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Estado de Minas M�SICA

Exposi��o "Uma vida pela arte" homenageia trajet�ria de dona Jandira

Mostra dedicada � carreira da cantora ser� aberta nesta quarta-feira (30/11), no Conservat�rio UFMG, com show da homenageada, acompanhada de banda


29/11/2022 04:00 - atualizado 29/11/2022 00:00

de óculos e lenço na cabeça, dona Jandira, de perfil, sorri, como violão acomodado em seu colo
Nascida em Macei� e radicada em Minas Gerais, dona Jandira tem forma��o em pedagogia e trabalhou no com�rcio e como artes�, antes de abra�ar a carreira musical (foto: Daniel Mansur/Divulga��o )

Cantora que despontou tardiamente, depois dos 60 anos, Dona Jandira est� longe de ser uma acumuladora, mas confessa que tem pendor para as cole��es. � com base em seu acervo de fotografias, objetos pessoais, v�deos de apresenta��es e obras que ganhou de artistas renomados que o Conservat�rio UFMG inaugura, nesta quarta-feira (30/11), a exposi��o “Uma vida pela arte”, comemorativa aos seus 20 anos de trajet�ria profissional na m�sica.

Na mesma data e local, ela apresenta, �s 20h, um show em que desfila os cl�ssicos da MPB que sempre fizeram parte de seu repert�rio, de compositores como Paulinho da Viola, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Tom Jobim e Ataulfo Alves, entre outros. A entrada � gratuita.

A mostra pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 14h �s 19h30, at� o dia 21 de dezembro. Quem comparecer no Conservat�rio UFMG nos dias 7 e 15 de dezembro ter� a oportunidade de bater um papo com Dona Jandira, que estar� presente na exposi��o,  interagindo com os visitantes.

Com a abertura inicialmente marcada para o dia 18 deste m�s, a mostra teve que ser adiada em raz�o de uma forte gripe que acometeu a cantora. “Gra�as a Deus me recuperei muito bem e j� estou �tima. Sa�de � uma coisa imprevis�vel”, diz a “jovem senhora de 83 anos”, como costuma se identificar.

'Jamais pensei que poderia um dia ir tocar na Europa. Nunca sonhei t�o alto. Quando voc� come�a na carreira como eu comecei, com mais de 60 anos, n�o ambiciona muita coisa'

Dona Jandira, cantora


Itens da mostra

Ela diz que a sele��o dos itens que comp�em a mostra foi feita com a colabora��o de Mateus Souza, muse�logo da pr�-reitoria de Cultura da UFMG, �rg�o ao qual o Conservat�rio UFMG � vinculado, que responde pela curadoria de “Uma vida pela arte”. N�o foi uma tarefa f�cil, segundo a cantora.

“Nesses 20 anos de trajet�ria, ganhei muita coisa, muitos presentes de outros artistas e de f�s, e sou o tipo de pessoa que guarda tudo com muito carinho. Seria imposs�vel juntar tudo numa exposi��o”, afirma, ressalvando que o conte�do da mostra d� conta de apresentar um panorama sucinto de sua trajet�ria.

Dos objetos reunidos em “Uma vida pela arte”, ela diz que tem especial apre�o pelo viol�o com que come�ou tocando, no in�cio da carreira. “Ele � insepar�vel. Tem outras coisas de que gosto e que dizem muito sobre mim, mas vou guardar segredo”, diz.

Resgate da MPB

Com rela��o ao show, que apresenta acompanhada por Fernando Rodrigues (cavaco, viol�o e guitarra), Alo�zio Ribeiro (percuss�o) e Jos� Dias (baixo) – seu produtor desde 2004, quando a “descobriu” em uma audi��o para registro na Ordem dos M�sicos do Brasil –, Dona Jandira destaca que se trata do resgate de uma MPB que j� n�o desfruta de espa�o nas m�dias tradicionais.

