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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Mergulhe no cinema radical do diretor Robert Bresson, o guru de Godard

Cine Humberto Mauro exibe quatro filmes do franc�s que chamava a produ��o hollywoodiana de "teatro bastardo"


14/12/2022 04:00 - atualizado 13/12/2022 22:58

Diretor francês Robert Bresson está sentado, apontando para a frente
Robert Bresson dizia que cinema de Hollywood era 'teatro fotogr�fico' (foto: American Cinematheque/reprodu��o)

� bem prov�vel que o franc�s Robert Bresson (1901-1999) se ofendesse caso algu�m chamasse de cinema o que ele fazia. Na opini�o do diretor, esse termo estava contaminado por produ��es comerciais de Hollywood, “meros teatros fotogr�ficos”, em suas palavras.

“Ele tinha um jeito muito diferente de ver o mundo e exprimir isso em seus filmes”, observa V�tor Miranda, gerente do Cine Humberto Mauro. Por essa singularidade, o espa�o da Funda��o Cl�vis Salgado vai homenagear o diretor franc�s com o Ciclo Robert Bresson, que come�a nesta quarta-feira (14/12) e fica em cartaz at� sexta (16/12).

Com entrada franca, ser�o exibidos os longas “O batedor de carteiras” (1959), “A grande testemunha” (1966), “Lancelot do lago” (1974) e “O dinheiro” (1982). Amanh�, haver� sess�o comentada de “O batedor de carteiras” com o pesquisador, professor e cr�tico de cinema Luiz Fernando Coutinho. Na sexta-feira, ser� exibido “O dem�nio das onze horas” (1965), de Jean-Luc Godard (1930-2022), influenciado pelo franc�s.
 
Os atores Humbert Balsan, Luc Simon e Vladimir Antolek-Oresek no filme 'Lancelot do lago'
Os atores Humbert Balsan, Luc Simon e Vladimir Antolek-Oresek no filme "Lancelot do lago", que abre o Ciclo Robert Bresson (foto: Gaumont/divulga��o)
 

“S�o quatro dos melhores filmes de Bresson, que resumem bem a carreira dele”, afirma Miranda. Bresson come�ou a carreira art�stica como pintor e fot�grafo. Chegou a fazer trabalhos nessas duas �reas, mas acabou desistindo e enveredou-se pelo cinema em 1933, com o curta “Les affaires publiques” (“Rela��es p�blicas”, em tradu��o livre).

Prisioneiro dos nazistas

O relativo sucesso do filme de estreia animou Bresson a produzir seu primeiro longa. No entanto, os nazistas invadiram a Fran�a, ele foi preso e mantido por um ano em campo de concentra��o. Em 1943, conseguiu lan�ar “Os anjos do pecado”, seu primeiro longa.

“Bresson � 'diretor autor', na ess�ncia da palavra”, ressalta Miranda. “� um diretor que consegue imprimir sua vis�o de mundo nos pr�prios filmes, e faz isso de forma muito natural, seguindo m�todos pr�prios”.

As t�cnicas a que Bresson mais recorria eram a dire��o mec�nica, elipse e a “n�o atua��o”, diz Miranda. “Ele tinha um trabalho muito diferente com os atores. Nem sequer os chamava de atores. Referia-se a eles como modelos ou ‘n�o atores’, porque n�o gostava da vis�o muito ligada ao teatro, em que o ator precisa necessariamente expressar muitas emo��es”, explica.

A proximidade do cinema com o teatro incomodava Bresson. No livro “Notas sobre o cinemat�grafo”, ele n�o poupou cr�ticas ao formato comercial que os americanos desenvolveram para fazer filmes, chamando-o de “teatro bastardo”.

“O teatro fotogr�fico ou cinema quer que um cineasta ou diretor fa�a atores representarem e fotografe esses atores representando; em seguida, que ele alinhe as imagens. Teatro bastardo ao qual falta o que faz o teatro: presen�a material de atores vivos, a��o direta do p�blico sobre os atores”, escreveu o diretor franc�s.

“Figura muito cr�tica, seus filmes eram quase anticinema comercial, o que inspirou muito os diretores experimentais que pretendiam explorar formas diferentes do formato usual que estava posto pelo cinema americano”, ressalta Miranda.

Refer�ncia para a Nouvelle Vague

Um dos cineastas que Bresson influenciou foi Godard. O pioneiro da Nouvelle Vague dizia que assim como Dostoi�vski � o principal nome da literatura russa e Mozart � o grande nome da m�sica alem�, Bresson � o maior representante do cinema franc�s.

“A forma como ele utiliza a montagem e faz os atores performarem � quase mec�nica, parece que est�o dizendo o texto sem emo��o nenhuma, mas ele enfoca essa emo��o atrav�s dos movimentos de c�mera e dos gestos dos int�rpretes”, destaca Miranda.

Outra caracter�stica de Bresson � a complexidade dos personagens, que, em quase todos os filmes dele, experimentam decad�ncia moral e social, mas acabam se redimindo de alguma forma.

CICLO ROBERT BRESSON

Abertura nesta quarta-feira (14/12), �s 18h30, com exibi��o de “Lancelot do lago”. Amanh� (15/12), “O dinheiro", �s 15h; “O batedor de carteiras”, �s 17h (sess�o comentada); e “A grande testemunha”, �s 19h30. Na sexta-feira (16/12), “Lancelot do lago”, �s 15h; “O dinheiro”, �s 17h; e “O dem�nio das onze horas”, �s 19h30. Cine Humberto Mauro (Avenida. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca. Programa��o completa: fcs.mg.gov.br.


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