O Vaticano anunciou que o papa Francisco presidir� o funeral, previsto para quinta-feira (5/1). Ser� a primeira vez na hist�ria da Igreja Cat�lica que um papa em exerc�cio enterrar� outro papa.
A assessoria de imprensa da Santa S� informou ainda que o corpo do Papa em�rito ser� sepultado em uma cripta na Bas�lica de S�o Pedro.
"O caix�o do soberano pont�fice em�rito ser� levado para a Bas�lica de S�o Pedro e depois para as grutas do Vaticano [que abrigam os t�mulos dos papas] para ser enterrado l�", disse o comunicado.
"Com pesar informo que o Papa Em�rito Bento XVI faleceu hoje �s 9,34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que poss�vel, ser�o enviadas novas informa��es", disse o diretor do servi�o de imprensa da Santa S�, Matteo Bruni, em um comunicado.
Pouco antes das 11h locais (7h em Bras�lia), os sinos da bas�lica tocaram pela morte do ex-papa, enquanto centenas de pessoas foram � pra�a para recordar a figura de Joseph Ratzinger, um refinado te�logo ultraconservador que escolheu o nome de Bento XVI depois de ter sido nomeado chefe da Igreja Cat�lica, em 2005.
Sua sa�de se deteriorou nos �ltimos dias, embora o Vaticano tenha dito, na sexta-feira (30/12), que ele se encontrava em condi��o "est�vel" e que havia participado, na v�spera, de uma missa celebrada em seu quarto no mosteiro vaticano.
Fim da coexist�ncia de "dois papas"
Sua morte p�e fim � inusitada coexist�ncia de dois papas, ambos de batina branca: o alem�o Ratzinger, um brilhante te�logo ultraconservador e pouco popular entre as multid�es; e o argentino Jorge Bergoglio, um jesu�ta que quis construir um papado dedicado aos pobres e aos migrantes.
Na quarta-feira (28/12), durante a audi�ncia geral, Francisco pediu ora��es pela sa�de de seu antecessor, que estava "muito doente" e a quem foi visitar em seu quarto.
Ratzinger, o primeiro papa alem�o da era moderna, substituiu em 2005 o carism�tico Jo�o Paulo II, de quem havia sido bra�o direito por um quarto de s�culo como chefe da Congrega��o para a Doutrina da F�, o antigo Santo Of�cio da Inquisi��o.
Seu pontificado de oito anos foi marcado por esc�ndalos e intrigas dentro da Igreja.
Depois de renunciar, Bento XVI prometeu manter uma aposentadoria absoluta, sem fazer sombra a seu sucessor, o papa Francisco.
Esteve, no entanto, envolvido - em alguns casos, involuntariamente, segundo observadores - nas campanhas dos setores ultraconservadores que veem com maus olhos as aberturas do pont�fice argentino no campo social.
E, no in�cio de 2022, foi atingido por acusa��es de que teria acobertado quatro casos de pedofilia quando era arcebispo de Munique, entre 1977 e 1981.
Diante da press�o do informe alem�o que o acusava de neglig�ncia na gest�o desses casos de pedofilia, ele quebrou seu sil�ncio para pedir "perd�o" e manifestar sua "profunda" vergonha.
"Em breve, enfrentarei o juiz definitivo da minha vida. Embora, olhando para tr�s em minha longa vida possa ter muitos motivos de temor e medo, tenho um estado de esp�rito alegre, porque acredito, firmemente, em que o Senhor n�o � apenas o juiz justo, mas tamb�m o amigo e irm�o que j� sofreu minhas car�ncias e �, portanto, como juiz, ao mesmo tempo meu advogado", afirmou.
Rea��es
O chanceler alem�o, Olaf Scholz, reagiu � not�cias, afirmando que, com o falecimento de Bento XVI, o mundo perde "uma figura not�vel", que se caracterizou por sua "personalidade combativa".
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, declarou que Ratzinger trabalhou "por um mundo mais fraterno", enquanto o primeiro-ministro brit�nico, Rishi Sunak, declarou-se "triste" pela morte de um "grande te�logo".
J� o presidente russo, Vladimir Putin, saudou a mem�ria de um "defensor dos valores tradicionais crist�os", dos quais disse ser, igualmente, ap�stolo.
"Bento XVI foi uma eminente figura religiosa e de Estado, um defensor convicto dos valores tradicionais crist�o", escreveu Putin em uma mensagem de condol�ncias ao papa Francisco, transmitida pelo Kremlin.
"Eu sempre terei boas lembran�as dele", acrescentou.
Na mesma linha, o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, descreveu Bento XVI como um "eminente te�logo" e um defensor dos "valores tradicionais".
"A autoridade incontest�vel de Bento XVI como eminente te�logo permitiu-lhe contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento da coopera��o intercrist�, para o testemunho de Cristo ante um mundo secularizado e para a defesa dos valores morais tradicionais", disse o patriarca em um comunicado.
O arcebispo de Canterbury, chefe espiritual da Igreja anglicana, descreveu o papa em�rito como "um dos maiores te�logos de seu tempo".
"O papa Bento XVI foi um dos maiores te�logos do seu tempo, apegado � f� da Igreja e fiel � sua defesa. Em tudo, e especialmente em seus escritos e prega��es, olhava para Jesus Cristo, imagem do Deus invis�vel. Cristo era, claramente, a raiz de seu pensamento e o fundamento de sua ora��o", disse o arcebispo Justin Welby, em um comunicado.
Nas palavras do presidente do governo espanhol, Pedro S�nchez, Bento XVI foi um "um grande te�logo dedicado ao servi�o do pr�ximo, da justi�a e da paz".
"Minhas mais sentidas condol�ncias � Igreja Cat�lica pelo falecimento de Sua Santidade Bento XVI", tuitou S�nchez.
O secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, elogiou o papa em�rito por seu "compromisso com a n�o-viol�ncia e a paz".
"Ofere�o minhas mais profundas condol�ncias aos cat�licos e �queles, no mundo, que se sentiram inspirados por sua vida de ora��o e seu firme compromisso com a n�o-viol�ncia e a paz", disse Guterres em uma nota.
Para a chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, o ex-pont�fice foi "um gigante da F� e da Raz�o", assim como "um grande homem da Hist�ria que a Hist�ria n�o esquecer�".