“As pessoas, quando encontram comigo, dizem que hoje em dia � dif�cil ouvir coisas de Ataulfo Alves, por exemplo. Eu retruco: vai no meu show que voc� vai ouvir”, aponta. Ela afirma que j� viveu muitos momentos marcantes ao longo desse percurso de 20 anos de vida art�stica. Cada show representou uma viv�ncia intensa e enriquecedora, segundo Dona Janeira. “Palco � magia”, sublinha.

Para dona Jandira, apresentar-se na cidade portuguesa de �vora, no festival Exib M�sica, em 2016, foi uma experi�ncia inesquec�vel. “Jamais pensei que poderia um dia ir tocar na Europa. Nunca sonhei t�o alto. Quando voc� come�a na carreira como eu comecei, com mais de 60 anos, n�o ambiciona muita coisa”, diz, acrescentando que, em diversas ocasi�es, cantou para p�blicos muito numerosos, que n�o acreditava que pudesse alcan�ar.

vista geral da exposição %u201CUma vida pela arte%u201D, no Conservatório UFMG
A mostra no Conservat�rio UFMG re�ne itens guardados pela artista durante seus 20 anos de carreira (foto: Bruna Ac�cio/Divulga��o)

In�cio da carreira

Ela cita apresenta��es na Pra�a da Esta��o e no Parque Municipal, em BH, por exemplo. Com rela��o aos maiores desafios que enfrentou na carreira, aponta que o in�cio foi o mais dif�cil, porque tornar-se cantora foi mais uma obra do acaso do que propriamente fruto de um planejamento.

“Um grande desafio foi justamente eu me entender e me considerar cantora profissional. Em 2004, quando fui fazer meu primeiro show, no Vinil Cultura Bar, na Savassi, fiquei muito apreensiva, confiante no que eu podia fazer, mas sem saber como seria recebida. Deu uma tremedeira”, aponta.

A trajet�ria art�stica de Dona Jandira est� estritamente ligada a Minas Gerais. Nascida em Macei� (AL), em uma fam�lia de m�sicos, ela se formou em pedagogia, casou-se, teve dois filhos, netos, se aposentou e, j� sexagen�ria, mudou-se para Itatiaia, distrito da cidade de Ouro Branco, a 100 quil�metros de Belo Horizonte.

'Um grande desafio foi justamente eu me entender e me considerar cantora profissional. Em 2004, quando fui fazer meu primeiro show, no Vinil Cultura Bar, na Savassi, fiquei muito apreensiva, confiante no que eu podia fazer, mas sem saber como seria recebida. Deu uma tremedeira'

Dona Jandira, cantora


Cantarolar

L�, trabalhou como artes� e comerciante. Nas horas vagas, ficava “cantarolando com seu viol�ozinho”, como diz. Foi assim que, certa feita, chamou a aten��o de uma funcion�ria da Prefeitura de Ouro Branco, que a convidou para desenvolver um trabalho musical com a comunidade local.

Depois de relutar, ela aceitou e acabou fundando o coral infanto-juvenil Os Bem-Te-Vis. Para que pudesse se apresentar com o grupo, precisou se inscrever na Ordem dos M�sicos – ocasi�o em que tocou e cantou para a banca que tinha como um dos integrantes Jos� Dias, que, impressionado com seu talento, a trouxe para se apresentar na noite de Belo Horizonte.

“�s vezes eu me pego pensando: mas, gente, como essa hist�ria toda come�ou mesmo? Tudo aconteceu aqui em Minas. Tive uma receptividade muito grande. Jamais pensei, em toda a minha vida, que ia ter algum sucesso, nunca me programei para isso, e aconteceu. Sou alagoana de nascimento e mineira de cora��o”, diz.

