
Protagonismo feminino. � este o mote da miniss�rie brasileira “Olhar indiscreto”, que estreia na Netflix na madrugada deste s�bado (31/12) para domingo (1/1). A participa��o de mulheres n�o se resume � trama, encabe�ada por duas personagens, mas engloba tamb�m a equipe t�cnica.
A produ��o em 10 epis�dios foi criada e dirigida por mulheres. Marcela Citterio � a autora; Luciana Oliveira, a diretora geral. Fabrizia Pinto e Let�cia Veiga dirigiram os epis�dios. D�bora Nascimento e Emanuelle Ara�jo s�o as protagonistas.
Na hist�ria, D�bora Nascimento interpreta Miranda, uma hacker e voyeur que passa os dias dividindo-se entre a tela do computador e a janela – por meio de uma c�mera, espia os vizinhos. Sua principal “v�tima” � a prostituta Cl�o (Emanuelle), que faz malabarismos sexuais com os clientes – e a vizinha n�o perde um �ngulo.
As duas se tornam amigas – Cl�o n�o sabe que � observada. Um dia, ela pede que Miranda tome conta de seu cachorro, pois um programa a obrigar� a passar noites fora de casa. A hacker dever� tomar conta do animal no pr�prio apartamento da prostituta. Acaba por se envolver com dois homens do universo de Cl�o.
A narrativa se complica quando Cl�o n�o volta para casa, e Miranda se envolve em uma morte. A hacker tamb�m entra em um tri�ngulo amoroso e descobre que sua vida corre risco.
A��o
Este � o ponto de partida da hist�ria, boa parte da a��o que ocorre nos dois primeiros epis�dios, aos quais o Estado de Minas teve acesso. A intensa presen�a de profissionais mulheres � louv�vel. Por�m, “Olhar indiscreto” sofre com in�meros problemas.A come�ar pelo elenco. D�bora Nascimento n�o segura sua personagem. � linda, fotog�nica (e a c�mera explora todas as nuances do corpo da atriz), mas n�o traz nenhuma dimens�o ao drama da personagem.
O roteiro tampouco ajuda, com um monte de frases feitas e esquem�ticas que colocam na boca das personagens tudo o que o p�blico precisa saber sobre elas. Que hacker do mundo vai gravar sua pr�pria voz no celular dizendo: “Olhar, sem ser vista. Eu gosto de fazer assim. Desde que a Cl�o se mudou, assistir ficou ainda mais interessante”?
Pois s�o p�rolas como esta que Miranda registra dia ap�s dia no gravador de seu celular. O elenco masculino � ainda pior. A canastrice impera entre os dois int�rpretes que v�o se relacionar com a personagem de D�bora. O portugu�s �ngelo Rodrigues vive Heitor, um empres�rio perigoso que vai contratar Miranda para resolver o problema de vazamento de informa��es. A sugest�o veio de Fernando (Nikolas Antunes), seu cunhado e bra�o direito.
E tem o sexo, na verdade, o principal ingrediente da trama. Desde a explos�o de visualiza��es do infame longa-metragem polon�s “365 dias” (2020, com duas sequ�ncias lan�adas neste ano pela plataforma), a Netflix descobriu a for�a do sexo (como se isto fosse novidade). “Olhar indiscreto” tenta surfar nessa onda, com cenas bastante sensuais, mas n�o t�o expl�citas quanto �s dos filmes supracitados.
O estilo soft porn para as massas – do hoje pr�-hist�rico “9 ½ semanas de amor” (1986) at� a trilogia “Cinquenta tons de cinza” (2015-2018) – continua agradando, tanto que � esperado que a miniss�rie alcance o topo da audi�ncia logo nos primeiros dias de 2023.
E d�-lhe cenas de fantasias sexuais, rela��es sadomas�, vis�o de corpos bem torneados tanto masculinos quanto femininos. A s�rie for�a tanto a barra que, em dado momento, Miranda devora uma ma�� como se o mundo fosse acabar.
“OLHAR INDISCRETO”
• Miniss�rie em 10 epis�dios. Estreia � meia-noite de s�bado (31/12), na Netflix