(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas LITERATURA

Cubana Teresa C�rdenas elogia visibilidade dos negros e mulheres na Flip

Escritora afirmou que racismo tamb�m desafia Cuba, lembrando que seu pa�s e o Brasil foram os �ltimos da Am�rica a libertar os escravizados


28/11/2022 04:00 - atualizado 27/11/2022 22:06
677

Autora cubana Teresa Cárdenas olha para o lado
A autora cubana Teresa C�rdenas, que participou do encerramento da Flip, no domingo (27/11), diz que escrever � um ato pol�tico (foto: Walter Craveiro/Instagram Flip)

 
Parati – Foi com o samba “Luz do repente”, de Jovelina P�rola Negra, que a pesquisadora Ludmilla Lis abriu a primeira mesa do �ltimo dia da Flip de 2022, no domingo (27/11). Com o p�blico em p�, ela puxou um coro do refr�o “Deixa comigo/ Eu seguro o pagode e n�o deixo cair/ �, �/ Sem vacilar/ �, �/ Sem me exibir/ �, �/ S� vim mostrar/ �, �/ O que aprendi”.
 
Depois de ensaiarem uma dan�a, a escritora cubana Teresa C�rdenas e a poeta pernambucana Cida Pedrosa se sentaram para falar sobre o feminino, ancestralidade e racismo numa das mesas mais emocionantes da programa��o.
 
“A Flip teve essa magn�fica ideia de nos fazer vis�veis”, disse C�rdenas. “Demorou, mas aconteceu. Estamos aqui. � um tempo de esperan�a.”
 
Voz potente da literatura infantojuvenil e da escrita sobre a di�spora africana, C�rdenas alcan�ou reconhecimento internacional e pr�mios com livros como “Cartas para minha m�e”, em que uma garota negra �rf� vai viver com a tia e prima. V�tima de racismo, ela se fortalece na escrita de cartas para sua m�e morta.

Iorub� no t�tulo

Tamb�m atriz, bailarina, roteirista e ativista, ela est� lan�ando “Awon Baba” (Pallas), titulado pela palavra iorub� para ancestrais, que traz 12 relatos biogr�ficos.
 
“A escrita � um ato pol�tico e tamb�m espiritual. Escrevemos e n�o sabemos de onde v�m essas hist�rias. E elas v�m de longe, buscando portadores e tradutores para chegar at� n�s”, disse C�rdenas, que leu um trecho do livro em que relata a hist�ria do senhor de pessoas escravizadas espanhol, em Cuba, que vendeu os pr�prios filhos, fruto de abusos das mulheres negras sob seu dom�nio, e “morreu tranquilo”.
 
“Essas s�o as ra�zes da identidade nacional em Cuba. De um lado, colonizadores espanh�is ferozes e assassinos, de outro, os africanos da costa ocidental, que sobreviveram como puderam depois de serem trazidos em viagens horrorosas nas quais lhes foi tirado o nome e as religi�es, mas n�o a alma, que eles legaram para n�s”, disse a cubana.
 
“Somos descendentes de sobreviventes, de gente que resistiu a tudo, e estamos aqui gra�as � resist�ncia deles”, avaliou C�rdenas.
 

'H� uma batalha em Cuba pela est�tica de origem africana. Uma conquista que estamos fazendo e que agora se espalha pela m�sica, literatura, roupas e cabelo num movimento muito forte'

Teresa C�rdenas, escritora

 
 
Cida Pedrosa, duas vezes vencedora do pr�mio Jabuti, leu trechos do livro “Estesia” (Cepe Editora), em que inaugura sua produ��o de haikai.

“Nasci no sert�o e a literatura me veio pelo cordel, pela embolada, pelo homem da cobra que vendia coisas na rua e cantava. N�o consigo separar a minha literatura da fala. Tanto que quando escrevo eu leio em voz alta: se a palavra n�o couber no meu ouvido, eu corto a palavra sem medo de ser feliz”, contou.
 
A escritora Cida Pedrosa fala ao microfone
Cida Pedrosa � herdeira do legado do cordel (foto: Walter Craveiro/Instagram Flip)
 
 
C�rdenas lembrou que Brasil e Cuba foram os �ltimos pa�ses das Am�ricas a dar liberdade aos escravizados. “O racismo ainda � uma luta em Cuba, mesmo com o processo revolucion�rio de igualitarismo. Ainda estamos separados e ainda h� muito o que fazer”, disse.
 
“Ainda que haja pol�tica de governo para lutar contra essas coisas, sinto que n�o se deixa que o povo preto se una o suficiente. � muito dif�cil e doloroso que, 130 anos depois, ainda estejamos sofrendo as consequ�ncias da escravid�o.”

Fora do restaurante

Ela mostrou o videoclipe de um grupo de rappers cubanos, do qual participa, cuja m�sica conta a hist�ria de cubanos negros que n�o s�o admitidos em restaurantes para dar lugar aos estrangeiros.
 
“Entendo que o embargo cria necessidade financeira, mas os cubanos negros querem estar presentes e exigir respeito”, disse, relatando a ascens�o da afroest�tica cubana. “H� uma batalha em Cuba pela est�tica de origem africana. Uma conquista que estamos fazendo e que agora se espalha pela m�sica, literatura, roupas e cabelo num movimento muito forte.”
 
Cidinha da Silva fala ao microfone e segura livro
A mineira Cidinha da Silva leu trecho de seu livro na Flip (foto: Walter Craveiro/Instagram Flip)
 

Cidinha da Silva defende a cr�nica

A  mineira Cidinha da Silva saiu em defesa da cr�nica liter�ria, ao participar da mesa “Encruzilhadas do Brasil”, na Flip. “Ela � a prima pobre da literatura brasileira”, provocou.
 
“Quando a gente est� no ch�o da sala de aula, na educa��o b�sica e no ensino superior, quem � que forma leitores? � a cr�nica. Ent�o ela tem que estar na linha de frente da reflex�o da literatura, porque est� na linha de frente do elo da escola com quem l�”, arrematou o escritor, cr�tico e professor Christiano Aguiar, que dividiu a mesa com a escritora. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)