Fernando Leporace, baixista que faz hist�ria na MPB, lan�a disco solo
Carioca 'ajudou' a can��o 'Margarida' derrotar 'Travessia' no FIC, gravou com meio mundo da MPB e foi uma esp�cie de 's�cio honor�rio' do Clube da Esquina
O baixista Fernando Leporace, que tocou com meio mundo da MPB, iniciou sua carreira nos anos 1960
S�rgio Brand�o/Facebook
"Eu estava com o Manifesto no Maracan�zinho quando 'Margarida' venceu o FIC. At� brincava dizendo: esta a�, a gente tem de pedir desculpas por ter ganhado de 'Travessia', que ficou em segundo lugar"
Fernando Leporace, m�sico
Fernando Leporace, de 75 anos, fez de tudo um pouco na MPB. Participante do Grupo Manifesto, ele “ajudou” a m�sica “Margarida” derrotar “Travessia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, no Festival Internacional da Can��o, em 1967. Tempos depois, gravaria o baixo em “Norwegian Wood”, na vers�o de Milton para o cl�ssico dos Beatles. Comp�s a melodia de “Embriagador”, que deu a Leny Andrade o pr�mio de melhor cantora no festival MPB Shell em 1980. Em 1973, participou do disco cult de Toninho Horta, Novelli, Beto Guedes e Danilo Caymmi.
O carioca n�o chegou a fazer parte do Clube da Esquina, mas quase... Com tamanho curr�culo, ele lan�a agora o disco “Fernando Leporace”, com 11 faixas – 10 dele e a outra do pai, Sebasti�o. Fernando, ali�s, faz parte do respeitado cl� musical no qual surgiram tamb�m as cantoras Marianna e Gracinha Leporace, essa �ltima mulher de S�rgio Mendes.
“O novo �lbum traz m�sicas que eu vinha juntando. Tem coisas que fiz j� h� algum tempo e outras mais recentes. H� parcerias com Joyce Moreno, Abel Silva, Nelson Wellington, Alberto Chimelli e meu filho Antonio Leporace”, conta Fernando.
Samba e bolero
“Nem telefonei” � o nome do samba composto pelo patriarca. “Tarde dos sabi�s”, com letra de Abel Silva, havia sido lan�ada no disco de Fernando com Maur�cio Gueiros, de 1986. “Regravei agora, com piano e voz. O resto das can��es � in�dita”, diz Fernando. “A primeira faixa � um bolero, 'Acontece com quem ama', outra parceria com Abel.”
Na verdade, o bolero est� acompanhado da nova vers�o de “Embriagador”, que, al�m de premiar Leny Andrade no MPB Shell, deu o trof�u de melhor arranjo para Dori Caymmi.
“O novo �lbum est� nas plataformas e espero faz�-lo tamb�m no formato f�sico. Vou arrecadar algum dinheiro com parte da venda do disco virtual para mandar fazer o CD”, diz.
O �lbum traz a participa��o de D�lcio Carvalho, destaca Leporace, citando tamb�m “Foi fantasia”, letra dele para a melodia composta pelo pianista Alberto Chimelli. “Um misto de temas in�ditos” – � assim que Fernando define seu novo projeto.
Pianista, compositor e arranjador, o carioca participou de discos de muita gente como contrabaixista. “�lbuns solos meus n�o foram tantos”, comenta.
A carreira dele come�ou nos anos 1960 com o Grupo Manifesto, com o qual gravou dois elep�s. A banda reunia, entre outros, os jovens Gracinha Leporace, Gutemberg Guarabyra, Lucina, Guto Gra�a Melo e Mariozinho Rocha, que depois se tornaria diretor musical da TV Globo.
“Eu estava com o Manifesto no Maracan�zinho quando ‘Margarida’ venceu o FIC. At� brincava dizendo: esta a�, a gente tem de pedir desculpas por ter ganhado de ‘Travessia’, que ficou em segundo lugar. Mas o povo gostou muito da m�sica e ela acabou vencendo”, diz. A terceira colocada foi “Carolina”, de Chico Buarque.
Fernando Leporace (ao centro) com o grupo Vox Populi nos anos 1970
Facebook/reprodu��o
Leporace integrou o Manifesto de 1967 at� meados de 1968, quando o grupo acabou. Em 1969, foi para o M�xico com a banda Vox Populi. “Foi um dos meus primeiros trabalhos como baixista”, relembra.
Quando a banda chegou ao fim, Leporace passou a morar em Los Angeles, onde se apresentava com Chico Batera – instrumentista respeitado, atualmente percussionista de Chico Buarque na turn� “Que tal um samba?”.
No Manifesto, Fernando compunha ao viol�o e tocava piano. “Nunca havia tocado baixo profissionalmente. Quando voltei de Los Angeles, comecei a trabalhar bastante como baixista. O primeiro disco que fiz tocando o instrumento foi o 'Passado, presente e futuro', de S�, Rodrix e Guarabyra, lan�ado em 1972.”
Foi Gutemberg Guarabyra – ali�s, o autor da “Margarida” que derrotou “Travessia” – quem convidou Leporace para participar do �lbum do trio pioneiro do rock rural.
“Depois, comecei a trabalhar com Edu Lobo, Nana Caymmi, Gal Costa, Joyce Moreno, Caetano Veloso, F�tima Guedes e Ivan Lins, entre tantos outros. O Edu at� gravou uma instrumental minha chamada ‘Camale�o’”, diz ele, orgulhoso. Esta faixa, ali�s, batizou o disco de Edu lan�ado em 1978.
Amigo dos mineiros
Na d�cada de 1970, Fernando se enturmou com os mineiros do Clube da Esquina, sobretudo Nelson Angelo e Toninho Horta, que viviam no Rio de Janeiro.
“Chegamos at� a formar um grupo. N�o um grupo fixo, a gente se encontrava para tocar. Resolvemos fazer apresenta��es ao vivo – �ramos eu, Toninho Horta, Nelson Angelo, Danilo Caymmi e o baterista Rubinho, de BH.”
A partir dali, Fernando fez participa��es em discos de Milton Nascimento, entre outros “clubistas”. “�s vezes, eu aparecia nas grava��es da turma do Clube e acabava gravando algumas coisas. H� uma grava��o do Toninho Horta de ‘Manuel, o audaz’ s� com ele na guitarra. Fiz vocal l�, algo improvisado.”
No disco lan�ado por Beto Guedes, Toninho Horta, Novelli e Danilo Caymmi em 1973, pela Odeon, Leporace s� n�o tocou nas m�sicas de Beto.
“Quem produziu foi o Nelson Angelo. Era legal, porque a turma se encontrava nas casas para tocar. Conheci muita coisa do Clube que ainda estava sendo feita, inclusive pelo pr�prio Bituca”, revela Fernando Leporace.
Fernando Leporace toca viol�o na capa de seu disco
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