
O futebol perdeu nesta quinta-feira (29/12) o seu rei: Edson Arantes do Nascimento, o Pel�, tratava um c�ncer no c�lon e morreu em decorr�ncia de fal�ncia m�ltipla dos �rg�os, aos 82 anos.
Lenda do futebol mundial, arrematou sete Bolas de Ouro, foi considerado “atleta do s�culo” pelo Comit� Ol�mpico Internacional (1999), pela Ag�ncia Reuters, da Inglaterra (1999); pela DuPont, da Fran�a (1996); e pelo jornal franc�s L'Equipe (1981). E ainda ganhou o t�tulo de “maior futebolista do s�culo”, pela Unicef, na �ustria (1999).
O mineiro de Tr�s Cora��es, no entanto, ficou imortalizado n�o s� pelo legado no esporte. Ao longo da vida, serviu de refer�ncia para m�sicas e filmes nacionais e internacionais.
Gilberto Gil, por exemplo, em “Meio de campo”, faixa do disco “Cidade do Salvador” (1973), cantou: “E eu n�o sou Pel� nem nada / Se muito for, eu sou um Tost�o”. J� o conterr�neo e amigo tropicalista Caetano Veloso dedicou os versos “Pel� disse love, love, love”, da can��o “Love, love, love”, do �lbum “Muito - Dentro da estrela azulada” (1978), ao rei do futebol.
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Chico Buarque foi outro que prestou homenagem pela m�sica. O carioca dedicou os versos finais de “O futebol”, can��o que integra o �lbum “Chico Buarque” (1989), para Pel�.
O craque ainda foi citado no filme “Papai bate um bol�o” (2005), de Jesse Dylan e estrelado por Will Ferrell. Na trama, o personagem de Farrell carrega um trauma de inf�ncia, quando foi assistir a um jogo do Pel� e, por pouco, n�o pegou a bola que o craque isolou na torcida.
Quem conseguiu agarrar a bola, no entanto, foi o pai do personagem de Farrell, que, por pura maldade, n�o quis dar a bola ao filho. Ao longo do filme, essa bola � presen�a constante.
Quem conseguiu agarrar a bola, no entanto, foi o pai do personagem de Farrell, que, por pura maldade, n�o quis dar a bola ao filho. Ao longo do filme, essa bola � presen�a constante.
Com tantos holofotes incidindo sobre si mesmo, seria natural que o rei enveredasse por outros segmentos al�m das quatro linhas. Assim, paralelamente � carreira de jogador, ele se lan�ou na carreira art�stica.
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Tabelinha com Elis Regina
Em 1969, um ano antes de ser tricampe�o do mundo com a Sele��o Brasileira, Pel� estreou na m�sica. Gravou um compacto simples (pequeno disco de vinil contendo uma can��o de cada lado) com ningu�m menos que Elis Regina (1945-1982), uma das maiores cantoras brasileiras.
“Tabelinha”, como se chamava o disco, trazia as faixas “Perd�o n�o tem” e “Vexam�o”, ambas assinadas pelo jogador.
“Tabelinha”, como se chamava o disco, trazia as faixas “Perd�o n�o tem” e “Vexam�o”, ambas assinadas pelo jogador.
Com levadas que se assemelham muito � Bossa Nova e � Jovem Guarda - estilos que faziam sucesso � �poca -, “Perd�o n�o tem” e “Vexam�o” t�m letras inocentes que tratam, respectivamente, de uma mulher que foi embora e da vergonha que o eu l�rico passou quando pediram para ele tocar viol�o e cantar, o que ele n�o sabia fazer.
Quase dez anos depois, em 1978, Pel� se juntou ao pianista da Bossa Nova S�rgio Mendes para gravar disco de mesmo nome do jogador. Das 12 faixas, cinco foram de autoria do rei: “Cidade grande", "Meu mundo � uma bola", "Nascimento (birth)", "Voltando a Bauru" e "Alma latina".
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O �lbum em parceria com Mendes foi, inclusive, trilha sonora do document�rio “Pel� - The master and his method”, de 1982, dirigido por Sal Lanza.
Em 1991, Pel� ainda gravou a cantiga de roda “Se essa rua fosse minha” com Roberto Carlos, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Jo�o Bosco, Renato Russo, Lulu Santos e Arnaldo Antunes. A iniciativa integrou projeto social para crian�as carentes, hom�nimo � can��o, idealizado pelo soci�logo Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997).
"ABC, ABC / Toda crian�a tem que ler e escrever"
Verso cantado por Pel� na campanha "Brasil em a��o", do Minist�rio da Educa��o (MEC)
O rei voltou aos est�dios 15 anos depois da campanha beneficente para gravar o LP autoral "Ginga", lan�ado somente no mercado europeu.
Tamb�m n�o se pode esquecer a campanha “Brasil em a��o”, do Minist�rio da Educa��o (MEC), que Pel� estrelou em 1997. A pe�a ainda � muito lembrada hoje pelos versos: “ABC, ABC / Toda crian�a tem que ler e escrever”, cantados pelo rei.
Partida de futebol contra nazistas
A incurs�o de Pel� pelo segmento art�stico n�o se limitou � m�sica. Ele fez diversas participa��es em s�ries de TV, filmes e novelas, tendo inclusive contracenado com Sylvester Stallone no longa “Fuga para Vit�ria” (1981), de John Huston (1906-1987). No filme, os dois jogam uma partida de futebol contra um time de nazistas.

A estreia de Pel� na dramaturgia, no entanto, foi muito anterior ao filme de Huston. Em 1969, ele fez uma participa��o na novela “Os estranhos”, da TV Excelsior, protagonizada por Regina Duarte e St�nio Garcia. Na trama, Pel� deu vida a Pl�nio Pompeu, um jornalista e escritor que vivia em um ilha onde desembarcaram seres extraterrestres que viviam em um planeta onde reinava a paz.
Em 1971, um ano ap�s ser tricampe�o mundial, Pel� foi convidado para participar do filme “O Bar�o Otelo no barato dos milh�es”, de Miguel Borges (1937-2013). Estrelado por Grande Otelo (1915-1993), o longa acompanhava a hist�ria de um homem simples (papel de Grande Otelo) que dividia a vida entre os empregos de frentista e gandula no Maracan�, onde conhece Pel� - que interpreta a si mesmo.
O Rei ainda integrou o elenco - estrelando ou fazendo pequenas participa��es - de filmes como “A marcha” (1972), de Oswaldo Sampaio (1912-1996); “A vit�ria do mais fraco” (1983), de Terrell Tannen; “Pedro Mico” (1985), de Ipojuca Pontes; “Os trapalh�es e o Reino do Futebol” (1986), de Carlos Manga (1928-2015); “Hot Shot” (1986), de Rick King (1963-2010); “Solid�o, uma linda hist�ria de amor” (1989), de Victor di Mello (1940-2011); e “Mike Bassett: O treinador ingl�s” (2001), de Steve Barron.
Na televis�o, fez participa��es nas novelas “O salvador da p�tria” e “O clone”, da Globo, e na s�rie italiana “Sfied”. Ainda estrelou campanhas publicit�rias internacionais, como a que fez para a Loto Sportif, em agosto de 1987, em Paris.