Bento XVI elogiou os Beatles e foi personagem de filme

Embora naturalmente associado a uma figura religiosa e pol�tica, o papa em�rito Bento XVI, que morreu aos 95 anos neste s�bado (31/12), no Vaticano, tamb�m deixa um legado que transborda para a cultura - e inclui pol�micas e hist�rias curiosas.

Talvez seu maior impacto tenha sido a representa��o no cinema feita pelo brasileiro Fernando Meirelles em "Dois Papas", que chegou ao Oscar com o retrato imaginativo, mas com toques de realidade, da rela��o que o pont�fice tinha com o ent�o cardeal Jorge Mario Bergoglio, que o sucederia como Papa Francisco ap�s sua ren�ncia ao papado em 2013.

Deixando as telonas, o impacto do papa tamb�m � visto na m�sica, com pol�micas envolvendo os Beatles e Bob Dylan, na moda, com seus cl�ssicos sapatos vermelhos, e na literatura, com sua extensa lista de publica��es.

 

 

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No cinema

 

Bento XVI apareceu nas telonas no filme "Dois Papas", de 2019, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. A trama parte de imagina��es sobre a rela��o entre o pont�fice, interpretado por Anthony Hopkins, e o ent�o cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio -o atual Papa Francisco-, vivido por Jonathan Pryce, para tratar sobre quest�es da Igreja Cat�lica. O longa foi indicado a tr�s categorias do Oscar -melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro adaptado.

 

Na moda

 

O papa em�rito foi mencionado pela revista masculina Esquire como o "melhor portador de acess�rios" na lista que elencava os 23 homens mais bem-vestidos do mundo em 2017. O motivo foi a combina��o contrastante do h�bito papal branco com os sapatos de cor vermelho-rubi -chamados de m�leo, escolhidos pelo pr�prio pont�fice.

Apesar de serem abandonados quando ele renunciou ao cargo, a fama dos sapatos foi boa enquanto durou. Chegou-se a dizer, inclusive, que o item fashionista seria da marca Prada. A pr�pria revista Esquire corrigiu a informa��o ap�s uma esp�cie de bronca do Vaticano -resumindo, o Papa n�o veste Prada, mas Cristo", escreveram os porta-vozes da cidade-estado.

Segundo publicou a Reuters na �poca, os m�leos, na verdade, s�o de autoria de um sapateiro peruano chamado Antonio Arellano, que conquistou o direito de produzir os cal�ados do pont�fice.

 

Na m�sica

 

Uma das mais cl�ssicas frases de John Lennon foi dita em 1966, sobre sua percep��o de que os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo na �poca -compara��o feita para ilustrar o contraste entre o decl�nio do cristianismo e a ascens�o do rock. A resposta do Vaticano veio afiada. "Alguns assuntos n�o devem ser tratados de forma profana, nem mesmo no mundo dos beatniks", publicou o jornal oficial L'Osservatore na �poca.

Bento XVI at� tentou fazer as pazes usando o mesmo jornal para elogiar o grupo em 2010, quando o fim da banda completou quatro d�cadas. "� verdade, eles usavam drogas e se deixavam levar pelo sucesso", dizia o texto. "Eles at� chegaram a dizer que eram mais populares que Jesus. Mas, ouvindo suas m�sicas, tudo isso parece distante e insignificante", prossegue.

O baterista do grupo ingl�s, Ringo Starr, no entanto, n�o engoliu os elogios. "O Vaticano n�o disse que n�s �ramos sat�nicos ou algo assim? E mesmo assim nos perdoaram? Eu acho que eles t�m coisas mais importantes a dizer al�m dos Beatles", disse em entrevista.

As rusgas n�o apareceram s� com os Beatles -sobrou tamb�m para Bob Dylan. Em seu livro "John Paul II, My Beloved Predecessor" [Jo�o Paulo 2º, meu querido antecessor, em tradu��o livre], Bento XVI disse que enxergava o m�sico como um "tipo de profeta" e que n�o sabia se concordava com a mensagem do artista.

Na literatura O papa em�rito tamb�m se aventurou pelo mundo da literatura -especialmente com seus textos teol�gicos. Ratzinger deixou mais de seis dezenas de publica��es. Entre elas, a s�rie de livros "Jesus de Nazar�", de 2007, que fala sobre a vida e os ensinamentos da figura, foi um dos destaques de sua biografia.