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Estado de Minas DAN�A

Bal� 'Motriz' � inspirado em filmes de Lars von Trier e Chaplin

Coreografia de Cassi Abranches para o Bal� da Cidade de S�o Paulo tem como refer�ncia os longas "Dan�ando no escuro" e "Tempos modernos"


21/11/2022 04:00 - atualizado 20/11/2022 21:20

espetáculo motriz do balé da cidade de são paulo
'Motriz' usa a for�a do pr�prio movimento de dan�a para a pot�ncia sonora e a corporal se unirem no final do espet�culo (foto: Reprodu��o de Internet)


Tudo come�a no ch�o de f�brica. Com macac�es azuis cobertos por outros macac�es de pl�stico, 20 bailarinos realizam movimentos repetitivos. A primeira cena de "Motriz", coreografia de Cassi Abranches para o Bal� da Cidade de S�o Paulo � bastante inspirada pelo cinema. As principais refer�ncias de Abranches foram os filmes "Dan�ando no escuro", de Lars von Trier, e "Tempos Modernos", de Charles Chaplin.

No longa de Von Trier, Bj�rk faz uma oper�ria prestes a perder a vis�o que canta e diz sonhar que as m�quinas est�o fazendo m�sica. J� no cl�ssico de Chaplin, o ator � engolido pelas engrenagens.

Em "Motriz", as engrenagens ganham outros sentidos nos corpos. S�o mecanismos de transmiss�o de movimento, em uma dan�a conectada de humanos ex machina.

Abranches pesquisou os v�rios significados do conceito de for�a para sua primeira cria��o para Bal� da Cidade como diretora do grupo. O tema j� estava claro para ela h� pelo menos um ano.

"Foi um ano t�o dif�cil que todo dia eu me levantava e, no banho, repetia: 'For�a, vamos l�!'", diz. Ela se refere tanto ao cen�rio do pa�s e do mundo, quanto aos desafios enfrentados pelo Bal� da Cidade.

Abranches se tornou diretora art�stica da companhia de dan�a do Theatro Municipal em setembro de 2021. O Bal� estava havia um ano sem diretor ap�s o afastamento de Ismael Ivo (1955-2021) do cargo.

Um pouco depois de ela assumir a dire��o, o Bal� teve de sair de sua sede na Pra�a das Artes. Em 2020, os bailarinos se mudaram para o complexo ao lado do Municipal, depois de trabalharem por mais de 40 anos em uma sede provis�ria. Mas logo veio a pandemia. Quando retornaram, os andares destinados ao Bal� da Cidade foram interditados por quest�es de seguran�a.

Mas a companhia sem-teto manteve a produ��o. Estreias foram criadas e ensaiadas na c�pula do teatro ou nas salas de aula da Escola de Dan�a de S�o Paulo, na Pra�a das Artes. Cria��es recentes, como "Sixty-Eight" e "Inacabada", foram feitas em uma academia particular, que cedeu o espa�o.

Ali tamb�m foi criada "Motriz", dan�a que diz muito da pot�ncia dos bailarinos e de sua resist�ncia. Dessa for�a estranha surgem outras camadas para a coreografia.

A f�brica vai aos poucos se humanizando. Uma mulher percorre o palco aos trancos e barrancos, atropelada pela pressa de uma pequena multid�o. A maioria esbarra indiferente, mas alguns a amparam.

Atra��o e repuls�o se materializam no pas de deux de um casal amarrado por grossas faixas de el�sticos. A viol�ncia chega em massa, com s�mbolos corporais como o "m�os ao alto!" das batidas policiais. Mas tamb�m em posturas de resist�ncia, como a palma da m�o estendida de uma mulher, o bra�o para o alto com o punho cerrado.

O clima muda quando entra em cena o que a core�grafa chamou de for�a da natureza. Em um solo fluido, uma bailarina flutua. � quase uma entidade: Abranches usou como inspira��o elementos de dan�a de orix�s femininas, mas que se manifestam como pequenos toques. Mais � frente, as filhas dessa entidade surgem em movimentos desconstru�dos. A presen�a das mulheres � marcante.

NOVOS CAMINHOS 

Muitas ideias apareceram quando Abranches ouviu a trilha do BaianaSystem, grupo que ganhou o Grammy Latino em 2019 com sua mistura de guitarra baiana e sistemas de som populares na Jamaica.

Mas o come�o n�o foi t�o f�cil para ela, que dan�ou no grupo Corpo por 12 anos. "Quando recebi a m�sica do BaianaSystem, bateu um desespero. Era algo diferente, sem ritmo definido ou pulso marcado." Foi tranquilizada pelo marido, Gabriel Pederneiras, que assina a ilumina��o de "Motriz", que a incentivou a ir por caminhos novos.

Em "Motriz", o que d� ritmo e pulso � a for�a do pr�prio movimento de dan�a para ent�o, na cena final, a pot�ncia sonora e a corporal se unirem. Os bailarinos tremem como se tivessem recebido um choque e a corrente el�trica � descarregada por todos. 


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