Novos compositores

Al�m de conduzir a pr�pria carreira, ela tem, desde que alcan�ou reconhecimento, trabalhado no sentido de revelar novos talentos. Em 2012, fundou, em Itatiaia, o Espa�o Multicultural Dona Jandira, por meio do qual lan�ou o projeto Encontro de Compositores, que tem o objetivo de revelar m�sicos mineiros ainda � margem do circuito profissional.

o violão de dona Jandira e o nome dela assinado embaixo, em cartaz de sua exposição
O viol�o com que come�ou a tocar � apontado pela cantora como seu objeto favorito (foto: Bruna Ac�cio/Divulga��o)
“Esse projeto � uma p�rola. Foi um outro grande desafio na carreira, porque, em Ouro Branco e regi�o, eu sempre via jovens que tinham o dom de compor, mas que n�o tinham tido ainda os meios para lan�ar suas m�sicas, ter a voz de algu�m para dar vida a seus trabalhos. � um projeto modesto, porque fazer um festival seria complicado, at� do ponto de vista financeiro, mas � uma forma de dar visibilidade para essa produ��o”, ressalta.

Ela aponta que, ao longo da d�cada passada, o centro cultural que leva seu nome em Itatiaia cumpriu a miss�o de aglutinar e incentivar os talentos locais, trazendo aqueles que mais se destacavam para apresenta��es em Belo Horizonte. “Eu apareci assim, do nada, e como tive as oportunidades que tive, achei que era o caso tamb�m de dar esse suporte”, comenta.

Retomada das atividades

Com a chegada da pandemia, entretanto, as atividades foram interrompidas, incluindo o Encontro de Compositores. “Desde o in�cio de 2020 est� tudo parado, e quando uma coisa fica parada por muito tempo, a tend�ncia � enferrujar, mas tenho a esperan�a de que no pr�ximo ano a gente possa reativar o Centro Multicultural”, diz a cantora.

Ela assente que essas realiza��es t�m, em alguma medida, uma rela��o com sua forma��o em pedagogia, o que passa pelo desejo de transmitir conhecimento e criar oportunidades para quem deseja. Dona Jandira diz entender que o objetivo de sua vida art�stica e profissional � incutir na cabe�a das pessoas o fato de que qualquer barreira que se interponha � realiza��o de um objetivo pode ser superada.

“Eu, como pedagoga de forma��o, penso no que tenho de informa��o para passar. O que importa � a maneira de aprender, apreender, se comportar e executar o que se deseja. O trabalho que fiz na regi�o de Ouro Branco n�o � para mim, � por essas pessoas, esses talentos natos que nunca tinham entrado em um teatro ou em um est�dio. O Encontro de Compositores revelou o trabalho de mais de 70 pessoas”, ressalta.

Trabalho de forma��o

Esse � um vi�s da trajet�ria de Dona Jandira que Mateus Souza, da pr�-reitoria de Cultura da UFMG, enfatiza. “Nosso objetivo com a exposi��o � mostrar que seu percurso n�o se limitou � carreira pessoal, mas se expandiu para apoiar a forma��o de novos m�sicos e compositores. Esperamos que este seja mais um marco na biografia desta cantora que, no auge de sua sabedoria e experi�ncia, estabeleceu-se entre os grandes nomes da nossa m�sica”, diz.

Sobre a a��o Prosa com Dona Jandira, pela qual se coloca � disposi��o dos visitantes da exposi��o nos pr�ximos dias 7 e 15 de dezembro, a cantora salienta que � sempre com muito prazer que procura se relacionar com quem acompanha e se interessa por seu trabalho. 

“Amo estar pr�xima das pessoas. Sou faladeira, ent�o gosto de contar da minha carreira, como tudo come�ou, explicar como fa�o as coisas. Quem quiser bater um papo comigo l� no Conservat�rio na v�spera do feriado vai ser muito bem recebido.”

“DONA JANDIRA: UMA VIDA PELA ARTE”

Evento de abertura da exposi��o nesta quarta-feira (30/11), �s 19h15, com show de Dona Jandira e banda, �s 20h, no Conservat�rio UFMG (Av. Afonso Pena, 1.534, Centro), com entrada franca. A visita��o fica aberta at� 21/12, de segunda a sexta, das 14h �s 19h30.


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