate-papo com os alunos da Escola de Design da universidade estadual.

Estreante no mundo do lambe-lambe, Clarice considera a curta dura��o das pe�as um desafio para a Companhia. Em apresenta��es de dois minutos, ela acaba tendo de ser atriz, diretora e contrarregra, o que dificulta tamb�m a possibilidade de se adaptar a modalidade ao cinema de curta-metragem.

“Voc� n�o tem como se ver fazendo. � muito doido, porque tudo acontece dentro de uma caixa”, comenta. “Voc� precisa de um aux�lio. Precisa chamar algu�m para te orientar, para assistir e dizer se � mais para a esquerda ou para a direita. Eu uso uma c�mara para me orientar, mas � complicado, porque ela n�o pega tudo. Quer dizer, a minha n�o pega, talvez tenha uma c�mera olho-de-peixe, uma coisa mais caprichada, mas, a princ�pio, n�o”.

A versatilidade da arte teatral do lambe-lambe � o combust�vel para a artista persistir na iniciativa. Em um primeiro momento, as ideias de bonecos v�o surgindo e, em seguida, ela come�a a revirar sua pr�pria casa atr�s de materiais recicl�veis para utilizar na montagem.

“O seu cotidiano entra na caixa”, conta. “Voc� pega coisas do seu dia a dia e ao mesmo tempo usa sua bagagem de vida e repert�rio de amigos. Isso me emociona. Como � bonito ver cada elemento que eu uso e que foi colabora��o de algu�m que passou pela minha vida. Isso � muito lindo e me deixa muito emocionada.”

UAI-FIC – BH, Secretaria Municipal de Educa��o (antiga Fafich)

Rua Carangola, 288 – Bairro Santo Ant�nio, em BH

Casa da Virg�nia - Mercado Novo

Avenida Oleg�rio Maciel, 742, segundo piso, corredores E e F – Centro de BH

Parque Municipal Am�rico Renn� Giannetti, no gramado pr�ximo ao Pal�cio das Artes

Avenida Afonso Pena, 1377 – Centro de BH

Parque Municipal das Mangabeiras, no Teatro de Gramado (pr�ximo do espelho d´ï¿½gua)

Avenida Jos� do Patroc�nio Pontes, 580 – Bairro Mangabeiras, em BH

Parque Municipal Jacques Cousteau, na �rea da Academia

Rua Augusto Jos� dos Santos, 366 – Bairro Estrela do Oriente, em BH

MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal (pra�a de Conviv�ncia)

Pra�a da Liberdade, 680 – Bairro Funcion�rios, em BH

Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, no Teatro de Arena

Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904 – Bairro Itapo�, em BH